“Muitas
pessoas que ouviram Yeshua [Jesus] dizer essas coisas confiaram nele. Então ele
disse aos habitantes de Y’hudah [os judeus] que haviam confiado nele: ‘Se vocês
obedecerem ao que digo, serão verdadeiramente meus talmidim [discípulos]; vocês conhecerão a verdade e a verdade os
libertará”.”
(Yochanan [João]
8.30-32 BJC [Bíblia Judaica Completa])
Nossa sociedade tenta exercer sobre cada ser humano um
domínio. Ela manipula nosso pensamento, tanta dominar nosso sentimento e deseja
controlar nossa vontade. Nesta batalha constante pela vida de cada homem e cada
mulher, nossa liberdade está em jogo. E para garantir a vitória, o próprio
conceito de verdade foi alterado. Deixou de ser algo absoluto para depender do
ponto de vista. E, presos dentro deste sistema, acabamos nos vendo em uma briga
para provar que o nosso ponto de vista corresponde à verdade.
Imagine que estou segurando uma moeda com meus dedos
polegar e indicador, de modo que eu possa ver uma face da mesma e a outra esteja
voltada para você. Posso afirmar categoricamente que o desenho desta moeda é a
cara, enquanto você tenta me convencer que o desenho é a coroa. A parte da
moeda que sou capaz de enxergar me diz que eu estou com a verdade, enquanto a
parte da moeda que você é capaz de enxergar diz que você está com ela. Olhando
apenas esta situação podemos ser forçados a concluir que a verdade é realmente
relativa. Mas imagine uma terceira pessoa que é capaz de olhar a moeda como um
todo. Ela é capaz de nos dizer que esta possui duas faces diferentes, e que
cada um de nós pode ver apenas uma delas.
A queda do homem criou uma barreira entre este e o
Criador, e tal barreira produziu no ser humano uma cegueira em relação à
verdade. Sabendo que verdade é a conformidade com a realidade, o pecado gerou
no homem uma nova percepção da realidade, uma percepção equivocada, onde
ficamos tão focados naquilo que estamos enxergando que não percebemos que sob
outro ponto de vista a situação é bem diferente.
Em sua conversa com Pilatos, Yeshua [Jesus] declara: “De
fato, a razão do meu nascimento e da minha vinda ao mundo é testemunhar a
verdade.” (Yochanan 18.37 BJC), ao que Pilatos responde: “Que é a verdade?”
(Yochanan 13.38 BJC). Neste diálogo Pilatos não obteve resposta. Provavelmente
porque não desejou reconhecer a verdade quando esta esteve à sua frente.
Na historia que contei a respeito da moeda, somente uma
pessoa que estava fora da discussão pode apresentar a verdade absoluta de que a
moeda possuía duas faces. Deste modo somente alguém que está fora desta
sociedade corrupta pode nos levar à verdade. Esta pessoa é Deus, que sendo
santo e incorruptível é o detentor da verdade, e somente Ele pode nos guiar a
esta verdade (Sl 25.5) e enviar a verdade para nos guiar (Sl 43.3). E de fato
foi isto que nosso Senhor fez. Ele escolheu a dedo homens e os inspirou a
escrever a sua Palavra, a Palavra da verdade (Jo 17.17), e preservou esta
mensagem até nossos dias.
Mais do que isto, “A Palavra se tornou um ser humano e
viveu entre nós, e vimos a sua Sh’khinah
[a presença divina, a manifestação da glória de Deus aos homens], a Sh’khinah do Filho único do Pai, repleto
de graça e verdade.” (Yochanan 1.14 BJC). Pilatos não obteve resposta, pois
diante dele estava a própria Verdade (Jo 14.6).
Yeshua é a verdade do Senhor, somente Ele conhece a
situação completa que estamos vivendo e, deste modo, é o único que pode nos
guiar e libertar de todo o engano. A verdade é a expressão da vontade de Deus a
respeito do homem, transmitida pelo Messias.
O conhecer desta verdade é desenvolvido em três sentidos:
1-
A verdade passa a habitar em nós (2 Jo 1-2):
mostra uma segurança de não sermos enganados. Mais do que isto, saber que a
verdade “permanece unida conosco e estará conosco para sempre” (2 Yochanan [2 João]
2 BJC) nos alerta a não permitirmos que a mentira faça morada em nós. Muitas
vezes, em determinadas situações que vivemos, preferimos nos apegar ao engano.
Alguns preferem uma doce mentira a uma dura verdade. Conhecer a verdade implica
em permitir que a verdade retire as vendas que estão sobre nossos olhos, para
que a Luz do Senhor brilhe sobre nossas vidas.
2-
Passamos a caminhar segundo a verdade (3 Jo
3-4): mostra um princípio de vida moral, uma preocupação de viver segundo as
diretivas da verdade. O talmid
[discípulo, aluno] real obedece a Yeshua, o que é mais do que reconhecer
mentalmente quem ele é. O verdadeiro talmid
faz da oração de David [Davi], quando diz: “ADONAI, ensina-me teu caminho, e
assim poderei viver por tua verdade; dá-me um coração constante, de maneira que
eu tema o teu nome.” (Tehillim [Salmos] 86.11), a sua própria oração.
3-
Passamos a “fazer a verdade” (Jo 3.21):
agimos em conformidade com aquilo que ela exige de nós. Reconheceremos se a
verdade está em nós através de nossas atitudes. É o Senhor quem nos ensina e
capacita a realizarmos “o que é verdadeiro” (Yochanan 3.21 BJC). Aquele que dá
ouvidos à voz do Senhor, proclamada através de sua Palavra e procura se
conformar à vontade do Criador, buscando a cada dia forças para viver de acordo
com seus preceitos, torna-se habitação da verdade. Agora “Se afirmamos que
temos comunhão com [Deus], mas andamos nas trevas, mentimos e não vivemos a
verdade” (1 Yochanan 1.6 BJC).
Deste
modo, através de Yeshua temos acesso à verdade, mas este acesso é mediante a
obediência aos seus mandamentos. Já nos versículos que abri esta mensagem
podemos ver Yeshua dizendo que seremos seus talmidim
se o obedecermos, e depois disto conheceremos a verdade. E esta obediência
implicar possuirmos em nosso interior os três sentidos da verdade vistos acima.
E, a
partir do momento em que decidimos obedecer a Yeshua, e receber a verdade do
Senhor sobre nós, passamos a ser livres. Esta liberdade é explicada pelo
próprio Messias: “eu lhes digo que quem pratica o pecado é escravo do pecado.”
(Yochanan 8.34 BJC). Sha’ul complementa esta ideia: “Vocês não sabem que, se
apresentarem a si mesmos como escravos obedientes a alguém, então tornam-se
escravos daquele a quem obedecem – quer do pecado, que conduz à morte, quer da
obediência, que conduz à justificação? Pela graça de Deus, vocês, que eram
escravos do pecado, obedeceram de coração ao padrão de ensino que lhes foi
transmitido; e, depois de terem sido libertados do pecado, tornaram-se escravos
da justiça. (Estou usando uma linguagem popular porque sua natureza humana é
muito fraca.) Da mesma forma que vocês costumavam oferecer seus vários membros
como escravos à impureza e à desordem, que conduz a mais desordem, ofereçam
gora seus membros como escravos à justiça, que conduz ao processo de tornar
santo, separar para Deus. Quando vocês eram escravos do pecado, estavam livres
da justiça;” (Romanos 6.16-20 BJC).
Só
existem dois caminhos a seguir: o caminho da justiça que leva a Deus e o
caminho do pecado que leva a morte. Longe do Senhor acreditamos que todos
percorremos o mesmo caminho, que todos os caminhos levam a Deus. Mas ao nos
aproximarmos de nosso Criador, podemos olhar de sua perspectiva e concluímos
que o verdadeiro caminho é Yeshua, e que a verdade que desejamos somente será
encontrada através da obediência. Somente por meio desta, receberemos do
Messias a capacitação a viver a vontade de Deus a respeito do homem, vontade
está que é boa, perfeita e agradável (Rm 12.2).