“Se parece mal a vocês servir a
ADONAI, então escolham hoje a quem servirão! Servirão aos deuses a quem seus
antepassados serviram dalém do rio? Ou talvez os deuses do emori, de quem vocês
tomaram a terra em que estão vivendo? Quanto a mim e minha casa, nós serviremos
a ADONAI!”
(Y’hoshua [Josué] 24.15 BJC
[Bíblia Judaica Completa])
Gosto
muito desta fala de Y’hoshua [Josué]. Ela é usada em praticamente todas as
mensagens sobre vida familiar e encarada por muito como uma promessa bíblica a
respeito da salvação de nossa família. Porém, o contexto em que a mesma foi
dita acaba passando despercebido e perdemos ricos detalhes deste acontecimento.
Vemos
nesta passagem um Y’hoshua idoso e um povo de Yisra’el [Israel] já descansado
das batalhas de conquistas da terra prometida. Nem tudo havia sido conquistado;
o livro de Shof’tim [Juízes] no primeiro capítulo narra tudo aquilo que ainda
devia ser conquistado numa segunda etapa conforme o ordena pelo Senhor (Dt
7.22). Mas terminada a primeira etapa, Y’hoshua convoca todo o povo a reafirmar
a aliança com o Senhor. E no seu longo discurso narrado nos dois últimos
capítulos do livro que leva seu nome, Y’hoshua diz que não importa qual seja a
escolha do povo, ele iria servir ao Senhor.
Esta
fala não é uma promessa que o Senhor salvaria a família de Josué. Refletia a
determinação de Josué em, no que dependesse dele, toda a sua casa estaria aos
pés do verdadeiro Deus. Ele não estava pedindo ao Senhor dos Exércitos que o
guiara até aquele momento para converter seus filhos. Estava assumindo um
compromisso perante seu Criador que através de suas atitudes levaria todos os
seus aos caminhos do Senhor.
Em
nossa vida temos o costume de empurrar a responsabilidade para alguém. É aquele
ditado: “A culpa é minha e ponho em quem eu quiser!”. Oramos e jejuamos pela
nossa família. Pedimos salvação, libertação, a paz do Senhor para dar fim às
contendas em algumas de nossas orações. Depois sentamos e esperamos que o
Senhor faça o que pedimos. Chamamos os pastores e obreiros, às vezes até nossos
irmãos da Comunidade para falar com nossos parentes, e esperamos que eles
encontrem a solução para os problemas de nossa casa.
Tenho
a certeza absoluta que Deus irá fazer a parte dele, mas precisamos fazer a
nossa. Assim como Y’hoshua precisamos assumir a responsabilidade sobre nosso
lar, e cumprir o nosso papel em nossa casa. Precisamos cumprir nossos deveres
independente do que os outros estão fazendo. Vejo Sha’ul falando neste sentido
quando diz que “o marido incrédulo foi separado por Deus pela mulher, e a
mulher incrédula foi separada por Deus pelo irmão” (1 Coríntios 7.14 BJC). Ele
não está falando na salvação destas pessoas apenas por possuir um cônjuge
seguidor do Messias, mas indicando que nossas ações, mesmo solitárias, em meio
a nossa família irão servir de sementes para gerar nos nossos um comportamento
diferente.
Deste
modo, antes mesmo de continuar lendo está mensagem eu te convido a elevar seus
pensamentos a Deus e a orar com sinceridade: “Senhor, ensina-me a ser um
semeador. Ensina-me a agir conforme a Tua orientação dentro de meu lar sem
esperar uma mudança imediata. Comece a obra que Tu tens para meu lar a partir
de minha vida, e depois me use para alcançar a vida de meus parentes. Todos nós
precisamos ser mudados por Ti. Amém”.
A
partir de agora, se abra para o que a Palavra do Senhor diz. Desarme-se para
que o teu Deus possa iniciar a obra em tua vida. Entenda o que a Bíblia diz a
respeito de seu dever em seu lar.
Maridos:
a primeira mensagem de Deus aos maridos diz respeito
ao casamento. Casamento é um compromisso assumido que jamais perde a validade.
O próprio Yeshua [Jesus] diz isto: “Vocês não leram que, no princípio, o
Criador os fez homem e mulher e disse: ‘Por esta razão, o homem deverá deixar
pai e mãe e se unirá à sua mulher, e os dois se tornarão uma só carne’?
Portanto, eles já não são dois, mas um só. Dessa forma, ninguém deve separar o
que Deus uniu.” (Mattityahu [Mateus] 19.4-6 BJC).
Este
alerta de Yeshua deve servir primeiramente para que não desistamos de nosso
matrimonio. Ele é sagrado. Foi constituído por Deus, e não temos o direito de
destruí-lo. Em segundo lugar, está mensagem de Yeshua nos leva a assumirmos a
responsabilidade da vida espiritual de nossa família. É evidente que não
forçaremos ninguém, mas serviremos de exemplo, de intercessores, assim como
Y’hoshua no texto que lemos anteriormente.
“Com relação aos maridos: ame
cada um sua mulher, como o Messias amou a comunidade messiânica e, de fato,
entregou-se a favor dela, a fim de separá-la para Deus, como que purificando-a
mediante a imersão na mikveh
[banheira ou piscina com um influxo de água, usado no judaísmo ortodoxo até o
dia de hoje para rituais de purificação], com o objetivo de apresentar a
comunidade messiânica a si mesmo como noiva da qual se orgulha, sem mancha,
ruga ou qualquer coisa semelhante, mas anta e sem defeito. É deste modo que
cada marido deve amar sua mulher – como ao próprio corpo; porque o homem que
ama sua mulher ama a si mesmo. Ninguém jamais odiou a própria carne! Ao
contrário, alimenta-a e cuida bem dela, do mesmo modo que o Messias faz com a
comunidade messiânica, porque somos partes de seu corpo. “Portanto, o homem
deixará pai e mãe e permanecerá com sua mulher, e os dois se tornarão um”. Há
uma verdade profunda oculta aqui; o que digo concerne ao Messias e à comunidade
messiânica. Entretanto, o texto também se aplica de modo individual a vocês:
que cada homem ame sua mulher como a si mesmo, e que a mulher respeite o
marido.”
(Efésios 5.25-33 BJC)
Marido,
você deve amar sua esposa do mesmo modo que o Messias amou a Comunidade
Messiânica, ou seja, entregando sua própria vida por ela. Você precisa entender
que precisa servi-la, cuidar dela. Você precisa agir do como Yeshua, ser um representante
dele na vida de sua esposa. Trate-a respeitosamente, sem mau humor (Cl 3.19).
Um
texto que tanto Yeshua quanto Sha’ul [Paulo] citaram nestas passagens é Gênesis
2.24, e é interessante notar que ele diz que o homem deve deixar pai e mãe.
Isto indica que depois do casamento o homem passa a ter a sua casa. Pai
continua sendo pai, mãe continua sendo mãe. Ambos continuam merecendo sua
honra, mas você não deve exigir que a sua casa funcione como a casa de seu pai.
Deixe as comparações de mora.
Esposas:
Do mesmo modo que o marido, a esposa deve deixar seus
interesses de lado para se preocupar com os de seu esposo.
“Submetam-se uns aos outros no
temor ao Messias. As mulheres devem se submeter ao marido como fazem em relação
ao Senhor; porque o marido é o cabeça da mulher, da mesma forma que o Messias –
como cabeça da comunidade messiânica – mantém o corpo seguro. Da mesma forma
que a comunidade messiânica se submete ao Messias, também as mulheres devem se
submeter aos maridos em tudo.”
(Efésios 5.21-24 BJC)
Este
texto já gerou muitas discussões por não ser visto dentro de seu contexto. A
palavra submissa usada por Sha’ul vem do grego hupotasso que representa uma atitude
voluntária de ceder, cooperar, assumir responsabilidade e levar uma carga. Isto
acaba tendo muito mais sentido quando recordamos de Gênesis 2.18. Outra
tradução de Efésios 5.21 diz: “Esposa, entenda e dê apoio ao seu marido”
(Bíblia A Mensagem – Ed. Vida).
A intensão não é
mostrar quem manda, mas aprender a viver sob os cuidados do marido. Com maridos
descrentes a esposa cumpre o exemplo de Cristo em submissão, mansidão (atitude
de cooperação) e tranquilidade.
Pais:
“Ensine a criança no caminho em
que ela deve seguir; e, mesmo quando ficar velha, não se desviará dele.”
(Mishlei [Provérbios] 22.6 BJC)
Ensinar é uma responsabilidade dos pais
perante o Senhor, e junto com a mesma recebemos a promessa que se realizarmos
nosso papel, nossos filhos irão permanecer no que ensinamos. Ensinamos mediante
o que praticamos não o que mandamos.
“Pais, não irritem seus filhos nem façam
deles pessoas ressentidas; em vez disso, eduquem-nos com o tipo de disciplina e
instrução proveniente do Senhor.”
(Efésios 6.4 BJC)
Encontrei duas traduções deste mesmo
versículo que considerei muito interessante: “Pais, não provoquem seus filhos,
sendo duros demais com eles. Tratem de segurá-los pela mão para guiá-los no
caminho do Senhor.” (Bíblia A Mensagem – Ed. Vida) e “E vós, pais, não deis a
vossos filhos motivo de revolta contra vós, mas educai-os com correções e
advertências que se inspirem no Senhor.” (Bíblia de Jerusalém Ed. Paulus).
Guiá-los pela mão mostra caminhar juntos. Mostra
ensinar através das atitudes. Se inspirar no Senhor é agir como Deus age
conosco, servir de representante de Deus para nossos filhos. Seu filho irá se
relacionar com Deus mais facilmente se o seu relacionamento com ele o inspirar
a isto. Educar é sinal de amor.
Filhos:
“Filhos, o que vocês devem
fazer em união ao Senhor é obedecer a seus pais, porque isso é correto. “Honre
seu pai e sua mãe” – este é o primeiro mandamento que incorpora uma promessa –
“para que você vá bem e possa viver bastante na terra”.
(Efésios 6.1-3 BJC)
Obediência é um dever que agrada ao Senhor a
atrai suas bênçãos. Aprenda a escutar seus pais. Você pode não acreditar, mas
eles são mais sábios que você. Eles possuem a experiência. Escute e guarde
aquilo que ouviu.
A
vida em família é uma constante entrega. Vivemos não para nós mesmos, mas em
função daqueles que estão ao nosso lado. Procuramos não os nossos próprios
interesses, mas fazemos a nossa parte para suprir as necessidades daqueles que
nos cercam. Não tentamos provar que somos melhores, mas valorizamos a cada um,
reconhecendo a sua importância. Todos foram criados por Deus, à imagem do Pai.
A família é um
projeto do Senhor, mas, como todo projeto, só será bem sucedido se seguirmos a
risca as orientações do Engenheiro. Só Ele possui toda a sabedoria para nos
conduzir a perfeita edificação de nosso lar. Precisamos escutá-lo e agir sob sua
orientação.
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