“Pois
enquanto ainda estávamos sem esperança, nesse tempo exato o Messias morreu a
favor dos ímpios. É raríssimo alguém entregar a vida em prol de uma pessoa
justa, ainda que seja possível que por uma pessoa boa alguém tenha coragem de
morrer. Deus, porém, demonstra seu amor por nós no fato de o Messias ter
morrido a nosso favor enquanto ainda éramos pecadores. Portanto, pelo fato de
agora sermos considerados justos mediante o sangue da morte decorrente do
sacrifício, quanto mais seremos libertados da ira do juízo de Deus, por meio
dele! Pois, se fomos reconciliados com Deus por meio da morte de seu Filho,
enquanto éramos inimigos, quanto mais agora seremos libertados apenas no
futuro, uma vez que fomos reconciliados! E não seremos libertados apenas no
futuro, mas confiamos em Deus agora, pois ele agiu por intermédio de nosso
Senhor Yeshua, o Messias, por meio de quem recebemos essa reconciliação. ”.
(Romanos 5.6 a 11 BJC
[Bíblia Judaica Completa])
Em nossa cultura ocidental, com todo sincretismo
religioso e cultural, muitas vezes enxergamos a cruz apenas como um símbolo de
uma religião ou a marca de uma igreja. Para muitos chega a ser um sinal
ofensivo, para outros um símbolo tão comum que se passa até mesmo despercebido
no meio de tantas informações que recebemos através de nossos sentidos.
Mas a cruz é muito mais que o símbolo de uma determinada
religião ou apenas mais uma informação que nos é passada. A cruz demonstra o
amor de Deus por cada um de nós.
Tal demonstração de amor deve gerar em nós algumas reflexões:
de que modo somos afetados por este amor? Que tipo de escolhas temos diante
dele? Como agir diante de tamanho amor? Nesta mensagem gostaria de convidá-lo
a, juntamente comigo, refletir a respeito da cruz do Messias.
Em primeiro lugar não consigo conceber a ideia de que não
existe um Criador. Embora a comunidade de ateus e agnósticos esteja crescendo
nos dias de hoje, quando olho para tudo o que existe: animais, plantas, planetas
e estrelas, só consigo ver as mãos de Deus por traz de todas estas coisas. Sei
que muitos zombam deste posicionamento, mas é difícil conceber a ideia do
surgimento da vida como um mero acaso, quando a demonstração de tal fato exige
um mecanismo complexo criado por um homem inteligente, como ocorre com o
experimento de Miller.
Sha’ul [Paulo] diz em sua carta aos romanos: “Desde a
criação do Universo, [as] qualidades invisíveis [de Deus] – seu poder eterno e
sua natureza divina – são claramente vistas, pois elas podem ser entendidas
mediante as coisas que ele criou” (Romanos 1.20 BJC). Deste modo, em maior ou
melhor escala, Deus é conhecido por todos, porém a maioria de nós rejeita ou já
rejeitou tal conhecimento.
A fonte de tal rejeição é a aversão ao fato de que se
fomos criados por Deus, de que temos um proposito, um caminho a ser traçado, um alvo a
ser alcançado. E não desejamos viver de acordo com as regras já estabelecidas.
Queremos criar nossas próprias regras, viver do nosso jeito, e, do mesmo modo
que as crianças fazem com seus pais, ficamos desafiando os limites que nos
foram impostos, talvez inconscientemente esperando uma consequência, e quando
esta não vem, nos afundamos cada vez mais no pecado, que nada mais é do que
errar o alvo que foi estabelecido por Deus.
Nesta postura de desafiar a Deus, de declarar
independência a Ele e agir como se Deus não existisse ou simplesmente de
ignorar tudo aquilo que é o alvo de Deus para nossas vidas, nos tornamos
inimigos de Deus. Não é Ele que se torna nosso inimigo e se opões a nós; somos
nós quem tomamos um posicionamento contrário ao Eterno, e tal posicionamento
nos afasta daquele quem nos amou primeiro.
Certa vez ouvi alguém argumentar que se Deus realmente
nos ama, Ele permitiria que fizesse o que desejássemos para buscar a nossa
felicidade. Tal pensamento não é de todo real. Realmente Deus nos ama e
consequentemente deseja que estejamos em Sua presença eternamente. Porém Ele
não irá nos obrigar a uma vida em Sua presença e nos deu direito de escolher
entre estar ou não com Ele, e, para que pudéssemos fazer tal escolha, nosso Pai
sinalizou o caminho que deveríamos traçar para que O encontrássemos, este é o
nosso alvo.
Mas na busca de nossos próprios interesses, abandonamos
este caminho, andando cada vez mais para longe de Deus. E é neste momento que a
maior prova do amor de Deus por nós foi feita. Longe dele, sem nenhuma atitude
que pudesse contar em nosso favor, muito pelo contrário, agindo abertamente e conscientemente
contra ao nosso Criador, Ele enviou Yeshua [Jesus] para morrer por nós, e desta
maneira, mesmo sem nenhuma ação de nossa parte que conte a nosso favor,
mediante tal sacrifício somos considerados justos por Deus e reconciliados com
nosso Pai.
Assim, antes da cruz de Yeshua, só tínhamos diante de nós
o caminho escolhido pelo primeiro homem Adam [Adão] e traçado por toda a
humanidade que nos levava cada vez mais para longe do Senhor. Após a mesma foi
colocado diante de nós outro caminho, na realidade uma escolha: podemos
continuar buscando nossos próprios interesses e sendo as pessoas que desejamos
ser e caminhar para longe do Senhor, ou podemos nos render a tal amor e, direcionando-nos
para Deus, buscar o alvo que foi estabelecido para nós.
Esta escolha é o que denominamos conversão, pois é nesse
momento que convertemos nossos caminhos para o caminho estabelecido por Deus.
Isto significa que nos convertermos não é ingressarmos em uma determinada
religião, antes disto, agirmos de acordo com a vontade do Senhor.
Muitos usam a religião como desculpas para as vidas
medíocres de desejam continuar vivendo, e o pior, tentam usar Deus e a Sua
Palavra como desculpas. Não é raro encontrar pessoas dizendo que podem fazer
qualquer coisa pois em Yeshua são livres. Mas converter nossos caminhos ao
Senhor não significa adquirir liberdade. Conforme mencionei anteriormente, o
sacrifício de Yeshua nos deu liberdade de escolher entre estar ou não com o
Senhor. Após esta escolha não tenho mais liberdade de fazer o que desejo,
preciso agir de acordo com o que escolhi.
São minhas ações que colocarão em prática a minha
escolha. Se dirigindo meu carro, pego a estrada na direção do Rio de Janeiro,
não adianta somente desejar ir para São Paulo, meu destino será outra cidade.
Quando percebo que estou na direção incorreta, preciso fazer um retorno para ir
até o destino que procuro. Deste modo, não adianta escolher estar com Deus,
frequentar uma igreja, participar de todos os rituais oferecidos pela mesma,
mas continuar a agir diferente do padrão estabelecido pela Bíblia. Como mais
uma vez Sha’ul diz: “Porque não são os meros ouvintes da Torah a quem Deus
considera justos; antes, são os praticantes do que a Torah diz considerados
justos à vista de Deus. ” (Romanos 2.13 BJC).
Desde modo, quando, pela cruz, tenho contato com o amor do
Senhor, e mediante tal amor tomo a decisão de mudar minha rota, tal mudança é
estabelecida mediante a busca por ser uma pessoa diferente.
“Por
isso, façam morrer as partes terrenas de sua natureza: imoralidade sexual,
impureza, lascívia, desejos maus e ganancia (uma forma de idolatria). Por causa
dessas coisas, a ira de Deus está vindo sobre os que lhe desobedecem. É verdade
que vocês praticaram essas coisas em sua vida pregressa, mas, agora, livrem-se
delas: ira, irritação, mesquinhez, calúnia e linguagem indecente. Nunca mintam
uns aos outros, porque vocês já se despiram do velho ‘eu’, com suas formas de
agir, e se revestiram do novo ‘eu’, que é continuamente renovado em
conhecimento mais abrangente, cada vez mais perto do Criador. O novo ‘eu’ não
dá margem para discriminação entre gentio e judeu, circunciso e incircunciso,
estrangeiro, selvagem, escravo e livre, ao contrário, o Messias é tudo em todos.
”
(Colossenses 3.5 a 11
BJC)
Não somos convidados a pertencer a um grupo religioso,
mas a agir de modo diferente. O agir é superior à religião. Não podemos perder
o foco: quem nos reconcilia com Deus é Yeshua, mas, uma vez reconciliados,
passamos a viver uma vida diferente, uma vida que busca colocar em prática o
padrão do Senhor para nós, e uma vez neste processo, passamos a congregar com
outros que, assim como nós, decidiram converter seus caminhos a Deus, de modo
que possamos nos auxiliar mutuamente a alcançar o alvo estabelecido pelo Eterno
a cada um de nós. É por isto que o autor da carta aos Judeus messiânicos
[Hebreus] diz: “E mantenhamos a atenção dada uns aos outros para nos
incentivarmos ao amor e às boas ações; não negligenciemos nossas reuniões
congregacionais, como fazem alguns; ao contrário, procuremos nos encorajar”
(Judeus messiânicos 10.24 e 25 BJC).
Uma vida sem mudança é o sinal de que não houve conversão,
apenas emoção. É uma vida que continua caminhando longe do Senhor e para longe
dEle.
Mas, deixar de praticar o mal não é a única coisa que
precisamos ao convertermos nossos caminhos ao Senhor. É preciso ir além disto:
precisamos praticar o bem. Conforme aprendemos com Sha’ul: “Porque somos feitos
por Deus, criados em união com o Messias Yeshua para a vida de boas ações já
preparadas por Deus para serem realizadas por nós. ” (Efésios 2.10 BJC).
Praticar o bem é um pré-requisito para vivermos a vida
que nosso Senhor tem para nós. “A observância religiosa que Deus, o Pai,
considera pura e irrepreensível é esta: cuidar dos órfãos e das viúvas em suas
dificuldades e não se deixar contaminar pelo mundo. ” (Ya’akov [Tiago] 1.27
BJC). “Portanto, qualquer um que saiba a coisa certa a se fazer e não faz,
comete pecado. ” (Ya’akov 4.17 BJC).
O melhor diagnostico que existe para nossa fé são as
nossas ações. São elas que nos dizem se estamos com Deus apenas em palavras ou
se verdadeiramente estamos com Deus. Nossas decisões e nossas ações devem ser
regidas pela nossa decisão de estar com o Senhor.
Portanto, saiba que o Senhor te ama a ponto de entregar
Yeshua para morrer em seu lugar. Este sacrifício nos deu a oportunidade de
escolher caminhar ao encontro de Deus ao invés de nosso antigo caminho que nos
levava para longe dEle. Andar por este caminho implica sermos pessoas diferentes
que reprimem seus maus desejos e buscam praticar as boas ações criadas por Deus
para nós.