domingo, 30 de outubro de 2016

A mesa de Pessach [Páscoa] e a B’rit-Milah [Circuncisão]

“ADONAI disse a Mosheh [Moisés] e Aharon [Arão]: ‘Este é o regulamento acerca do cordeiro de Pessach [Páscoa]: nenhum estrangeiro deve comê-lo. No entanto, se alguém possui um escravo comprado com dinheiro, quando vocês o circuncidarem, ele poderá comer. Nem um viajante nem um servo contratado poderão comê-lo. Ele deve ser comido em uma casa. Vocês não devem levar nenhuma parte da carne para o lado de fora da casa, e não quebrem nenhum de seus ossos. Toda a comunidade de Yisra’el [Israel] deve guardar este regulamento. Se um estrangeiro que estiver com vocês desejar guardar a [festa de] Pessach de ADONAI, todos os seus homens deverão circuncidar-se. Assim, poderá tomar parte e guardá-la; ele será considerado um natural da terra. No entanto, nenhum incircunciso deve comê-lo. O mesmo ensino aplica-se de maneira idêntica ao natural e ao estrangeiro que vive entre vocês’. ”
(Sh’mot [Êxodo] 12.43 a 49 BJC [Bíblia Judaica Completa])

            Nesta mensagem quero falar sobre dois elementos da religião judaica: a mesa de Pessach e a b’rit-milah. É sempre difícil falar abertamente sobre a cultura e a religião judaicas, pois corremos o risco de ser mal interpretados. Isto ocorre devido ao número crescente de pessoas que buscam rituais religiosos, no lugar de uma verdadeira vida com Deus. Deste modo, antes mesmo de iniciarmos o estudo da passagem transcrita acima, quero deixar bem claro que não quero defender nem atacar aqueles que praticam a circuncisão. Antes, desejo ir a fundo no texto bíblico buscando o verdadeiro sentido desta prática.
            O texto que lemos acima é um dos inúmeros relatos entregues pelo Eterno a Mosheh [Moisés] a respeito de Pessach. Neste, ao invés de observar os sacrifícios ou o próprio Sêder [jantar de Pessach], o Senhor fala a respeito daqueles que se sentarão à mesa. Participar de Pessach implicava comer do cordeiro. E desde este fato, a simbologia começa a fazer sentido.
            Yochanan [João], ao ver Yeshua [Jesus], antes de imergi-lo [batizá-lo] diz: “Vejam! O Cordeiro de Deus! Aquele que tira o pecado do mundo! ” (Yochanan 1.29 BJC). Além disto, o texto que lemos indica que os ossos do cordeiro não poderiam ser quebrados, e Yeshua também não teve seus ossos quebrados durante seu sacrifício (Jo 19.33). Assim o cordeiro é o próprio Yeshua e assim, participar do Sêder de Pessach significa comer do próprio Yeshua, e, mesmo que isto soe um pouco estranho, foi ele mesmo quem falou enquanto ensinava na sinagoga de K’far-Nachum [Cafarnaum]: “Sim, eu lhes digo: a menos que comam a carne do Filho do Homem e bebam seu sangue, vocês não têm vida em si mesmos. Quem come minha carne e bebe meu sangue possui vida eterna – isto é, eu o ressuscitarei no último dia. Porque minha carne é verdadeira comida, e meu sangue, verdadeira bebida. Quem come minha carne e bebe meu sangue vive em mim, e eu vivo nele. Da mesma forma que o Pai vivo me enviou, e eu vivo pelo Pai, quem se alimenta de mim viverá por mim. ” (Yochanan 6.53 a 57 BJC).
            Deste modo, o mandamento que ADONAI passou através de Mosheh a toda comunidade de Yisra’el [Israel], e consequentemente a todo aquele que deseja uma vida na presença do Pai, para que todos guardem Pessach, é entendido hoje como participar de Yeshua e tê-lo participando de nós. Isto não é um absurdo se entendermos que durante a digestão do alimento que ingerimos, este se torna parte do nosso corpo, como dizem por aí: “Você é aquilo que come”. Aquilo que ingeri, é digerido em meu sistema digestório e o que é útil ao meu corpo é jogado na corrente sanguínea para que seja levado e aproveitado por cada órgão. O que comi passa a fazer parte de mim.
            Mas a mesa de Pessach não é para qualquer um. E o Senhor é incisivo com Mosheh a este respeito.
            O primeiro grupo a respeito do qual lemos que não tem permissão de participar desta mesa é formado pelos estrangeiros. Muitas conclusões erradas são feitas a partir destes versículos tanto pelos opositores dos judeus como pelos próprios judeus, que ao ler versículos isolados acreditam que aqueles que não fazem parte do povo não podem comer deste cordeiro. Porém não é isto que o texto inteiro diz. No versículo 48 lido por nós no início, o Senhor indica que aqueles que desejam participar desta refeição solene tem este privilégio, mas antes precisam passar pela b’rit-milah, e que depois da mesma seriam considerados naturais da terra, ou seja parte do povo de Deus. Deixarei para falar deste elemento mais para frente, mas o que podemos perceber aqui é que Deus convidou a todos a esta mesa, mas não podemos participar de qualquer jeito. Assim sendo tal regulamento não é exclusivismo, ou seja, um grupo de pessoas que deixam sistematicamente outros de lado, mas um convite a um compromisso real, e este aspecto faltava no grupo dos estrangeiros.
            Naquela época era comum as migrações por diversos aspectos, guerra e seca são alguns exemplos. Assim, o povo judeu que estava indo para sua terra deveria permanecer na mesma, confiando em Deus, não importa o que enfrentassem. Mas receberiam muitos estrangeiros que enquanto as condições lhes fossem favoráveis estariam vivendo entre o povo, mas quando estas mudassem, não hesitariam em mudar-se novamente.
            Portanto, tirar os estrangeiros da mesa não é uma atitude de preconceito ou sentimento de superioridade, mas um real alerta mostrando que ter Yeshua em nossa vida não é algo momentâneo, é para sempre ou nunca. Não é enquanto meus interesses forem atingidos, mas uma decisão para toda a minha vida.
            Um segundo grupo que fica de fora da mesa de Pessach são os servos contratados. Em muitos aspectos este grupo se assemelha ao primeiro, mas vejo algumas diferenças muito pertinentes. Reparem em primeiro lugar que o texto bíblico faz uma distinção entre o escravo comprado com dinheiro e o servo contratado. O primeiro deveria ser circuncidado e passaria a pertencer ao povo, independentemente de sua condição social. O segundo não. Percebo neste grupo aquelas pessoas que estavam no meio do povo pelo dinheiro. Provavelmente não possuíam vinculo algum com o povo, e nenhum envolvimento com o mesmo, o importante é que ao final do período recebessem a quantia acertada.
            Na mesa de Yeshua hoje, muito servos assalariados procuram seu lugar. Evidentemente não estou falando literalmente, mas figuradamente. O assalariado é aquele que não possui vínculo com o povo de Deus. Procuram o seu salário, a sua benção. É mais do que o estrangeiro que vive entre o povo para desfrutar daquilo que Deus deu a todos, é aquele que se excluí de tudo e busca sua parte no final. Vejo que para o estrangeiro existe a opção de fazer parte do povo, mas para este grupo tal oferta não existe. A cura vem para muitas pessoas e muitos são alcançados com os milagres de Deus. Mas a presença do Senhor não vem junto com a cura, e não é representada pelo milagre. Muitos foram curados por Jesus, mas somente doze andaram diariamente com ele.
            O cordeiro não é para membros destes dois grupos. O cordeiro é para os circuncisos. Mas, afinal, o que é a circuncisão?
            É a remoção cirúrgica do prepúcio, uma operação equivalente a operação da fimose. Uma prática comum entre árabes e judeus como descendentes de Avraham [Abraão], estabelecida pelo próprio Deus, conforme registrado por Mosheh:

“Deus disse a Avraham: ‘Quanto a você, guarde minha aliança, você e seus descendentes depois de você, geração após geração. Esta é a minha aliança, que vocês devem guardar, entre mim e vocês, com seus descendentes depois de você: todo homem entre vocês deve ser circuncidado. Vocês devem ser circuncidados na carne de seu prepúcio; este será o sinal da aliança entre mim e vocês. Geração após geração, todo bebê do sexo masculino entre vocês com 8 dias de vida deve ser circuncidado, incluindo os escravos nascidos em sua casa e os comprados do estrangeiro, que não descendem de vocês. O escravo nascido em sua casa e o adquirido com seu dinheiro devem ser circuncidados; assim, minha aliança estará em sua carne como uma aliança eterna. Todo homem não circuncidado, que não deixar circuncidar a carne de seu prepúcio – esse será eliminado de seu povo, pois quebrou minha aliança’. ”
(B’reshit [Gênesis] 17.9 a 14 BJC)

            A circuncisão como sinal da aliança entre Deus e os descendentes de Avraham iniciou-se nesta ocasião e hoje é chamada pelos judeus de b’rit-milah, ou seja, pacto da circuncisão. No capítulo 17 de B’reshit [Gênesis], de onde extrai os versículos acima, Deus prometeu que faria tudo, e isto é um sinal da graça de Deus, onde Ele age em nós sem esperar nada em troca. Como um sinal de que aceitou e confiou em tais promessas, Avraham circuncidou-se e a todos os seus, e neste pacto existem alguns aspectos muito importante de serem destacados:

1)    A responsabilidade é do homem: Avraham decidiu que se circuncidaria, ele não foi forçado a isto.
Ninguém pode ser forçado a estabelecer um pacto com Deus. Ou você decide por tal aliança, ou estará fora da mesma. Não dá para alguém estabelece-la por você. Deste modo, ninguém possui uma aliança com Deus devido a sua família, ou líder religioso, ou qualquer outro motivo. Tudo é entre você e Deus.
Da mesma forma, tal aliança é praticada no seu dia a dia, não em ocasiões especiais. O cordeiro precisava ser comido dentro das casas, e não poderia ser tirado das mesmas. Assim, sua aliança com Deus começa dentro de seu lar, no convívio diário com os seus, na sua casa, não em templos.

2)    Demonstra a fé na Palavra de Deus: Avraham realizou a circuncisão porque confiou naquilo que o Senhor prometeu a Ele.
Deste modo a circuncisão não é o meio pelo qual alcançaremos as bênçãos do Senhor, mas uma prova da confiança que temos na Palavra de um Deus fiel. E esta fidelidade não é manifestada através daquilo que ele operará em nós, mas naquilo que já foi feito por Yeshua.

3)    Identificação com o povo de Deus: A circuncisão era o sinal na carne da aliança com Deus.
Certa vez, em uma sala de teologia, eu ensinava que, em Atos 16, Sha’ul [Paulo] circuncidou o jovem judeu Timóteo, quando este último manifestou seu desejo de acompanhar o apóstolo, para não escandalizar os judeus que viviam naquela área. Naquele instante um aluno me questionou como é que os judeus saberiam que Timóteo não era circuncidado. Tal pergunta me levou a pensar. Provavelmente a maioria das pessoas não veria a circuncisão de Timóteo.
Mais para frente na história da humanidade, existem relatos que, durante a 2ª Guerra Mundial, na grande perseguição sofrida pelos judeus nas mãos dos nazistas, muitos homens foram reconhecidos como judeus durante exames médicos onde sua circuncisão ficava aparente.
Deste modo podemos concluir que a maior parte das pessoas não irão nem notar a aliança que temos com Deus, mas tal aliança deve me tornar uma pessoa diferente. E esta diferença poderá se tornar visível para aqueles que se atentarem aos detalhes sua minha vida.

4)    Nos afasta das impurezas: estudos comprovam que a circuncisão evita o acumulo de sujeira e é comprovado que a incidência de doenças sexualmente transmissíveis em circuncidados é menor.
Espiritualmente, nossa aliança com Deus nos mantém afastados do pecado. Ela não nos impede de pecar, mas deixamos de pecar por conta de nossa aliança com Deus.

5)    As outras pessoas nem sempre entenderão: Tzipporah [Zípora], a esposa de Mosheh, o chamou de esposo sanguinário (Ex 4.25) após a circuncisão de seus filhos.
Após a cerimônia de circuncisão de meu filho, minha esposa passou a orar a Deus para que não tivesse outro menino de tão impactante tão experiência foi para ela.
Talvez o mesmo ocorra com você. Nem todas as pessoas entenderão sua aliança com o Eterno. E elas não precisam entender. Você será chamado de estranho, de exagerado, talvez até de radical, mas independentemente disso sua aliança é com Deus, não com o homem.

            Somente uma pessoa circuncidada poderá participar da mesa do cordeiro. Mas, da mesma forma que comentei no início desta mensagem, não estou defendendo a circuncisão física. Você não precisa procurar um mohel [aquele que realiza a circuncisão] ou um médico para realizar tal cirurgia, afinal Sha’ul já nos disse:

“Porque a circuncisão tem valor se vocês se você fizer o que a Torah [Lei] diz. Entretanto, se você for um transgressor da Torah, sua circuncisão torna-se incircuncisão! Portanto, se um homem incircunciso guarda as exigências justas da Torah, não será sua incircuncisão considerada circuncisão? Na verdade, o homem fisicamente incircunciso que obedece à Torah condenará você, que, apesar de ter passado pela b’rit-milah e ter a Torah escrita, transgride a Torah! Porque o judeu de verdade não é apenas o exteriormente judeu; a circuncisão não é apenas exterior e física. Ao contrário, o judeu de verdade é quem o é interiormente; e a verdadeira circuncisão é a do coração, espiritual, não literal; para que seu louvor não proceda dos homens, mas de Deus”
(Romanos 2.25 a 29 BJC)

            Deste modo, a aliança que precisamos ter com Deus para participar de sua mesa não é um sinal exterior ou um conjunto de práticas exteriores. Não é uma vida religiosa, ou a participação em rituais religiosos. A aliança é a atitude de nosso coração em relação a Deus. Tal mensagem não contradiz nem um pouco Mosheh, pois ele mesmo diz: “Portanto, circuncidem o prepúcio do seu coração; e não sejam mais teimosos! ” (D’varim [Deuteronômio] 10.16 BJC).
            Tal aliança nos leva à mesa de Pessach, e estar à mesa não é somente um convite, mas uma ordenança a toda a comunidade, ou seja, não é possível rejeitar esta mesa, não tem como rejeitarmos tal aliança e continarmos fazer parte da Igreja do Senhor.

            Portanto, que nossa decisão seja a de guardar a aliança que temos com o Senhor. Aliança de estar em Sua presença, de nos guardarmos para Ele. Aliança que nos convida a sentarmos nesta maravilhosa mesa e termos Yeshua participando de nossas vidas.

domingo, 18 de setembro de 2016

Onde está o prumo de sua vida?

“Portanto, qualquer um que saiba a coisa certa a se fazer e não faz, comete pecado. ”
(Ya’akov [Tiago] 4.17 BJC [Bíblia Judaica Completa])

Nesta mensagem, gostaria de convidá-lo a meditar um pouco em cima deste versículo. A carta de Ya’akov [Tiago], foi escrita pelo irmão de Yeshua [Jesus] (Gl 1.19) e é considerada o livro dos Provérbios da B’rit Hadashah [Novo Testamento].
Seu autor, nem sempre foi um talmid [discípulo] de Yeshua. Durante todo o tempo que Yeshua andou entre nós, seus irmãos não criam nele (Jo 7.5). O viam apenas como um mágico ou ilusionista, por conta dos sinais e maravilhas operados, e aconselhavam a Yeshua que fizesse estas obras em Y’hudah [Judéia] para que se tornasse conhecido pelo público (Jo 7.3 e 4).
Porém, após a morte e ressurreição do Mashiach [Messias], este teve um encontro com Ya’akov (1 Co 15.7), onde este último deixou de enxergar a Yeshua apenas como seu irmão de sangue, mas como o Ungido do Senhor. Tal entendimento mudou completamente a vida de Ya’akov, que se tornou o líder da Comunidade Messiânica de Yerushalayim [Jerusalém] e de acordo com Sha’ul [Paulo], juntamente com Kefa [Pedro] e Yochanan [João], Ya’akov era uma coluna da Comunidade Messiânica (Gl 2.9).
A tradição diz que Ya’akov tornou-se um homem de oração e que era estimado pelos judeus da sua comunidade, devido a santidade de sua vida e a aderência rígida à moralidade prática da Torah [Lei], sendo chamado de “o Justo” por estes. Após ter sido apedrejado pela ordem do sacerdote Anano (JOSEFO), a tradição ainda diz que ao prepararem o corpo de Ya’akov para ser sepultado, perceberam que seus joelhos eram grossos como os de um camelo, devido ao tempo que passava ajoelhado intercedendo pela Comunidade Messiânica.
A carta de Ya’akov foi o único livro da Bíblia escrito por este homem de Deus e nos convida a colocar em prática aquilo que aprendemos do Senhor.
E é exatamente neste contexto que Ya’akov escreve o versículo que lemos logo acima. Ele escreveu os primeiros 87 versículos de sua epístola ensinando como agir de acordo com a vontade do Eterno, e termina a primeira seção de sua carta exortando sobre o que devemos fazer com o que aprendemos.
Ele diz “qualquer um que saiba a coisa certa a se fazer”. E esta expressão me chamou muito a atenção nas últimas semanas. O que mais me surpreendeu é observar que estamos, como seres humanos, cada vez mais distantes de agir de acordo com o que sabemos que é o correto. Muito pelo contrário, temos escolhido nossas ações apenas preocupados com o que irão pensar a nosso respeito, a assim a moda atual é a procura da aprovação de homens. Nesta tendência, pensamos muito bem antes de falar, antes de postar ou compartilhar um comentário nas redes sociais, pensamos antes de agir, porém nossa preocupação não é fazer ou deixar de fazer algo porque é certo ou errado, mas simplesmente porque outra pessoa concorda ou discorda de tal ato ou palavra.
E quando tiramos o prumo de nossa vida das mãos de Deus e da Sua Palavra e o entregamos à sociedade que está a nossa volta, seja esta composta de membros da mesma comunidade eclesiástica que pertencemos, ou vizinhança, colegas de emprego, familiares, é o primeiro passo para que nossos caminhos se desviem daquele que foi traçado por nosso Criador.
E nesta vida desfigurada nos sentimos desmotivados a praticar o bem e muitas vezes procuramos motivadores para que pratiquemos o mal. Talvez à primeira vista nos consideremos inocentes desta acusação, mas é através das pequenas coisas que podemos observar o quão danosa e real esta tendência é para nossas vidas.
Veja um exemplo: Vamos imaginar uma mulher chamada Joana. Ela percebeu que quando se levantava de madrugada para orar, atingia um patamar de comunhão com Deus muito maior do que possuía anteriormente. Deste modo passou a acordar todas as madrugadas para se colocar em oração e observou que mediante tal atitude recebia respostas de Deus, conseguia ver o Senhor agindo em sua vida a através dela e isto a motivava a continuar diariamente colocando seu despertador para tocar.
Certo dia esta mulher passou a desejar que todos aqueles que estavam ao seu redor experimentassem de tamanha comunhão com o Pai, e passou a incentivar a todos a levantarem-se também de madrugada para orar. Cada dia que passava, conversava com cada vez mais pessoas dizendo a elas que se desejassem tal contanto com o Criador precisavam agir da mesma forma que ela. Muitos aderiram a tal posicionamento, mas com o passar do tempo Joana percebeu que muitos também ignoraram seus conselhos e até mesmo aqueles que haviam assumido o mesmo compromisso que ela, deixaram esta pratica de lado.
Joana se sentiu sozinha e aquilo que fazia com prazer, pois sentia que era algo realmente de Deus, passou a ser feito como um peso, pois afinal, ninguém entendeu esta visão do Senhor. Por fim, toda aquela comunhão com Deus que havia adquirido inicialmente, foi sendo substituída por sentimentos de abandono e inutilidade até que Joana deixou de acordar nas madrugadas.
            Sentimentos como este se repetem naquele que foi curado após dar uma certa quantia de oferta e prega que para que você seja curado deve entregar a mesma oferta. Ou por aquele que comprou uma casa após determinado tempo de campanha e quer te convencer que você só comprará a sua casa se cumprir o mesmo propósito com Deus.
            Mas o que todos precisamos entender é que existem alguns princípios bíblicos onde o próprio Deus, através dos escritores de cada um dos livros da Bíblia, ensina a todos a colocar em prática. E existem práticas particulares dadas por Deus a alguns de nós que precisam ser colocadas em prática apenas por estes a quem foram entregues.
            Assim, se recebi uma estratégia da parte de Deus, seja orar pelas madrugadas, dar determinada quantia em oferta, fazer uma campanha, ou qualquer outro propósito que assumo com o Pai, preciso entender que isto é para mim. Posso até contar meu testemunho e este incentivar outras pessoas a fazerem o mesmo, mas meu foco não deve estar no que os outros estão fazendo, mas naquilo que sei que Deus requereu de mim.
            Sendo assim o que mais deve nos motivar a continuar praticando o bem que conhecemos é saber que agindo assim estaremos agradando nosso Pai Celestial e cada vez mais parecidos com Seu Filho Yeshua.
            Mas além de corrigir nossa motivação à prática do bem, precisamos bloquear em nossas vidas tudo aquilo que nos incentiva a praticar o mal, mesmo aquilo que nós mesmos erigimos.
            Não é difícil encontrarmos em nós situações onde a prática do mal é mais prazerosa do que a do bem. E tal situação se agrava quando passamos a buscar tais prazeres. O fato é: o mal nos atrai. O próprio Ya’akov diz que “cada pessoa é tentada ao ser arrastada e atraída pelo engano de seu desejo” (Ya’akov 1.14 BJC). Mas também nos exorta dizendo: “submetam-se a Deus. Além disso, resistam ao Adversário, e ele fugirá de vocês. ” (Ya’akov 4.7 BJC).
            Muitos, porém, ao invés de submeterem-se ao conselho acima, desejam o mal, como todo ser humano, mas colocam como fonte de sua satisfação pessoal a prática do mesmo, e para não se sentirem constrangidos diante dos outros, passam a convencer aqueles que o cercam que tal atitude não é incorreta. Alguns vão até mais longe e cercam-se de pessoas que praticam as mesmas coisas, pensando que se todos estão fazendo o mesmo, não deve ser errado.
            É a respeito destas pessoas que Sha’ul escreve a Timóteo, seu talmid: “Porque vem o tempo em que as pessoas não terão paciência com o ensino sadio, mas proverão meios para satisfazer suas paixões e reunirão em torno de si mestres que dirão tudo que lhes faz as orelhas coçar. ” (2 Timóteo 4.3 BJC). Estes tempos chegaram e cada vez mais as pessoas têm reunido ensinadores de injustiça ao seu redor.
            Assim se me apaixonei por outra mulher e desejo deixar minha esposa procuro aqueles que dizem que tenho este direito. Me aproximo de pessoas que por diversos motivos já se divorciaram e casaram-se novamente, e já não me sinto tão culpado por abandonar minha família. E se a igreja que estou prega contra o divórcio, vou para uma que apoia, pois afinal, se o pastor ou a sociedade autorizar minhas ações, quem é Deus para questioná-las?
            Este exemplo pode ser expandido para cada uma das tentações que somos expostos diariamente: para que manter-se virgem até meu casamento se a sociedade já aboliu esta pratica? Para que falar sempre a verdade se mentir se tornou algo comum para até mesmo isentar-nos da responsabilidade de nossas ações? E diversos questionamentos, alguns até mesmo polêmicos, que a Bíblia ensina algo e a sociedade deseja que tomemos por normal agir contra estes ensinamentos.
            O fato é que não importa o tempo em que vivemos e nem o pensamento comum da sociedade atual, o que a Bíblia ensina continua valendo, independentemente do número de pessoas que concordam com ela. E o bem que devemos praticar é definido pelas Sagradas Escrituras.
            Como certa vez alguém disse: “O errado é errado mesmo que todo mundo esteja fazendo. O certo é certo mesmo que ninguém esteja fazendo.”


Apeguemo-nos, pois, a tudo aquilo que a Palavra nos ensina, entregando o prumo de nossa vida nas mãos do Senhor, e colocando o agradar a Deus como nossa principal fonte de motivação para agir.