“Eis
o que ADONAI-Tzva’ot, o Deus de Yisra’el, diz a todos os que estão no exílio, a
quem fiz levar ao cativeiro, de Yerushalayim a Bavel: ‘Construam casas para
vocês e vivam nelas. Plantem jardins e comam o que eles produzirem. Escolham
mulheres para se casar e tenham filhos e filhas. Escolham esposas para seus
filhos e deem suas filhas em casamento, de modo que elas possam ter filhos e
filhas – aumentem em número e não diminuam. Procurem o bem-estar da cidade para
a qual fiz que os levassem em exílio e orem a ADONAI a favor dela; pois o
bem-estar de vocês está ligado ao bem-estar dela’. Pois é isto o que
ADONAI-Tzva’ot, o Deus de Yisra’el, diz: ‘Não deixem que os profetas que vivem
entre vocês e seus adivinhos os enganem e não deem atenção aos sonhos que vocês
os encorajam a sonhar. Pois eles profetizam falsamente em meu nome; eu não os
enviei’, diz ADONAI.”
“Eis,
portanto, o que ADONAI diz: ‘Depois do fim dos setenta anos em Bavel, eu me
lembrarei de vocês e cumprirei minha boa promessa que fiz, trazendo-os de volta
a este lugar. Pois sei quais planos tenho em minha mente para vocês’, diz
ADONAI, ‘planos de bem-estar e não de coisas ruins; de modo que possam ter
esperança e futuro. Quando vocês clamarem a mim e orarem a mim, eu os ouvirei.
Quando me procurarem, me encontrarão, contando que me procurem de todo o
coração; e deixarei que me encontrem’, diz ADONAI. ‘Então reverterei seu
exílio. Eu os ajuntarei de todas as nações e lugares para onde os levei’, diz
ADONAI, ‘e os trarei de volta ao lugar de onde os exilei’.”
(Yirmeyahu [Jeremias]
29.4 – 14 BJC [Bíblia Judaica Completa])
Passamos por muitas situações diferentes durante nossas
vidas. Enfrentamos diversas dificuldades, muitas das quais, não fazemos a menor
ideia de onde veem e quais são seus propósitos. O mais curioso é que quando enfrentamos
este momento adverso é muito fácil esquecermo-nos das promessas que o Senhor
fez por nós. E, mesmo quando nos lembramos delas, elas acabam parecendo
impossíveis de serem cumpridas até mesmo por Deus.
O povo de Yisra’el viva um tempo como este. Em 1406 a.C.,
aproximadamente 500 anos antes de esta carta ser escrita, o povo recém-libertado
do cativeiro egípcio esta entrando na terra prometida pelo Senhor a Avraham
[Abraão]. Com certeza foi um momento de muita alegria e conquistas, afinal
foram mais ou menos 400 anos de escravidão no Egito. Agora, em 931 a.C.,
Yirmeyahu [Jeremias] escrevia uma carta para um povo judeu mais uma vez cativo,
desta vez sob as garras da Babilônia.
Não desejo me concentrar nas causas deste novo cativeiro,
mas nos pensamentos e sentimentos existentes no coração dos cativos, bem como no
que ocorria ao seu derredor neste momento de dor e tristeza. O povo de Yisra’el
havia se esquecido de seu Deus, a história dos Reis deixa bem claro este fato.
E esquecendo-se do Senhor ficaram impossibilitados de reconhecer a voz daquele
que criou os céus e a terra. Devido a isto lemos na carta de Yirmeyahu que
muitos falsos profetas se levantaram para proferir mentiras creditando-as a
Deus. Havia uma explicação muito clara dos porquês deste cativeiro, mas
afastados do Eterno tudo parecia cada vez mais confuso.
Ninguém pode afirmar que servindo ao Senhor não teremos
dificuldades. Isto é uma tremenda mentira, pois o próprio Yeshua [Jesus] afirmou:
“Neste mundo, vocês terão aflições.” (Yochanan [João] 16.33 BJC). Porém uma
coisa é certa, permanecendo com o único e verdadeiro Deus jamais seremos
enganados. Muitas pessoas que estão ao nosso lado sempre têm um conselho, uma
palavra para nós. Destas, diversas falam de acordo com seu próprio
conhecimento, ou pela crendice popular. Talvez realmente tenham uma ótima
intenção em proferir estas palavras para nós, e não desejam nos prejudicar.
Muitas inclusive falam aquilo que nós mesmos as encorajamos a falar (Jr 29.8),
e ouvimos exatamente o que desejávamos. Porém nenhum homem ou mulher, nem mesmo
nós, pode saber o que é melhor para nós e o que devemos fazer de acordo com o
momento que vivemos. Quem possui estas respostas é somente o Senhor dos Exércitos,
pois é Ele quem possui planos para nós (Jr 29.11). Ele é quem proferiu cada uma
das promessas que nos apegamos e somente Ele é fiel para cumprir cada uma delas
(Dt 7.9).
Eu vejo o povo cativo na Babilônia, figuradamente,
chegando com suas malas e deixando-as prontas, pois as profecias que ouviam era
que em breve estariam saindo do cativeiro. Mas o Senhor, através de Yirmeyahu
começa a carta orientando o povo a desfazer as suas malas. Para que possamos
passar por qualquer momento em nossas vidas é necessário primeiramente ouvirmos a vós de nosso Deus, e confiarmos que Ele
realmente sabe o que é melhor para nós, e somente o desejo de Deus “é bom,
satisfatório e fadado ao êxito” (Romanos 12.2 BJC).
É interessante a mensagem do Senhor, ao povo. Enquanto
este clamava por libertação do cativeiro, a resposta de Deus é: “Eu vou
libertar, mas não agora”. Como é difícil escutar do Senhor: “Espere”. Somos
imediatistas. Vivemos na era do Fast Food. Queremos tudo “para ontem”. Mas
servimos a um Deus que não se deixará influenciar por nossos caprichos. Ele é
Deus, e está acima de todos, e nós
precisamos aprender a esperar o tempo de Deus. O próprio Kohelet [Pregador]
diz em Kohelet [Eclesiastes] 3: “Há tempo para tudo, o momento certo para toda
intenção debaixo do céu” (Kohelet [Eclesiastes] 3.1 BJC). O povo clamou, Deus
respondeu. Depois de 70 anos eles seriam libertos do cativeiro babilônico.
Confiar em Deus implica em saber esperar o tempo determinado por Ele. Da mesma
forma que ninguém compra um veículo para uma criança de 7 anos de idade, o
Senhor sabe que uma promessa cumprida fora do tempo pode se tornar uma
maldição, não uma benção.
E além do tempo certo, nosso Deus tem a maneira certa de
agir. Nós não podemos dar comandos ao Senhor. Muitos infelizmente até tentam
isto, e acabam agindo como uma criança mimada que dá ordem a seus pais. Mas,
diferente de pais humanos que muitas vezes sede às ordens de seus filhos, nosso
Pai celestial não obedece nossas ordens. Deus sabe a melhor forma de agir, e o fim que desejamos é alcançado com
eficiência no modo de agir do Senhor.
Podemos observar que, não importa qual seja a situação
que estamos vivendo, somente no Senhor teremos condições de continuar. Ele não
é apenas o Deus quem nos abençoa, mas também o Senhor que nos dá forçar para
enfrentar as situações adversas e sairmos delas como vencedores, sabendo que
nada “será capaz de nos separar do amor de Deus que procede mediante o Messias
Yeshua, nosso Senhor” (Romanos 8.39 BJC). Diante de tamanho Deus só temos um
posicionamento: entregarmo-nos a Ele.
Se entregar a Deus é confiar que Ele já tem feito tudo
por nós. É confiar que a salvação que possuímos não é mérito nosso, mas uma
dadiva de nosso Deus (Ef 2.8). É confiar que tudo aquilo que possuímos é fruto
da graça e do amor do Senhor manifestado sobre nós, pois mesmo distantes do
Senhor, Ele continua nos amando (Rm 5.8). E este mesmo Deus não nos deixa ficar
constrangidos por pedir mais alguma coisa, Yeshua nos ensina: “Peçam
continuamente, e lhes será dado; continuem procurando, e vocês acharão;
continuem batendo, e a porta lhes será aberta.” (Mattityahu [Mateus] 7.7 BJC).
Tudo aquilo que precisamos, podemos pedir ao nosso Pai em oração. Deus escuta nossas orações. “O braço de
ADONAI não é curto demais para salvar, nem seus ouvidos tão surdos para ouvir.
Todavia, são as suas transgressões que os separam de Deus; seus pecados
escondem-lhe o rosto de vocês, para que ele não ouça.” (Yesha’yahu [Isaías] 59.
1 e 2 BJC).
Este texto de Yesha’yahu [Isaías] é bem claro ao dizer
que, embora Deus ame inclusive aqueles que permanecem na prática do pecado, Ele
não escuta as orações daqueles que não estão arrependidos de seus pecados. Um
coração arrependido é necessário para que nossas orações sejam ouvidas. Deus
não espera que sejamos perfeitos em tudo, ele sabe que somos pecadores e como
tal muitas vezes erraremos. O que o Senhor espera de nós é que o pecado não
seja um fato continuo em nossa vida, e sim um acidente de percurso, e, quando
este acontecer, Deus espera que nos aproximemos dele com um coração quebrantado
e arrependido pedindo perdão. O arrependimento que precisamos ter não é somente
um remorso pelo que fizemos, mas uma decisão e um esforço de não permanecermos
nesta prática.
Um último elemento que vejo na carta de Yirmeyahu, além
da confiança no tempo e no modo do Senhor agir, além do incentivo a
apresentarmos a Ele nossos pedidos, é o incentivo ao relacionamento de
intimidade com nosso Deus. Precisamos buscar a face de Deus e não apenas Suas
mãos. Precisamos nos relacionar com nosso Pai e não apenas busca-lo quando nos
interessa. Aprendemos no texto da abertura desta mensagem que o Senhor nos
deixará encontra-lo, como um pai que brinca de esconde-esconde com seu filho,
como Tommy Tenney ilustra em seu livro “Os Caçadores de Deus”. Mas está busca
somente irá chegar ao verdadeiro Deus quando for “de todo o coração” (Yirmeyahu
29.13 BJC).
O coração na Bíblia representa mais do que sentimentos
humanos. Representa aquilo de mais intimo que possuímos, pois nosso coração
está muito bem guardado em nossa caixa torácica. Somente encontraremos o Senhor quando O buscarmos com nossa totalidade,
com integridade, com nossos desejos mais íntimos.
Temos a oportunidade de ter ao nosso lado o Deus que
controla nossa vida e tudo o que existe. Não devemos procurar esta companhia
somente para recebermos livramentos e bênçãos. Devemos procurar nosso Deus para
nos relacionarmos com Ele, para podermos conhecer o que Ele desejar revelar, e
quando realmente encontrarmos o relacionamento que Ele deseja ter conosco,
qualquer situação que passamos será simples, diante da força que receberemos de
nosso Pai.
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