quinta-feira, 2 de maio de 2013

A Verdade que Liberta


“Muitas pessoas que ouviram Yeshua [Jesus] dizer essas coisas confiaram nele. Então ele disse aos habitantes de Y’hudah [os judeus] que haviam confiado nele: ‘Se vocês obedecerem ao que digo, serão verdadeiramente meus talmidim [discípulos]; vocês conhecerão a verdade e a verdade os libertará”.”
(Yochanan [João] 8.30-32 BJC [Bíblia Judaica Completa])

            Nossa sociedade tenta exercer sobre cada ser humano um domínio. Ela manipula nosso pensamento, tanta dominar nosso sentimento e deseja controlar nossa vontade. Nesta batalha constante pela vida de cada homem e cada mulher, nossa liberdade está em jogo. E para garantir a vitória, o próprio conceito de verdade foi alterado. Deixou de ser algo absoluto para depender do ponto de vista. E, presos dentro deste sistema, acabamos nos vendo em uma briga para provar que o nosso ponto de vista corresponde à verdade.
            Imagine que estou segurando uma moeda com meus dedos polegar e indicador, de modo que eu possa ver uma face da mesma e a outra esteja voltada para você. Posso afirmar categoricamente que o desenho desta moeda é a cara, enquanto você tenta me convencer que o desenho é a coroa. A parte da moeda que sou capaz de enxergar me diz que eu estou com a verdade, enquanto a parte da moeda que você é capaz de enxergar diz que você está com ela. Olhando apenas esta situação podemos ser forçados a concluir que a verdade é realmente relativa. Mas imagine uma terceira pessoa que é capaz de olhar a moeda como um todo. Ela é capaz de nos dizer que esta possui duas faces diferentes, e que cada um de nós pode ver apenas uma delas.
            A queda do homem criou uma barreira entre este e o Criador, e tal barreira produziu no ser humano uma cegueira em relação à verdade. Sabendo que verdade é a conformidade com a realidade, o pecado gerou no homem uma nova percepção da realidade, uma percepção equivocada, onde ficamos tão focados naquilo que estamos enxergando que não percebemos que sob outro ponto de vista a situação é bem diferente.
            Em sua conversa com Pilatos, Yeshua [Jesus] declara: “De fato, a razão do meu nascimento e da minha vinda ao mundo é testemunhar a verdade.” (Yochanan 18.37 BJC), ao que Pilatos responde: “Que é a verdade?” (Yochanan 13.38 BJC). Neste diálogo Pilatos não obteve resposta. Provavelmente porque não desejou reconhecer a verdade quando esta esteve à sua frente.
            Na historia que contei a respeito da moeda, somente uma pessoa que estava fora da discussão pode apresentar a verdade absoluta de que a moeda possuía duas faces. Deste modo somente alguém que está fora desta sociedade corrupta pode nos levar à verdade. Esta pessoa é Deus, que sendo santo e incorruptível é o detentor da verdade, e somente Ele pode nos guiar a esta verdade (Sl 25.5) e enviar a verdade para nos guiar (Sl 43.3). E de fato foi isto que nosso Senhor fez. Ele escolheu a dedo homens e os inspirou a escrever a sua Palavra, a Palavra da verdade (Jo 17.17), e preservou esta mensagem até nossos dias.
            Mais do que isto, “A Palavra se tornou um ser humano e viveu entre nós, e vimos a sua Sh’khinah [a presença divina, a manifestação da glória de Deus aos homens], a Sh’khinah do Filho único do Pai, repleto de graça e verdade.” (Yochanan 1.14 BJC). Pilatos não obteve resposta, pois diante dele estava a própria Verdade (Jo 14.6).
            Yeshua é a verdade do Senhor, somente Ele conhece a situação completa que estamos vivendo e, deste modo, é o único que pode nos guiar e libertar de todo o engano. A verdade é a expressão da vontade de Deus a respeito do homem, transmitida pelo Messias.
            O conhecer desta verdade é desenvolvido em três sentidos:
1-    A verdade passa a habitar em nós (2 Jo 1-2): mostra uma segurança de não sermos enganados. Mais do que isto, saber que a verdade “permanece unida conosco e estará conosco para sempre” (2 Yochanan [2 João] 2 BJC) nos alerta a não permitirmos que a mentira faça morada em nós. Muitas vezes, em determinadas situações que vivemos, preferimos nos apegar ao engano. Alguns preferem uma doce mentira a uma dura verdade. Conhecer a verdade implica em permitir que a verdade retire as vendas que estão sobre nossos olhos, para que a Luz do Senhor brilhe sobre nossas vidas.

2-    Passamos a caminhar segundo a verdade (3 Jo 3-4): mostra um princípio de vida moral, uma preocupação de viver segundo as diretivas da verdade. O talmid [discípulo, aluno] real obedece a Yeshua, o que é mais do que reconhecer mentalmente quem ele é. O verdadeiro talmid faz da oração de David [Davi], quando diz: “ADONAI, ensina-me teu caminho, e assim poderei viver por tua verdade; dá-me um coração constante, de maneira que eu tema o teu nome.” (Tehillim [Salmos] 86.11), a sua própria oração.

3-    Passamos a “fazer a verdade” (Jo 3.21): agimos em conformidade com aquilo que ela exige de nós. Reconheceremos se a verdade está em nós através de nossas atitudes. É o Senhor quem nos ensina e capacita a realizarmos “o que é verdadeiro” (Yochanan 3.21 BJC). Aquele que dá ouvidos à voz do Senhor, proclamada através de sua Palavra e procura se conformar à vontade do Criador, buscando a cada dia forças para viver de acordo com seus preceitos, torna-se habitação da verdade. Agora “Se afirmamos que temos comunhão com [Deus], mas andamos nas trevas, mentimos e não vivemos a verdade” (1 Yochanan 1.6 BJC).
Deste modo, através de Yeshua temos acesso à verdade, mas este acesso é mediante a obediência aos seus mandamentos. Já nos versículos que abri esta mensagem podemos ver Yeshua dizendo que seremos seus talmidim se o obedecermos, e depois disto conheceremos a verdade. E esta obediência implicar possuirmos em nosso interior os três sentidos da verdade vistos acima.
E, a partir do momento em que decidimos obedecer a Yeshua, e receber a verdade do Senhor sobre nós, passamos a ser livres. Esta liberdade é explicada pelo próprio Messias: “eu lhes digo que quem pratica o pecado é escravo do pecado.” (Yochanan 8.34 BJC). Sha’ul complementa esta ideia: “Vocês não sabem que, se apresentarem a si mesmos como escravos obedientes a alguém, então tornam-se escravos daquele a quem obedecem – quer do pecado, que conduz à morte, quer da obediência, que conduz à justificação? Pela graça de Deus, vocês, que eram escravos do pecado, obedeceram de coração ao padrão de ensino que lhes foi transmitido; e, depois de terem sido libertados do pecado, tornaram-se escravos da justiça. (Estou usando uma linguagem popular porque sua natureza humana é muito fraca.) Da mesma forma que vocês costumavam oferecer seus vários membros como escravos à impureza e à desordem, que conduz a mais desordem, ofereçam gora seus membros como escravos à justiça, que conduz ao processo de tornar santo, separar para Deus. Quando vocês eram escravos do pecado, estavam livres da justiça;” (Romanos 6.16-20 BJC).
Só existem dois caminhos a seguir: o caminho da justiça que leva a Deus e o caminho do pecado que leva a morte. Longe do Senhor acreditamos que todos percorremos o mesmo caminho, que todos os caminhos levam a Deus. Mas ao nos aproximarmos de nosso Criador, podemos olhar de sua perspectiva e concluímos que o verdadeiro caminho é Yeshua, e que a verdade que desejamos somente será encontrada através da obediência. Somente por meio desta, receberemos do Messias a capacitação a viver a vontade de Deus a respeito do homem, vontade está que é boa, perfeita e agradável (Rm 12.2).