domingo, 18 de setembro de 2016

Onde está o prumo de sua vida?

“Portanto, qualquer um que saiba a coisa certa a se fazer e não faz, comete pecado. ”
(Ya’akov [Tiago] 4.17 BJC [Bíblia Judaica Completa])

Nesta mensagem, gostaria de convidá-lo a meditar um pouco em cima deste versículo. A carta de Ya’akov [Tiago], foi escrita pelo irmão de Yeshua [Jesus] (Gl 1.19) e é considerada o livro dos Provérbios da B’rit Hadashah [Novo Testamento].
Seu autor, nem sempre foi um talmid [discípulo] de Yeshua. Durante todo o tempo que Yeshua andou entre nós, seus irmãos não criam nele (Jo 7.5). O viam apenas como um mágico ou ilusionista, por conta dos sinais e maravilhas operados, e aconselhavam a Yeshua que fizesse estas obras em Y’hudah [Judéia] para que se tornasse conhecido pelo público (Jo 7.3 e 4).
Porém, após a morte e ressurreição do Mashiach [Messias], este teve um encontro com Ya’akov (1 Co 15.7), onde este último deixou de enxergar a Yeshua apenas como seu irmão de sangue, mas como o Ungido do Senhor. Tal entendimento mudou completamente a vida de Ya’akov, que se tornou o líder da Comunidade Messiânica de Yerushalayim [Jerusalém] e de acordo com Sha’ul [Paulo], juntamente com Kefa [Pedro] e Yochanan [João], Ya’akov era uma coluna da Comunidade Messiânica (Gl 2.9).
A tradição diz que Ya’akov tornou-se um homem de oração e que era estimado pelos judeus da sua comunidade, devido a santidade de sua vida e a aderência rígida à moralidade prática da Torah [Lei], sendo chamado de “o Justo” por estes. Após ter sido apedrejado pela ordem do sacerdote Anano (JOSEFO), a tradição ainda diz que ao prepararem o corpo de Ya’akov para ser sepultado, perceberam que seus joelhos eram grossos como os de um camelo, devido ao tempo que passava ajoelhado intercedendo pela Comunidade Messiânica.
A carta de Ya’akov foi o único livro da Bíblia escrito por este homem de Deus e nos convida a colocar em prática aquilo que aprendemos do Senhor.
E é exatamente neste contexto que Ya’akov escreve o versículo que lemos logo acima. Ele escreveu os primeiros 87 versículos de sua epístola ensinando como agir de acordo com a vontade do Eterno, e termina a primeira seção de sua carta exortando sobre o que devemos fazer com o que aprendemos.
Ele diz “qualquer um que saiba a coisa certa a se fazer”. E esta expressão me chamou muito a atenção nas últimas semanas. O que mais me surpreendeu é observar que estamos, como seres humanos, cada vez mais distantes de agir de acordo com o que sabemos que é o correto. Muito pelo contrário, temos escolhido nossas ações apenas preocupados com o que irão pensar a nosso respeito, a assim a moda atual é a procura da aprovação de homens. Nesta tendência, pensamos muito bem antes de falar, antes de postar ou compartilhar um comentário nas redes sociais, pensamos antes de agir, porém nossa preocupação não é fazer ou deixar de fazer algo porque é certo ou errado, mas simplesmente porque outra pessoa concorda ou discorda de tal ato ou palavra.
E quando tiramos o prumo de nossa vida das mãos de Deus e da Sua Palavra e o entregamos à sociedade que está a nossa volta, seja esta composta de membros da mesma comunidade eclesiástica que pertencemos, ou vizinhança, colegas de emprego, familiares, é o primeiro passo para que nossos caminhos se desviem daquele que foi traçado por nosso Criador.
E nesta vida desfigurada nos sentimos desmotivados a praticar o bem e muitas vezes procuramos motivadores para que pratiquemos o mal. Talvez à primeira vista nos consideremos inocentes desta acusação, mas é através das pequenas coisas que podemos observar o quão danosa e real esta tendência é para nossas vidas.
Veja um exemplo: Vamos imaginar uma mulher chamada Joana. Ela percebeu que quando se levantava de madrugada para orar, atingia um patamar de comunhão com Deus muito maior do que possuía anteriormente. Deste modo passou a acordar todas as madrugadas para se colocar em oração e observou que mediante tal atitude recebia respostas de Deus, conseguia ver o Senhor agindo em sua vida a através dela e isto a motivava a continuar diariamente colocando seu despertador para tocar.
Certo dia esta mulher passou a desejar que todos aqueles que estavam ao seu redor experimentassem de tamanha comunhão com o Pai, e passou a incentivar a todos a levantarem-se também de madrugada para orar. Cada dia que passava, conversava com cada vez mais pessoas dizendo a elas que se desejassem tal contanto com o Criador precisavam agir da mesma forma que ela. Muitos aderiram a tal posicionamento, mas com o passar do tempo Joana percebeu que muitos também ignoraram seus conselhos e até mesmo aqueles que haviam assumido o mesmo compromisso que ela, deixaram esta pratica de lado.
Joana se sentiu sozinha e aquilo que fazia com prazer, pois sentia que era algo realmente de Deus, passou a ser feito como um peso, pois afinal, ninguém entendeu esta visão do Senhor. Por fim, toda aquela comunhão com Deus que havia adquirido inicialmente, foi sendo substituída por sentimentos de abandono e inutilidade até que Joana deixou de acordar nas madrugadas.
            Sentimentos como este se repetem naquele que foi curado após dar uma certa quantia de oferta e prega que para que você seja curado deve entregar a mesma oferta. Ou por aquele que comprou uma casa após determinado tempo de campanha e quer te convencer que você só comprará a sua casa se cumprir o mesmo propósito com Deus.
            Mas o que todos precisamos entender é que existem alguns princípios bíblicos onde o próprio Deus, através dos escritores de cada um dos livros da Bíblia, ensina a todos a colocar em prática. E existem práticas particulares dadas por Deus a alguns de nós que precisam ser colocadas em prática apenas por estes a quem foram entregues.
            Assim, se recebi uma estratégia da parte de Deus, seja orar pelas madrugadas, dar determinada quantia em oferta, fazer uma campanha, ou qualquer outro propósito que assumo com o Pai, preciso entender que isto é para mim. Posso até contar meu testemunho e este incentivar outras pessoas a fazerem o mesmo, mas meu foco não deve estar no que os outros estão fazendo, mas naquilo que sei que Deus requereu de mim.
            Sendo assim o que mais deve nos motivar a continuar praticando o bem que conhecemos é saber que agindo assim estaremos agradando nosso Pai Celestial e cada vez mais parecidos com Seu Filho Yeshua.
            Mas além de corrigir nossa motivação à prática do bem, precisamos bloquear em nossas vidas tudo aquilo que nos incentiva a praticar o mal, mesmo aquilo que nós mesmos erigimos.
            Não é difícil encontrarmos em nós situações onde a prática do mal é mais prazerosa do que a do bem. E tal situação se agrava quando passamos a buscar tais prazeres. O fato é: o mal nos atrai. O próprio Ya’akov diz que “cada pessoa é tentada ao ser arrastada e atraída pelo engano de seu desejo” (Ya’akov 1.14 BJC). Mas também nos exorta dizendo: “submetam-se a Deus. Além disso, resistam ao Adversário, e ele fugirá de vocês. ” (Ya’akov 4.7 BJC).
            Muitos, porém, ao invés de submeterem-se ao conselho acima, desejam o mal, como todo ser humano, mas colocam como fonte de sua satisfação pessoal a prática do mesmo, e para não se sentirem constrangidos diante dos outros, passam a convencer aqueles que o cercam que tal atitude não é incorreta. Alguns vão até mais longe e cercam-se de pessoas que praticam as mesmas coisas, pensando que se todos estão fazendo o mesmo, não deve ser errado.
            É a respeito destas pessoas que Sha’ul escreve a Timóteo, seu talmid: “Porque vem o tempo em que as pessoas não terão paciência com o ensino sadio, mas proverão meios para satisfazer suas paixões e reunirão em torno de si mestres que dirão tudo que lhes faz as orelhas coçar. ” (2 Timóteo 4.3 BJC). Estes tempos chegaram e cada vez mais as pessoas têm reunido ensinadores de injustiça ao seu redor.
            Assim se me apaixonei por outra mulher e desejo deixar minha esposa procuro aqueles que dizem que tenho este direito. Me aproximo de pessoas que por diversos motivos já se divorciaram e casaram-se novamente, e já não me sinto tão culpado por abandonar minha família. E se a igreja que estou prega contra o divórcio, vou para uma que apoia, pois afinal, se o pastor ou a sociedade autorizar minhas ações, quem é Deus para questioná-las?
            Este exemplo pode ser expandido para cada uma das tentações que somos expostos diariamente: para que manter-se virgem até meu casamento se a sociedade já aboliu esta pratica? Para que falar sempre a verdade se mentir se tornou algo comum para até mesmo isentar-nos da responsabilidade de nossas ações? E diversos questionamentos, alguns até mesmo polêmicos, que a Bíblia ensina algo e a sociedade deseja que tomemos por normal agir contra estes ensinamentos.
            O fato é que não importa o tempo em que vivemos e nem o pensamento comum da sociedade atual, o que a Bíblia ensina continua valendo, independentemente do número de pessoas que concordam com ela. E o bem que devemos praticar é definido pelas Sagradas Escrituras.
            Como certa vez alguém disse: “O errado é errado mesmo que todo mundo esteja fazendo. O certo é certo mesmo que ninguém esteja fazendo.”


Apeguemo-nos, pois, a tudo aquilo que a Palavra nos ensina, entregando o prumo de nossa vida nas mãos do Senhor, e colocando o agradar a Deus como nossa principal fonte de motivação para agir.