domingo, 20 de março de 2011

“Purim”

“Mordecai escreveu estas coisas e enviou cartas a todos os judeus que se achavam em todas as províncias do rei Assuero, aos de perto e aos de longe, ordenando-lhes que comemorassem o dia catorze do mês de adar e o dia quinze do mesmo, todos os anos, como os dias em que os judeus tiveram sossego dos seus inimigos, e o mês que se lhes mudou de tristeza em alegria, e de luto em dia de festa; para que os fizessem dias de banquetes e de alegria, e de mandarem porções dos banquetes uns aos outros, e dádivas aos pobres. Assim, os judeus aceitaram como costume o que, naquele tempo, haviam feito pela primeira vez, segundo Mordecai lhes prescrevera; porque Hamã, filho de Hamedata, o agagita, inimigo de todos os judeus, tinha intentado destruir os judeus; e tinha lançado o Pur, isto é, sortes, para os assolar e destruir. Mas, tendo Ester ido perante o rei, ordenou ele por cartas que o seu mau intento, que assentara contra os judeus, recaísse contra a própria cabeça dele, pelo que enforcaram a ele e a seus filhos. Por isso, àqueles dias chamam Purim, do nome Pur. Daí, por causa de todas as palavras daquela carta, e do que testemunharam, e do que lhes havia sucedido, determinaram os judeus e tomaram sobre si, sobre a sua descendência e sobre todos os que se chegassem a eles que não se deixaria de comemorar estes dois dias segundo o que se escrevera deles e segundo o seu tempo marcado, todos os anos; e que estes dias seriam lembrados e comemorados geração após geração, por todas as famílias, em todas as províncias e em todas as cidades, e que estes dias de Purim jamais caducariam entre os judeus, e que a memória deles jamais se extinguiria entre os seus descendentes.”
(Ester 9:20 a 28)

            No sábado dia 19 de março de 2011, comemoramos mais um Purim. Mais do que um dia comum no nosso calendário, o dia de Purim é um memorial de que o Eterno cuida dos seus. Uma lembrança eterna do grande livramento que nosso Senhor concedeu ao seu povo.
            Em Purim nos lembramos da história do livro de Ester (Meguilá), e ao som do raasham (reco-reco) nos indignamos ao recordar do perverso Hamã e de sua tentativa de exterminar todo o povo judeu que estava na Pérsia.
            Todo este ódio começou quando Mordecai recusou-se a prostrar-se diante de um homem. Ele reconhecia que apenas deveria se prostrar diante do Eterno e preferia morrer antes de inclinar-se diante de um homem. Ao saber disto Hamã lançou sorte para escolher um dia que seria usado para exterminar não somente Mordecai, mas todo povo judeu, uma sentença decretada pelo rei Assuero contra todos aqueles que guardavam a lei do Senhor.
            Desde Abraão o chamado do Eterno ao seu povo é para abençoar todas as famílias da terra (Gn 12:3), e este chamado foi confirmado por Moisés quando disse que seremos um reino de sacerdotes (Ex 19:6). Ora, para que serviria um sacerdote senão para interceder diante de Deus por um povo? Assim sendo, nossa missão é interceder pelas nações e aproximá-las de HaShem Echad (O Único Deus). Porém nesta função, incomodamos algumas pessoas, assim como a luz incomoda quem está nas trevas.
            Foi isto o que aconteceu com Mordecai e com todo o povo de Deus na Pérsia. Seu compromisso com o Eterno o colocou numa situação desesperadora. Mas o que fazer então? Deixar o Eterno para que a vida fosse poupada? Certamente que não! Quanto mais próximos estamos de Deus, mais confiamos em seu poder e misericórdia que nos cercam.
            Foi esta confiança que motivou Mordecai a permanecer firme diante daquele que desejava sua morte, e levou a rainha Ester a apresentar-se diante do rei sem ter sido chamada, mesmo sabendo que isto poderia condená-la a morte. Foi a confiança no Criador que motivou a Ester a interceder ao rei em favor do povo. E como os pensamentos do Senhor ao seu povo sempre é de paz (Jr 29:11), Ele se levanta em favor de seu povo não apenas exterminando o perverso Hamã, mas dando vitória ao seu povo diante de todos os seus inimigos que se levantaram contra eles naquele dia.
            O Eterno se movimenta em favor dos seus. Nós é que muitas vezes nos afastamos do Senhor procurando viver nossas próprias vidas. A presença do Criador estará sempre conosco, desde que a cada dia nós o convidemos a entrar em nossos lares, a fazer parte de nosso tempo. Que a cada manhã você possa declarar: “Shema Israel, HaShem Elokeinu, HaShem Echad” (Escuta ó Israel, o Eterno é seu Deus, o Eterno é UM). Você é Israel, e o Eterno é seu Deus, um Deus pessoal e não distante.
            A lembrança deste Deus Salvador e Libertador que alegra nossa festa de Purim e nossas vidas. E que nesta festa, debaixo desta salvação, nós possamos dividir nossa alegria com todos, compartilhar nossos banquetes com nossos irmãos, sabendo que nosso Criador não se aquieta com um juízo de morte lançado sobre Seu povo, mas se levanta em nosso favor.