domingo, 17 de novembro de 2013

A Expiação, Ressurreição e Ascensão do Messias Yeshua [Jesus]

“Mas agora, à parte da Torah [Ensino, Lei, Pentateuco], o jeito de Deus de tornar as pessoas justas à sua vista foi esclarecido – ainda que a Torah e os Profetas também testemunhem a respeito dele –: trata-se da justiça que procede de Deus, mediante a fidelidade de Yeshua, o Messias, para todos os que confiam. Não há diferença se alguém é judeu ou gentio, porque todos pecaram e não são capazes de merecer o louvor de Deus. Mediante a graça divina, sem merecê-la, todos recebem a condição de serem considerados justos diante dele, por meio do ato que nos redime de nossa escravização ao pecado, realizado pelo Messias Yeshua. Deus ofereceu Yeshua como kapparah [satisfação, expiação, propiciação] pelo pecado, mediante sua fidelidade no tocante ao sangue da sua morte sacrificial. Isto vindicou a justiça de Deus; porque, em sua tolerância, não havia passado por cima [sem punir nem redimir] os pecados que as pessoas cometeram no passado; e ela vindica sua justiça na era presente ao demonstrar que ele é justo e também aquele que torna pessoas justas por causa da fidelidade de Yeshua.”
(Romanos 3.21-26 BJC [Bíblia Judaica Completa])

            Podemos definir como expiação a obra realizada por Yeshua em sua vida e morte para obter nossa salvação. Para compreendermos esta obra, precisamos nos lembrar de duas características de Deus inseparáveis: Seu amor e Sua justiça.
            É inegável o amor de nosso Deus por nós. João 3.16 diz que foi devido ao grande amor de Deus que este enviou Yeshua. Romanos 5.8 diz que este amor fez com que Yeshua viesse morrer em nosso lugar, sendo nós ainda pecadores. Mas foi a justiça de Deus que requereu a vinda de Yeshua. Devido a esta justiça, estávamos mortos pelos nossos pecados (Ef 2.1), mortos não apenas como impossibilitados de nos livrar da situação de pecadores, mas também condenados devido ao pecado que praticamos (Rm 6.23).
            Se devido o amor para conosco Deus ignorasse nosso pecado, Ele não seria melhor que juízes corruptos que inocentam os réus tendo em vista aquilo que recebeu.
            Quando penso no amor e na justiça de Deus em ação lembro-me de uma parábola:

“Era uma vez um rei que era forte, corajoso e tinha todas as outras boas qualidades. Ele governava seu país com justiça, amava seu povo e era amado por ele. Por essa razão, não havia crime em seu reinado - até que, um dia, descobriu-se que havia um ladrão solto na terra.
Sabendo que a conduta criminosa se multiplicaria, a menos que tomasse posição firme contra ela, o rei decretou que, quando pego, o ladrão receberia vinte chicotadas. Contudo, os roubos continuaram. Ele aumentou o castigo para quarenta chicotadas, na esperança de evitar outros crimes, mas foi em vão. Finalmente, ele anunciou que o criminoso seria castigado com sessenta chicotadas, sabendo que ninguém no país poderia sobreviver às sessenta chi­cotadas, exceto ele. No final, o ladrão foi pego: era a mãe do rei.
O rei viu-se diante de um dilema. Ele amava sua mãe mais do que qualquer pessoa no mundo, mas a justiça exigia que o castigo fosse cumprido. Além disso, se seus súditos vissem que era possível cometer um crime e não ser castigado por ele, a ordem social, no final, estaria completamente destruída. Ao mesmo tempo, ele sabia que, se tivesse de sujeitar sua própria mãe a um castigo que iria matá-la, o amor do povo se converteria em revolta e ódio para com um homem sem compaixão e afeto comum, e ele seria incapaz de governar. Toda a nação se perguntava o que ele iria fazer.
Chegou o dia de aplicar o castigo imposto. O rei montou uma plataforma na praça central da capital, e o açoitador do rei assumiu seu lugar. Então, a mãe do rei, frágil e tremula, foi apresentada. Ao ver seu filho, o rei, ela desabou a chorar. "Estou... tão arrependida... do que fiz!", ela lamentou, entre soluços. Então, recompondo-se, a mulher arqueada e de cabelos brancos seguiu em direção ao chicote.
As pessoas levaram um susto quando o açoitador levantou seu braço musculoso com o chicote de couro na mão. Assim que o chicote estava prestes a descer com força sobre as costas expostas da mulher que havia dado à luz o rei, o rei gritou: "Pare!" O braço ficou suspenso no ar e o chicote veio abaixo sem força. O rei levantou-se de seu assento, tirou seu manto, andou em direção ao chicote, abraçou a mãe e, com seu corpo protegendo a mãe e com as costas expostas para o açoitador, ordenou-lhe: “Execute a sentença!" As sessenta chicotadas foram dadas nas costas do rei.”.

            Quando nosso Deus nos viu pecadores, a sua justiça decretou sobre nós a nossa culpa, e junto com a mesma veio a sentença: a morte (Gn 2.16 e 17), sendo esta não a morte física, mas o afastamento completo da presença de Deus. Ao mesmo tempo em que sua justiça nos condenava, o amor de Deus fez com que Ele decidisse pagar esta pena em nosso lugar.  
            Esta obra pode ser descrita em dois aspectos.
            O primeiro deles refere-se ao sofrimento de Yeshua por nós, chamado de obediência passiva. Neste podemos entender que “Deus fez desse homem sem pecado a oferta pelo pecado – a nosso favor –, para que unidos a ele possamos participar de forma plena da justiça de Deus.” (2 Coríntios 5.21 BJC). Ao morrer na estaca de execução, Yeshua estava levando sobre si todos os nossos pecados, estava assumindo a culpa por cada um deles mesmo não tendo cometido nenhum. E tendo assumido esta culpa, ele se sujeitou a ira de Deus. Este é o sentido da propiciação, um sacrifício que recebe a ira de Deus até o fim e, uma vez realizado, muda a ira de Deus para conosco em favor.
            Se a expiação promovida por Yeshua apenas tivesse este aspecto, após a mesma seriamos como Adão e Eva logo após a sua criação, sem pecado, porém tendo a comunhão com Deus assegurada para sempre após a obediência perfeita durante certo período de tempo. E é aí que entra o segundo aspecto da expiação: Yeshua viveu uma vida de obediência perfeita a fim de obter retidão para nós, a obediência ativa. “Em outras palavras: da mesma forma que por meio de uma ofensa todas as pessoas incorreram na condenação, também é por meio de um ato de justiça que todas as pessoas são consideradas justas. Também se, por meio da desobediência de um homem, muitos foram feitos pecadores, da mesma forma, por meio da obediência de outro homem, muitos foram feitos justos.” (Romanos 5.18 e 19 BJC).
            É por isto que classificamos a expiação como obra realizada por Yeshua em sua vida e morte. Ele viveu uma vida de obediência perfeita que será atribuída a nós e em sua morte levou nossos pecados sobre si. Por isto que Sha’ul [Paulo] diz: “Porque vocês foram libertados pela graça, por meio da confiança, e mesmo esta não é sua realização, mas um presente de Deus. Vocês não foram libertos por suas ações; portanto, não têm de que se gloriar.” (Efésios 2.8 e 9 BJC).
            E ao morrer Yeshua declara: “Está consumado!” (Jo 19.30), ou seja, tudo foi concluído. E embora tenha sido um penoso trabalho, Yesha’yahu [Isaías] declara que ele ficou satisfeito com este (Is 53.11). O trabalho é de Yeshua, a obra é dele, nosso papel é confiar, ter fé e se posicionar debaixo de tão maravilhosa obra redentora.
            Após sua morte, sabemos que Ele ressuscitou.

“Contudo, as palavras ‘creditadas em sua conta’ não foram escritas apenas para ele. Elas foram escritas também para nós, que com certeza temos a conta creditada, porque confiamos naquele que ressuscitou Yeshua, nosso Senhor, dentre os mortos – Yeshua, que foi entregue à morte por causa de nossas ofensas e ressuscitado à vida a fim de nos tornar justos.”
(Romanos 4.23-25 BJC)

            Na ressurreição Deus estava dizendo ao Messias: “Eu aprovo o que você fez e você encontra agora favor aos meus olhos.”. Se Yeshua tivesse permanecido naquele túmulo, poderíamos duvidar se a obra realizada realmente era divina e se foi aceita. Mas sua ressurreição nos assegura que tudo o que foi feito era verdadeiramente a vontade do Pai (Lc 22.42), e quando declara: “Está consumado!” nos assegura que mais uma vez a vontade de nosso Deus prevaleceu.
            Mais do que isto, sua ressurreição nos garante que Deus nos ressuscitará, pois Yeshua é as primícias entre os mortos (I Co 15.20), ou seja, o primeiro que foi ressuscitado, e após ele seremos todos nós (I Co 6.14, 2 Co 4.14). Ressuscitados com corpos glorificados (I Co 15.50-54) para estarmos na presença de Deus eternamente.
            Hoje Yeshua se encontra nos céus, à destra de Deus (Mc 16.19). Yochanan [João] nos ensina: “Meus filhos, escrevo-lhes estas coisas para que vocês não pequem. Se, porém, alguém pecar, temos Yeshua, o Messias, o Tzaddik [pessoa justa], que intercede por nossa causa junto ao Pai. Ele é também a kapparah pelos nossos pecados – e não apenas pelos nossos, mas também pelos do mundo todo.” (1 Yochanan [1 João] 2.1 e 2 BJC).
            Deste modo, se aceitarmos o sacrifício vicário de Yeshua, e com base nesta fé nos posicionarmos, teremos não apenas o perdão pelos nossos pecados, mas a atribuição de toda obediência praticada por ele em sua vida terrena. Junto de tudo isto, a garantia de ressuscitarmos com Ele para vivermos diante de Deus para todo sempre.

            Nosso Senhor, nosso Messias, nosso único Intercessor junto ao Pai, Yeshua.