“Portanto,
qualquer um que saiba a coisa certa a se fazer e não faz, comete pecado. ”
(Ya’akov [Tiago] 4.17
BJC [Bíblia Judaica Completa])
Nesta
mensagem, gostaria de convidá-lo a meditar um pouco em cima deste versículo. A
carta de Ya’akov [Tiago], foi escrita pelo irmão de Yeshua [Jesus] (Gl 1.19) e
é considerada o livro dos Provérbios da B’rit
Hadashah [Novo Testamento].
Seu
autor, nem sempre foi um talmid [discípulo]
de Yeshua. Durante todo o tempo que Yeshua andou entre nós, seus irmãos não
criam nele (Jo 7.5). O viam apenas como um mágico ou ilusionista, por conta dos
sinais e maravilhas operados, e aconselhavam a Yeshua que fizesse estas obras
em Y’hudah [Judéia] para que se tornasse conhecido pelo público (Jo 7.3 e 4).
Porém,
após a morte e ressurreição do Mashiach [Messias], este teve um encontro com
Ya’akov (1 Co 15.7), onde este último deixou de enxergar a Yeshua apenas como
seu irmão de sangue, mas como o Ungido do Senhor. Tal entendimento mudou
completamente a vida de Ya’akov, que se tornou o líder da Comunidade Messiânica
de Yerushalayim [Jerusalém] e de acordo com Sha’ul [Paulo], juntamente com Kefa
[Pedro] e Yochanan [João], Ya’akov era uma coluna da Comunidade Messiânica (Gl
2.9).
A
tradição diz que Ya’akov tornou-se um homem de oração e que era estimado pelos
judeus da sua comunidade, devido a santidade de sua vida e a aderência rígida à
moralidade prática da Torah [Lei], sendo chamado de “o Justo” por estes. Após
ter sido apedrejado pela ordem do sacerdote Anano (JOSEFO), a tradição ainda
diz que ao prepararem o corpo de Ya’akov para ser sepultado, perceberam que
seus joelhos eram grossos como os de um camelo, devido ao tempo que passava
ajoelhado intercedendo pela Comunidade Messiânica.
A
carta de Ya’akov foi o único livro da Bíblia escrito por este homem de Deus e
nos convida a colocar em prática aquilo que aprendemos do Senhor.
E é
exatamente neste contexto que Ya’akov escreve o versículo que lemos logo acima.
Ele escreveu os primeiros 87 versículos de sua epístola ensinando como agir de
acordo com a vontade do Eterno, e termina a primeira seção de sua carta
exortando sobre o que devemos fazer com o que aprendemos.
Ele
diz “qualquer um que saiba a coisa certa a se fazer”. E esta expressão me
chamou muito a atenção nas últimas semanas. O que mais me surpreendeu é
observar que estamos, como seres humanos, cada vez mais distantes de agir de
acordo com o que sabemos que é o correto. Muito pelo contrário, temos escolhido
nossas ações apenas preocupados com o que irão pensar a nosso respeito, a assim
a moda atual é a procura da aprovação de homens. Nesta tendência, pensamos
muito bem antes de falar, antes de postar ou compartilhar um comentário nas
redes sociais, pensamos antes de agir, porém nossa preocupação não é fazer ou
deixar de fazer algo porque é certo ou errado, mas simplesmente porque outra
pessoa concorda ou discorda de tal ato ou palavra.
E
quando tiramos o prumo de nossa vida das mãos de Deus e da Sua Palavra e o
entregamos à sociedade que está a nossa volta, seja esta composta de membros da
mesma comunidade eclesiástica que pertencemos, ou vizinhança, colegas de
emprego, familiares, é o primeiro passo para que nossos caminhos se desviem
daquele que foi traçado por nosso Criador.
E
nesta vida desfigurada nos sentimos desmotivados a praticar o bem e muitas
vezes procuramos motivadores para que pratiquemos o mal. Talvez à primeira
vista nos consideremos inocentes desta acusação, mas é através das pequenas
coisas que podemos observar o quão danosa e real esta tendência é para nossas
vidas.
Veja
um exemplo: Vamos imaginar uma mulher chamada Joana. Ela percebeu que quando se
levantava de madrugada para orar, atingia um patamar de comunhão com Deus muito
maior do que possuía anteriormente. Deste modo passou a acordar todas as
madrugadas para se colocar em oração e observou que mediante tal atitude
recebia respostas de Deus, conseguia ver o Senhor agindo em sua vida a através
dela e isto a motivava a continuar diariamente colocando seu despertador para
tocar.
Certo
dia esta mulher passou a desejar que todos aqueles que estavam ao seu redor
experimentassem de tamanha comunhão com o Pai, e passou a incentivar a todos a
levantarem-se também de madrugada para orar. Cada dia que passava, conversava
com cada vez mais pessoas dizendo a elas que se desejassem tal contanto com o
Criador precisavam agir da mesma forma que ela. Muitos aderiram a tal
posicionamento, mas com o passar do tempo Joana percebeu que muitos também
ignoraram seus conselhos e até mesmo aqueles que haviam assumido o mesmo
compromisso que ela, deixaram esta pratica de lado.
Joana
se sentiu sozinha e aquilo que fazia com prazer, pois sentia que era algo
realmente de Deus, passou a ser feito como um peso, pois afinal, ninguém
entendeu esta visão do Senhor. Por fim, toda aquela comunhão com Deus que havia
adquirido inicialmente, foi sendo substituída por sentimentos de abandono e
inutilidade até que Joana deixou de acordar nas madrugadas.
Sentimentos como este se repetem naquele que foi curado
após dar uma certa quantia de oferta e prega que para que você seja curado deve
entregar a mesma oferta. Ou por aquele que comprou uma casa após determinado
tempo de campanha e quer te convencer que você só comprará a sua casa se
cumprir o mesmo propósito com Deus.
Mas o que todos precisamos entender é que existem alguns
princípios bíblicos onde o próprio Deus, através dos escritores de cada um dos
livros da Bíblia, ensina a todos a colocar em prática. E existem práticas
particulares dadas por Deus a alguns de nós que precisam ser colocadas em
prática apenas por estes a quem foram entregues.
Assim, se recebi uma estratégia da parte de Deus, seja
orar pelas madrugadas, dar determinada quantia em oferta, fazer uma campanha,
ou qualquer outro propósito que assumo com o Pai, preciso entender que isto é
para mim. Posso até contar meu testemunho e este incentivar outras pessoas a
fazerem o mesmo, mas meu foco não deve estar no que os outros estão fazendo,
mas naquilo que sei que Deus requereu de mim.
Sendo assim o que mais deve nos motivar a continuar
praticando o bem que conhecemos é saber que agindo assim estaremos agradando
nosso Pai Celestial e cada vez mais parecidos com Seu Filho Yeshua.
Mas além de corrigir nossa motivação à prática do bem,
precisamos bloquear em nossas vidas tudo aquilo que nos incentiva a praticar o
mal, mesmo aquilo que nós mesmos erigimos.
Não é difícil encontrarmos em nós situações onde a
prática do mal é mais prazerosa do que a do bem. E tal situação se agrava
quando passamos a buscar tais prazeres. O fato é: o mal nos atrai. O próprio
Ya’akov diz que “cada pessoa é tentada ao ser arrastada e atraída pelo engano
de seu desejo” (Ya’akov 1.14 BJC). Mas também nos exorta dizendo: “submetam-se
a Deus. Além disso, resistam ao Adversário, e ele fugirá de vocês. ” (Ya’akov
4.7 BJC).
Muitos, porém, ao invés de submeterem-se ao conselho
acima, desejam o mal, como todo ser humano, mas colocam como fonte de sua satisfação
pessoal a prática do mesmo, e para não se sentirem constrangidos diante dos
outros, passam a convencer aqueles que o cercam que tal atitude não é
incorreta. Alguns vão até mais longe e cercam-se de pessoas que praticam as
mesmas coisas, pensando que se todos estão fazendo o mesmo, não deve ser
errado.
É a respeito destas pessoas que Sha’ul escreve a Timóteo,
seu talmid: “Porque vem o tempo em
que as pessoas não terão paciência com o ensino sadio, mas proverão meios para
satisfazer suas paixões e reunirão em torno de si mestres que dirão tudo que
lhes faz as orelhas coçar. ” (2 Timóteo 4.3 BJC). Estes tempos chegaram e cada
vez mais as pessoas têm reunido ensinadores de injustiça ao seu redor.
Assim se me apaixonei por outra mulher e desejo deixar
minha esposa procuro aqueles que dizem que tenho este direito. Me aproximo de
pessoas que por diversos motivos já se divorciaram e casaram-se novamente, e já
não me sinto tão culpado por abandonar minha família. E se a igreja que estou
prega contra o divórcio, vou para uma que apoia, pois afinal, se o pastor ou a
sociedade autorizar minhas ações, quem é Deus para questioná-las?
Este exemplo pode ser expandido para cada uma das
tentações que somos expostos diariamente: para que manter-se virgem até meu casamento
se a sociedade já aboliu esta pratica? Para que falar sempre a verdade se
mentir se tornou algo comum para até mesmo isentar-nos da responsabilidade de
nossas ações? E diversos questionamentos, alguns até mesmo polêmicos, que a
Bíblia ensina algo e a sociedade deseja que tomemos por normal agir contra
estes ensinamentos.
O fato é que não importa o tempo em que vivemos e nem o
pensamento comum da sociedade atual, o que a Bíblia ensina continua valendo,
independentemente do número de pessoas que concordam com ela. E o bem que
devemos praticar é definido pelas Sagradas Escrituras.
Como certa vez alguém disse: “O errado é errado mesmo que todo mundo esteja fazendo. O certo é certo mesmo que ninguém esteja fazendo.”
Apeguemo-nos, pois, a tudo aquilo que a Palavra nos ensina, entregando o prumo de nossa vida nas mãos do Senhor,
e colocando o agradar a Deus como nossa principal fonte de motivação para agir.