domingo, 23 de outubro de 2011

"Oseh Shalom" (Tradução)



Aquele que estabelece a paz nos céus,
Fará a paz sobre nós e sobre todo o Israel
E todos digam Amém

Encontro com Deus

“Dessa forma, se alguém estiver unido ao Messias, é uma nova criação – a antiga já passou; vejam: o que há agora é diferente e novo! ’
(2 Co 5:17 NTJ)

            Muitos falam em ter um encontro com Deus, e outros realmente desejam tal encontro. Mas, como é que podemos ter um encontro com nosso Deus? E talvez a pergunta mais importante: o que realmente é ter um encontro com Deus?
            Um encontro com Deus é algo que transforma radicalmente nossa vida. Não existe encontro com Deus sem transformação de vidas. Este encontro não nos faz instantaneamente diferentes, mas cria em nós a necessidade de mudarmos, nos capacitando a agir como o apóstolo Sha’ul [Paulo] quando escreveu à igreja de Corinto: “Trato o meu corpo com severidade e faço dele meu escravo, para que, ao anunciar as boas-novas a outros, eu mesmo não seja desqualificado” (1 Co 9:27 NTJ).
            De acordo com o próprio apóstolo no versículo que abre esta mensagem, um encontro com Deus, ou seja, uma união ao Messias, que é nosso acesso ao Pai (Jo 14:6), gera em nós uma nova criação. ‘Ele está falando do fato de que os cristãos agora estão reconciliados com Deus. A vida antiga, sem reconciliação e cheia de pecado agora faz parte do passado. Mas eles continuam sendo seres humanos, tendo características humanas. Eles não se tornam entidades abstratas, divorciadas de seus passados. ’ (David Stern; Comentário Judaico do Novo Testamento).
            Quando existe esta transformação em nossas vidas, e esta reconciliação entre nós e nosso Pai, passamos a viver a intimidade do Senhor e esta vida de intimidade faz com que passemos a nos parecer cada vez mais com Ele. Isto ocorre em nossa vida de união ao Messias como um grande círculo: estando reconciliados com Deus, desfrutamos de Sua intimidade, que gera em nós o caráter do Senhor. Este, por sua vez, nos possibilita a desfrutar ainda mais da intimidade do Senhor. Vivendo esta intimidade passamos a desfrutar de todas as promessas e da herança que o Senhor tem a seus filhos.
            Eu tenho a certeza que o Senhor tem promessas maravilhosas para realizar em sua vida, meu irmão. E creio que você deseja viver destas promessas, assim como Abraão viveu as promessas que Deus tinha para ele, e, mesmo que ele tenha vivido a cerca de 4000 anos atrás, podemos dizer ainda tem vivido. É muito interessante ver a primeira aparição de Abraão na Bíblia:
“Viveu Tera setenta anos e gerou a Abrão, a Naor e a Harã.
São estas as gerações de Tera. Tera gerou a Abrão, a Naor e a Harã; e Harã gerou a Ló. Morreu Harã na terra de seu nascimento, em Ur dos caldeus, estando Tera, seu pai, ainda vivo. Abrão e Naor tomaram para si mulheres; a de Abrão chamava-se Sarai, a de Naor, Milca, filha de Harã, que foi pai de Milca e de Iscá. Sarai era estéril, não tinha filhos.
“Tomou Tera a Abrão, seu filho, e a Ló, filho de Harã, filho de seu filho, e a Sarai, sua nora, mulher de seu filho Abrão, e saiu com eles de Ur dos caldeus, para ir à terra de Canaã; foram até Harã, onde ficaram. E, havendo Tera vivido duzentos e cinco anos ao todo, morreu em Harã.
“Ora, disse o SENHOR a Abrão: sai da tua terra, da tua parentela e da casa de teu pai e vai para a terra que te mostrarei; de ti farei uma grande nação, e te abençoarei, e te engrandecerei o nome. sê tu uma bênção!”
(Gênesis 11:26 a 12:2)
            Abraão, ainda chamado de Abrão, aparece no meio de uma genealogia e no versículo seguinte vemos o Senhor chamando-o. Mas o que aconteceu para que Abraão tivesse este encontro com Deus?
Conta-se no Talmude que Tera era fabricante de ídolos e, certa vez, tendo o seu pai saído, Abraão quebrou os ídolos do pai e pegou o martelo com o qual fizera a "quebradeira" e colocou esse martelo na mão de um único ídolo que deixou inteiro. O pai chegou e ficou furioso e logo acusou Abraão que se defendeu dizendo que não fora ele, mas sim o ídolo que estava com o martelo nas mãos. O pai reagiu dizendo que o ídolo não andava, nem saia do lugar, não fazia nada, como faria isso?Foi assim que o jovem conseguiu explicar ao pai que aquele ídolo não podia nem com um martelo, nem se locomover, nem os demais puderam se defender, como poderiam então as estátuas ajudá-los?
Uma lenda judaica narra a busca de Abrão pelo verdadeiro Deus. Diz a lenda que o jovem Abrão conversa com um grupo de pastores e pergunta-lhes onde encontrar ao Criador, ao que eles respondem que deus é o Sol, a Lua, a estrela mais brilhante. Abrão achou isto um absurdo, pois o Sol desaparece à noite, indicando que a Lua deveria ser mais forte que este, e a Lua desaparece durante o dia, assim como as estrelas. O Criador de tudo deveria ser mais forte.
Encontrando uma grande multidão em um templo, pergunta-lhes a mesma coisa, e eles apontam que deus são os ídolos que adoravam. Mas isto era mais uma vez inaceitável para Abrão, pois como poderia adorar aqueles feitos pelas mãos de um homem? Em outra ocasião um soldado apontou o rei como o verdadeiro Deus, mas como adorar aquele que era de carne o osso como ele?
Procurando o verdadeiro deus, Abrão encontrou-se com o Senhor. Podemos encontrá-lo quando o procuramos verdadeiramente. Muitos o têm procurado em locais errados. Deus não é encontrado no Sol, na Lua, nem nas estrelas, naquilo que podemos ver. Deus não é encontrado nos ídolos, naquilo que a multidão está seguindo. Deus não é encontrado nos reis, nos poderes e autoridades deste mundo. Se a sua confiança tem sido nestes elementos, então você nunca encontrará o verdadeiro Deus.
O Senhor é encontrado por um coração quebrantado. Um coração que mesmo que não possa ver nem sentir acredita. Isto é fé, nossa confiança. Fé é razão, é certeza, e não uma emoção. “A confiança é a certeza do que esperamos, convencidos das coisas que não vemos (Hb 11:1 NTJ).
A confiança em Deus é fundamental para nosso encontro com Ele, como diz Habacuque: o justo viverá pela fé (Hc 2:4). E está vida de confiança nos permite caminharmos com o Senhor. Neste caminhar, muitas vezes as pessoas não nos entenderão. Mas não estaremos sós, o Senhor estará conosco, e, com o Senhor dos Exércitos do nosso lado, a quem temeremos.
“Elevo os olhos para os montes: de onde me virá o socorro? O meu socorro vem do SENHOR, que fez o céu e a terra.”
(Sl 121: 1 e 2)
“Como ribeiros de águas, assim é o coração do rei na mão do SENHOR; a tudo quanto quer o inclina.”
(Pv 21:1)

domingo, 20 de março de 2011

“Purim”

“Mordecai escreveu estas coisas e enviou cartas a todos os judeus que se achavam em todas as províncias do rei Assuero, aos de perto e aos de longe, ordenando-lhes que comemorassem o dia catorze do mês de adar e o dia quinze do mesmo, todos os anos, como os dias em que os judeus tiveram sossego dos seus inimigos, e o mês que se lhes mudou de tristeza em alegria, e de luto em dia de festa; para que os fizessem dias de banquetes e de alegria, e de mandarem porções dos banquetes uns aos outros, e dádivas aos pobres. Assim, os judeus aceitaram como costume o que, naquele tempo, haviam feito pela primeira vez, segundo Mordecai lhes prescrevera; porque Hamã, filho de Hamedata, o agagita, inimigo de todos os judeus, tinha intentado destruir os judeus; e tinha lançado o Pur, isto é, sortes, para os assolar e destruir. Mas, tendo Ester ido perante o rei, ordenou ele por cartas que o seu mau intento, que assentara contra os judeus, recaísse contra a própria cabeça dele, pelo que enforcaram a ele e a seus filhos. Por isso, àqueles dias chamam Purim, do nome Pur. Daí, por causa de todas as palavras daquela carta, e do que testemunharam, e do que lhes havia sucedido, determinaram os judeus e tomaram sobre si, sobre a sua descendência e sobre todos os que se chegassem a eles que não se deixaria de comemorar estes dois dias segundo o que se escrevera deles e segundo o seu tempo marcado, todos os anos; e que estes dias seriam lembrados e comemorados geração após geração, por todas as famílias, em todas as províncias e em todas as cidades, e que estes dias de Purim jamais caducariam entre os judeus, e que a memória deles jamais se extinguiria entre os seus descendentes.”
(Ester 9:20 a 28)

            No sábado dia 19 de março de 2011, comemoramos mais um Purim. Mais do que um dia comum no nosso calendário, o dia de Purim é um memorial de que o Eterno cuida dos seus. Uma lembrança eterna do grande livramento que nosso Senhor concedeu ao seu povo.
            Em Purim nos lembramos da história do livro de Ester (Meguilá), e ao som do raasham (reco-reco) nos indignamos ao recordar do perverso Hamã e de sua tentativa de exterminar todo o povo judeu que estava na Pérsia.
            Todo este ódio começou quando Mordecai recusou-se a prostrar-se diante de um homem. Ele reconhecia que apenas deveria se prostrar diante do Eterno e preferia morrer antes de inclinar-se diante de um homem. Ao saber disto Hamã lançou sorte para escolher um dia que seria usado para exterminar não somente Mordecai, mas todo povo judeu, uma sentença decretada pelo rei Assuero contra todos aqueles que guardavam a lei do Senhor.
            Desde Abraão o chamado do Eterno ao seu povo é para abençoar todas as famílias da terra (Gn 12:3), e este chamado foi confirmado por Moisés quando disse que seremos um reino de sacerdotes (Ex 19:6). Ora, para que serviria um sacerdote senão para interceder diante de Deus por um povo? Assim sendo, nossa missão é interceder pelas nações e aproximá-las de HaShem Echad (O Único Deus). Porém nesta função, incomodamos algumas pessoas, assim como a luz incomoda quem está nas trevas.
            Foi isto o que aconteceu com Mordecai e com todo o povo de Deus na Pérsia. Seu compromisso com o Eterno o colocou numa situação desesperadora. Mas o que fazer então? Deixar o Eterno para que a vida fosse poupada? Certamente que não! Quanto mais próximos estamos de Deus, mais confiamos em seu poder e misericórdia que nos cercam.
            Foi esta confiança que motivou Mordecai a permanecer firme diante daquele que desejava sua morte, e levou a rainha Ester a apresentar-se diante do rei sem ter sido chamada, mesmo sabendo que isto poderia condená-la a morte. Foi a confiança no Criador que motivou a Ester a interceder ao rei em favor do povo. E como os pensamentos do Senhor ao seu povo sempre é de paz (Jr 29:11), Ele se levanta em favor de seu povo não apenas exterminando o perverso Hamã, mas dando vitória ao seu povo diante de todos os seus inimigos que se levantaram contra eles naquele dia.
            O Eterno se movimenta em favor dos seus. Nós é que muitas vezes nos afastamos do Senhor procurando viver nossas próprias vidas. A presença do Criador estará sempre conosco, desde que a cada dia nós o convidemos a entrar em nossos lares, a fazer parte de nosso tempo. Que a cada manhã você possa declarar: “Shema Israel, HaShem Elokeinu, HaShem Echad” (Escuta ó Israel, o Eterno é seu Deus, o Eterno é UM). Você é Israel, e o Eterno é seu Deus, um Deus pessoal e não distante.
            A lembrança deste Deus Salvador e Libertador que alegra nossa festa de Purim e nossas vidas. E que nesta festa, debaixo desta salvação, nós possamos dividir nossa alegria com todos, compartilhar nossos banquetes com nossos irmãos, sabendo que nosso Criador não se aquieta com um juízo de morte lançado sobre Seu povo, mas se levanta em nosso favor.

sábado, 26 de fevereiro de 2011

"Shma Israel" de Sarit Hadad (Tradução)

Shalom a todos. Não se esqueçam de nosso Deus único e poderoso, pois Ele jamais se esquece de nós.



Escuta Israel

Quando o coração grita, só Deus entende
A dor chega até a alma
Um homem cai antes de se afogar
Corta o silêncio de uma súplica

(Refrão)
Escuta Israel, meu Deus. Tu és o todo-poderoso
Tu me deste a vida, Tu me deste tudo
Uma lágrima em meus olhos, meu coração chora em silêncio
E quando o coração é silencioso, a alma grita de dor
Escuta Israel, meu Deus. Agora estou completamente só
Faça-me forte, meu Deus, assim já não terei medo
A dor é grande e não há lugar aonde ir
Pára tudo isso, já não tenho a força para suportá-lo

Quando o coração chora, o tempo para
Um homem vê sua vida passar diante de seus olhos
Ele não quer ir ao desconhecido
Ele chama seu Deus à margem do poço sem fundo

(Refrão - 2x)
Escuta Israel, meu Deus. Tu és o todo-poderoso
Tu me deste a vida, Tu me deste tudo
Uma lágrima em meus olhos, meu coração chora em silêncio
E quando o coração é silencioso, a alma grita de dor
Escuta Israel, meu Deus. Agora estou completamente só
Faça-me forte, meu Deus, assim já não terei medo
A dor é grande e não há lugar aonde ir
Pára tudo isso, já não tenho a força para suportá-lo

Paixões

“O que causa disputas e lutas entre vocês? Não são os desejos guerreando em seu interior? Vocês desejam coisas que não têm; matam e invejam, mas não conseguem obtê-las. Então vocês lutam e disputam. O motivo pelo qual vocês não têm é que não oram! Ou vocês oram e não recebem, por orarem com a motivação errada: a pretensão de saciar os próprios desejos.”
“Esposas infiéis! Vocês não sabem que amar o mundo é odiar a Deus? Quem escolhe ser amigo do mundo transforma-se em inimigo de Deus! Ou vocês supõem que a Escritura fala em vão ao afirmar que há um espírito entre nós que cobiça com intensidade? Mas a graça que ele nos concede é maior, por isso a Escritura diz: ‘Deus se opõe aos arrogantes, mas dá graça aos humildes’
“Portanto, submetam-se a Deus. Além disso, resistam ao Adversário, e ele fugirá de vocês. Aproximem-se de Deus, e ele se aproximará de vocês! Limpem as mãos pecadores; purifiquem o coração, vocês que tem mente dividida! Gemam, lamentem-se e solucem. Que seu riso se transforme em lamento e sua alegria, em tristeza! Humilhem-se perante o Senhor, e ele os exaltará.”
“Irmãos, parem de falar mal uns dos outros! Quem fala contra um irmão ou julga seu irmão, fala contra a Torah e julga a Torah. E, se você julgar a Torah, não é praticante dela, mas seu juiz. Há apenas um Doador da Torah; ele também é o Juiz, com poder para salvar e destruir. Quem você pensa que é para julgar outro ser humano?”
“Agora ouçam, vocês que dizem: ‘Hoje ou amanhã iremos para a cidade tal, faremos negócios e ganharemos dinheiro lá durante um ano! ’. Vocês nem mesmos sabem se estarão vivos amanhã! Porque todos são uma neblina que aparece por um pouco e depois se dissipa. Em vez disso, vocês deveriam dizer: ‘Se Adonai quiser que aconteça’, viveremos para fazer isto ou aquilo. Contudo, agora, vocês se gloriam de sua arrogância. E toda vanglória é maligna. Portanto, qualquer um que saiba a coisa certa a fazer e não faz, comete pecado.”
(Ya’akov [Tiago] 4:1 ao 17 NTJ)

            Nesta semana quero conversar com vocês a respeito deste capitulo da carta de Ya’akov [Tiago] as doze tribos na Diáspora. Ya’akov foi um dos primeiros lideres da Comunidade Messiânica, conhecido como o Justo, e, de acordo com o historiado Flávio Josefo, passava uma grande parte do dia orando. A carta de Ya’akov é conhecida como o livro de Provérbios do Novo Testamento, por apresentar o lado prático do Evangelho.
            No capítulo que apresentei no inicio deste texto, Ya’akov está falando sobre paixões, mas, ao contrário do que muitos acham, a paixão não é um sentimento gostoso que surge em nosso coração. A paixão pode ser definida como fanatismo, cegueira, um sentimento que se sobrepõem a lucidez, que ultrapassa os limites da lógica. A paixão de modo algum é um sentimento que devemos culivar dentro de nós, pois, de acordo com Ya’akov, é a paixão que causa guerras, contendas e divisões. E este é o tema desta mensagem.
            A primeira paixão que encontramos neste texto é a Paixão pelo seu prazer, por seu bem estar. Este é um sentimento muito comum nos dias de hoje e que não pode ser confundido com a realização de nossos sonhos. Uma coisa, por exemplo,  é você sonhar com sua casa própria e batalhar para comprá-la. Outra bem diferente é você ficar fanático pela compra de sua casa ao ponto de fazer qualquer coisa para obtê-la. Uma pessoa com esta paixão dentro de si pensa: “Eu tenho o direito de obter, e vou conseguir não importa o que tenha que fazer”. Ela deixa de se importar com os outros, e a única coisa que enxerga é ela mesma.
            Quando a paixão pelo prazer domina nossa vida, ela traz outros sentimentos tão nocivos quanto ela. A cobiça, que nada mais é que o desejo daquilo que os outros têm, a inveja, que pode ser descrita como o desgosto pelo bem e felicidade dos outros, e o desejo de matar, que não implica somente em tirar literalmente a vida, mas qualquer tipo de desejo de minar a alegria de viver das pessoas. Palavras matam mais que qualquer outro tipo de arma.
            Aqueles que alimentam sua paixão pelo prazer, não receberão nada de Deus. Veja o exemplo de Yeshua [Jesus] o Messias: “Apesar de ele viver na forma de Deus, não considerou a igualdade com Deus algo a ser mantido pela força.” (Fp 2:6 NTJ). Ele não pensou em si mesmo, mas entregou-se por todos nós.
            A segunda paixão que encontramos é a Paixão pelo mundo, por aquilo que não pertence a Deus.  Um sentimento que constantemente bate a nossa porta geralmente desejando uma identificação com aqueles que nos cercam. Não queremos parecer diferentes dos nossos colegas de trabalho, de escola, de nossos vizinhos e por aí vai. E para afugentar esta diferença começamos a nos vestir como eles, nos portar como eles, falar como eles, frequentar os mesmos lugares e ouvir as mesmas músicas. Ya’akov é bem claro ao dizer que aqueles buscam a amizade com o mundo, encontra inimizade com Deus.
            Veja o que veste, será que Deus sairia com você vestido deste jeito? Saiba aquilo que está cantando, estas letras estão atraindo ou afastando a presença de Deus? Escolha onde anda, se Deus não está com você, então não é lugar para você. Ouvi certa vez uma história bem interessante de uma senhora cristã, que era constantemente convidada por seus filhos para sair com eles. Um da ela concordou em ir ao cinema e ao chegar aproveitando que o filme não havia começado, ajoelhou-se para orar. Seus filhos constrangidos lhe disseram que o cinema não era lugar para orar, ao que ela prontamente respondeu, se não é lugar para buscar a Deus, não é lugar para ela estar.
            Você tem o direito de escolher com quem anda, mas Deus não irá dividir você com o mundo. Não é Deus quem deve se adaptar ao seu estilo de vida, é seu estilo de vida que deve se adaptar a Deus. “Bem-aventurado o homem que não anda no conselho dos ímpios, não se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores.” (Sl 1:1).
            A terceira paixão que Ya’akov explora neste texto é a Paixão pelo controle. Esta paixão traz a nós a necessidade de fazer planos pessoais, confiando que nós conseguiremos realizar tudo aquilo que planejamos. Esta paixão é a confiança em si mesmo, nas sua própria força.
            Quando lemos que devemos falar em cada plano “se Deus quizer”, não estamos sendo ensinados a falar um jargão tão comum nos nossos dias, mas a deixar que Deus assuma o controle de nossas vidas.
            Mas como é que podemos nos livrar de tais sentimentos tão comuns a todos, e que têm aprisionado a muitos? Encontramos respostas a esta questão no mesmo trecho da carta de Ya’akov que lemos no início.
            Primeiramente devemos no submeter a Deus. Isto significa procurar em primeiro lugar a vontade de Deus, que sabemos ser boa, agradável e perfeita (Rm 12:2). Nos preocuparmos em realizar a vontade de Deus é o primeiro passo para nos livrarmos das paixões.
            Em seguida devemos resistir ao Adversário. Ele é o semeador das paixões. Dele vem as contendas e discórdias. Resistir a ele significa não ceder aquilo que ele lança sobre nós.
            Com isto seremos capazes de nos aproximarmos de Deus. Isto implica deixar para traz todo costume mundano. Quando nos aproximamos de Deus passamos a ser parecidos com ele, e diferentes de quem nos cerca. Isto significa sermos luz.
            Porém a aproximação de Deus não é algo que podemos fazer de qualquer jeito. Somos ensinados a limparmos as nossas mãos e purificarmos nosso coração. Nossas mãos são responsáveis por praticamente todas as nossas ações e nossos corações são vistos como a fonte de nossos sentimentos. Deste modo, a instrução que recebemos é limparmos as nossas ações, ou seja, nos esforçarmos com a ajuda do Ruach HaKodesh, Espírito de Deus, a agir com retidão. Purificar nossos corações é purificar nossos sentimentos, lutar contra tudo o que é impuro e está dentro de nós. Uma luta que só poderá ser vencida com a ajuda do Ruach HaKodesh.
            Por fim, só poderemos vencer as paixões com um sentimento de humildade. Reconhecermos que somos sujeitos ao pecado, e que erramos. Reconhecer que Deus está falando conosco, que isto que está lendo é para você e não para aquele irmão que você está pensando neste momento. Reconhecer nosso erro e ter humildade para buscar de Deus o perdão e a forma correta de viver é um passo fundamental para nos livrarmos das paixões que constantemente estão querendo nos aprisionar.

Shabat Shalom!

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Carros de Boi: Receitas para o Fracasso

“Tornou Davi a ajuntar todos os escolhidos de Israel, em número de trinta mil. Dispôs-se e, com todo o povo que tinha consigo, partiu para Baalá de Judá, para levarem de lá para cima a arca de Deus, sobre a qual se invoca o nome, o nome do SENHOR dos exércitos, que se assenta acima dos querubins. Puseram a arca de Deus num carro novo e a levaram da casa de Abinadabe, que estava no outeiro; e Uzá e Aiô, filhos de Abinadabe, guiavam o carro novo. Levaram-no com a arca de Deus, da casa de Abinadabe, que estava no outeiro; e Aiô ia adiante da arca. Davi e toda a casa de Israel alegravam-se perante o SENHOR, com toda sorte de instrumentos de pau de faia, com harpas, com saltérios, com tamboris, com pandeiros e com címbalos.
Quando chegaram à eira de Nacom, estendeu Uzá a mão à arca de Deus e a segurou, porque os bois tropeçaram. Então, a ira do SENHOR se acendeu contra Uzá, e deus o feriu ali por esta irreverência; e morreu ali junto à arca de deus. Desgostou-se Davi, porque o SENHOR irrompera contra Uzá; e chamou aquele lugar Perez-Uzá, até ao dia de hoje. Temeu Davi ao SENHOR, naquele dia, e disse: como virá a mim a arca do SENHOR? Não quis Davi retirar para junto de si a arca do SENHOR, para a cidade de Davi; mas a fez levar à casa de Obede-Edom, o geteu. Ficou a arca do SENHOR em casa de Obede-Edom, o geteu, três meses; e o SENHOR o abençoou e a toda a sua casa.”
(II Samuel 6:1 ao 11)

            Hoje quero compartilhar sobre um acontecimento muito importante na história de Israel: a primeira tentativa do rei Davi de trazer a arca da aliança para Jerusalém. Para que todos consigam situar-se neste acontecimento, é importante lembrar que a Arca foi tomada pelos filisteus em uma batalha contra o reino de Israel aproximadamente 60 anos antes deste acontecimento (I Sm 4:5 a 11), ficando com eles por sete meses. Após serem assolados com pragas, os filisteus mandaram a Arca de volta para Israel em um carro de bois (I Sm 6:1 ao 12). Pouco depois de recuperarem a Arca, esta ficou na casa de Abinadabe, aos cuidados de Eleazar, seu filho. O tempo passou e 60 anos depois a Arca é preparada para mais uma viagem: iria para Jerusalém, a capital do reino, porém nesta viagem duas pessoas cometeram graves erros, e estes erros levaram esta tentativa ao fracasso.
            São estes erros que gostaria de apontar e compartilhar com você neste dia, para que os conhecendo não caiamos nos mesmo, e assim não estar fadados ao fracasso.

Davi:

            A Bíblia conta que Davi desejava ter a Arca da Aliança em Jerusalém. Esta caixa de madeira coberta de ouro representava a presença de Deus a todo povo. Estar diante da Arca era o mesmo que estar diante de Deus naqueles dias. Ao planejar trazer a arca para Jerusalém, Davi estava se aproximando do Senhor, e, sabendo que Jerusalém era a capital do reino de Davi, a presença da Arca representava o governo de Deus sobre todo o povo. Como podemos observar tudo àquilo que Davi planejara era bom. Mas ele não observou alguns detalhes importantes.
            A Arca da Aliança deveria ser levada nos ombros. Esta foi a maneira que o Senhor ensinou ao povo de Israel desde a construção da Arca, enquanto eles caminhavam rumo a terra prometida, após terem deixado o Egito. Davi, provavelmente por ignorância não levou a Arca deste modo, ele a colocou sobre um carro de bois, o mesmo meio de transporte utilizado pelos filisteus ao devolver a arca.
            E mesmo após tudo ter dado errado, ao invés de desconfiar que ele havia se enganado, a Bíblia diz que Davi desgostou-se da atitude do Senhor. Como se Deus tivesse a obrigação de aceitar o gesto de Davi e se alegrar com ele.
            O primeiro ingrediente desta receita que produz o fracasso é a falta da busca da maneira correta. Ninguém é obrigado a saber de tudo, mas o Senhor preservou a nós a Sua Palavra para que através dela podemos conhecê-Lo e sabermos como proceder a cada instante.
            Se você deseja ter a vida de intimidade que o Senhor o convida a cada dia a ter você precisa buscar de Deus o que Ele espera desta vida. Não é Deus quem deve se adaptar nossa forma de viver, muito pelo contrário, é nossa forma de viver que deve se adaptar a Deus. Não podemos os esconder no fato que as pessoas que nos cercam agem de maneira incorreta, todos os nossos esforços devem ser para nós mesmos agirmos da maneira correta, e esta maneira só será conhecida se nos preocuparmos em buscar a real vontade de Deus.

Uzá:

            Uzá era filho de Abinadabe, e com certeza tinha menos que 60 anos, caso contrário não teria sido chamado para carregar a Arca até Jerusalém. Deste modo, como a Arca estava em sua casa por todo este tempo, no nascimento de Uzá a Arca já ocupava espaço em sua casa.
            Durante toda a infância, adolescência e vida adulta de Uzá, ele viu a Arca do Senhor, e, porque não dizer, se acostumou com ela. Para ele era como um móvel que está a anos na família, e que era passado de geração em geração. A Arca para ele se tornou algo comum.
            Assim, durante o transporte da Arca para Jerusalém, quando os bois tropeçaram, Uzá não pensou duas vezes e segurou a Arca. Neste momento a ira do Senhor se ascendeu contra Uzá e este caiu morto. Não entendo Deus ferindo Uzá por este ter tocado na Arca, mas pelo sentimento que havia em seu coração: a Arca, a presença de Deus, era algo comum.
            O segundo ingrediente para esta receita do fracasso é tornar comum aquilo que o Senhor santificou. A presença de Deus não é algo para se tratar de qualquer modo, e sim com reverência. Esta mesma reverência deve estar presente em nós ao cuidar da obra a qual Deus nos confiou. Nada que vem da parte do Senhor é comum.
           
            Todos queremos alcançar a presença de Deus em nossas vidas. Todos queremos alcançar a verdadeira comunhão e intimidade com nosso Senhor. Para que isto seja possível devemos fugir destes dois ingredientes.
            Leia a Bíblia, estude-a, e com isto você irá conhecer os preceitos do Senhor. Ao separar um tempo para esta leitura, procure um local calmo e com espírito de oração peça que o próprio Deus lhe traga o discernimento daquilo que está lendo. Você pode ter certeza que seus olhos serão abertos e você irá entender a tudo aquilo que ler.
            Trate a presença de Deus com temor. Ele é o Criador de tudo e de todos. Você não precisa ter medo de Deus, mas profundo respeito em seu coração. Não aja como se Deus fosse algo comum.
            Seguindo estes passos, você estará caminhando para o sucesso. Sucesso ao lado de nosso Pai.

domingo, 13 de fevereiro de 2011

O cuidado de Deus com seus filhos

“Acabe fez saber a Jezabel tudo quanto Elias havia feito e como matara todos os profetas à espada. Então, Jezabel mandou um mensageiro a Elias a dizer-lhe: façam-me os deuses como lhes aprouver se amanhã a estas horas não fizer eu à tua vida como fizeste a cada um deles. Temendo, pois, Elias, levantou-se, e, para salvar sua vida, se foi, e chegou a Berseba, que pertence a Judá; e ali deixou o seu moço.
Ele mesmo, porém, se foi ao deserto, caminho de um dia, e veio, e se assentou debaixo de um zimbro; e pediu para si a morte e disse: basta; toma agora, ó SENHOR, a minha alma, pois não sou melhor do que meus pais. Deitou-se e dormiu debaixo do zimbro; eis que um anjo o tocou e lhe disse: levanta-te e come. Olhou ele e viu, junto à cabeceira, um pão cozido sobre pedras em brasa e uma botija de água. Comeu, bebeu e tornou a dormir. Voltou segunda vez o anjo do SENHOR, tocou-o e lhe disse: levanta-te e come, porque o caminho te será sobremodo longo. Levantou-se, pois, comeu e bebeu; e, com a força daquela comida, caminhou quarenta dias e quarenta noites até Horebe, o monte de Deus.
Ali, entrou numa caverna, onde passou a noite; e eis que lhe veio a palavra do SENHOR e lhe disse: que fazes aqui, Elias? Ele respondeu: tenho sido zeloso pelo SENHOR, Deus dos exércitos, porque os filhos de Israel deixaram a tua aliança, derribaram os teus altares e mataram os teus profetas à espada; e eu fiquei só, e procuram tirar-me a vida.”
(1 Reis 19:1 ao 10)

            Quero hoje conversar a respeito da vida de Elias, um grande homem de Deus. Não sabemos muitos detalhes a respeito de sua vida: apareceu misteriosamente em 1 Reis 17 entre 874 e 853 a.C. durante o reinado de Acabe em Israel, e através dele o Senhor profetizou ao reino de Israel e fez grandes maravilhas. Elias profetizou seca em todo o reino e enquanto todos padeciam o Senhor o alimentou através de corvos. Em outra ocasião através da palavra de Elias a viúva de Sarepta teve seu sustento multiplicado e quando o filho desta faleceu, o clamor de Elias trouxe lhe vida. Desafiou os profetas de Baal a provar quem era o verdadeiro Deus e após desmascará-los, matou a todos. Orou ao Senhor e a chuva veio. Elias conheceu o poder do Senhor e viu a Sua mão fazer obras grandiosas, mas ainda assim o encontramos desanimado no texto que abre esta mensagem.
            Quantas vezes nos encontramos do mesmo modo? Sentimos o toque de Deus sobre nós e desfrutamos do poder do Senhor. Alegramos-nos em Deus e nesta força caminhamos. Mas por algum motivo nos sentimos cansados. O desanimo atinge nossas vidas e nos impede de continuar caminhando. Não nos desviamos do caminho do Senhor, apenas nos acolhemos no Senhor, e a chama que antes ardia em nosso interior começa a se apagar. Muitas vezes não conseguimos nem ouvir a Deus, e esta situação nos traz o sentimento de solidão.
            Foi assim que Elias se sentiu. Embora seu pedido fosse por sua morte, Elias não desejava morrer, afinal ele fugiu de Jezabel que procurava matá-lo. Ele estava com vontade de desistir, sentia-se sozinho, achando que todos os demais profetas do Senhor estavam mortos. Nesta situação ele procurou os cuidados do Senhor, e recebeu pão cozido e água. Esta refeição possibilitou que ele caminhasse por quarenta dias até o monte do Senhor.
            Procure ao Senhor em seu desânimo. Volte-se para Ele quando pensar em desistir. Somente Deus tem alimento para sua alma para que suas forças sejam renovadas e com elas você consiga caminhar até a presença do Senhor.
            Deus tem renovo para você. Descansa nEle. Somos muito afobados e tentamos fazer tudo com nossas forças. Mas devemos nos ater ao que o Senhor falou a Zorobabel em Zacarias 4:6: “não por força nem por poder, mas pelo meu espírito, diz o SENHOR dos exércitos.”.  Somente esperando o agir do Senhor não nos cansaremos, somente agindo de acordo com o espírito de Deus não nos fadigaremos. Esperar o tempo do Senhor é a melhor receita, conforme foi dito por Isaías: “mas os que esperam no SENHOR renovam as suas forças, sobem com asas como águias, correm e não se cansam, caminham e não se fatigam.”.
            Mas o operar do Senhor não parou por aí.

“Disse-lhe Deus: sai e põe-te neste monte perante o SENHOR. Eis que passava o SENHOR; e um grande e forte vento fendia os montes e despedaçava as penhas diante do SENHOR, porém o SENHOR não estava no vento; depois do vento, um terremoto, mas o SENHOR não estava no terremoto; depois do terremoto, um fogo, mas o SENHOR não estava no fogo; e, depois do fogo, um cicio tranqüilo e suave. Ouvindo-o Elias, envolveu o rosto no seu manto e, saindo, pôs-se à entrada da caverna. eis que lhe veio uma voz e lhe disse: que fazes aqui, Elias? Ele respondeu: tenho sido em extremo zeloso pelo SENHOR, Deus dos exércitos, porque os filhos de Israel deixaram a tua aliança, derribaram os teus altares e mataram os teus profetas à espada; e eu fiquei só, e procuram tirar-me a vida. Disse-lhe o SENHOR: vai, volta ao teu caminho para o deserto de Damasco e, em chegando lá, unge a Hazael rei sobre a Síria. A Jeú, filho de Ninsi, ungirás rei sobre Israel e também Eliseu, filho de Safate, de Abel-Meolá, ungirás profeta em teu lugar. Quem escapar à espada de Hazael, Jeú o matará; quem escapar à espada de Jeú, Eliseu o matará. Também conservei em Israel sete mil, todos os joelhos que não se dobraram a Baal, e toda boca que o não beijou.”
(1 Reis 19:11 ao 18)

            Deus entendeu a situação de Elias. Ele sempre entende a nossa fraqueza, as nossas necessidades. “De forma similar, o Espírito nos ajuda em nossa fraqueza, porque não sabemos como orar como devemos. Mas o próprio Espírito intercede por nós com gemidos muito profundos para serem transmitidos por palavras” (Rm 8:26 NTJ). “Mas o Senhor me disse: ‘Minha graça é suficiente para você, porque meu poder é aperfeiçoado na fraqueza’. Portanto, estou feliz de me orgulhar das minhas fraquezas, a fim de que o poder do Messias permaneça sobre mim.” (2 Co 12:9 NTJ).
            E Deus ensina a Elias uma grande lição. Diante de Elias passou um forte vento, um terremoto e por último fogo, antes de chegar à brisa suave.
            Foi um forte vento também que foi usado por Deus para abrir o mar Vermelho tornando os filhos de Israel livres do cativeiro egípcio. A abertura do mar representa nosso batismo onde deixamos para traz nosso velho homem e passamos a adotar uma nova vida em Deus. Representa nosso arrependimento.
            Um forte terremoto marcou a morte de Yeshua [Jesus], e através desta morte nossos pecados foram levados.  O terremoto representa nossa fé no sacrifício e na ressurreição do Messias Yeshua. Representa a aceitação de Yeshua como nosso salvador.
            Fogo desceu sobre o monte Sinai enquanto o Senhor falava com todos os filhos de Israel. Diante do monte Sinai o povo judeu assumiu o compromisso de servir ao Senhor. O fogo representa nosso compromisso com Deus.
            Após passar por estes três elementos Elias ouviu a voz do Senhor. O interessante é que estes elementos são importantes, mas não o fim. Nosso arrependimento é essencial para termos uma vida com o Senhor.  Tampouco existe vida com Deus sem a aceitação da salvação que temos em Yeshua. Assumir o compromisso de servir a Deus é importante. Mas, além disto, tudo nosso alvo deve ser estar na presença e na intimidade do Senhor.
            Embora a força e as demonstrações espetaculares de poder às vezes sejam necessárias, a verdadeira obra de Deus neste mundo não é levada mediante tais métodos. O que Deus tem para cada um de nós é intimidade, e esta intimidade proporciona a continuidade de nossa caminhada. Deus usa sinais e maravilhas para o povo, mas convida os filhos para ter um real encontro, para ter intimidade.
            Sei que você já viu o forte vento soprar, sentiu todo o chão estremecer e se aqueceu com o fogo que cai dos céus. Mas algo mais profundo está acontecendo lá fora: a brisa do Senhor está soprando. O convite para a intimidade está lançado. Você o aceitará?

domingo, 23 de janeiro de 2011

Nossa velha mania de fazer mais do que é devido

“Mas, havendo-se já fortificado, exaltou-se o seu coração para a sua própria ruína, e cometeu transgressões contra o SENHOR, seu Deus, porque entrou no templo do SENHOR para queimar incenso no altar do incenso. Porém o sacerdote Azarias entrou após ele, com oitenta sacerdotes do SENHOR, homens da maior firmeza; e resistiram ao rei Uzias e lhe disseram: A ti, Uzias, não compete queimar incenso perante o SENHOR, mas aos sacerdotes, filhos de Arão, que são consagrados para este mister; sai do santuário, porque transgrediste; nem será isso para honra tua da parte do SENHOR Deus. Então, Uzias se indignou; tinha o incensário na mão para queimar incenso; indignando-se ele, pois, contra os sacerdotes, a lepra lhe saiu na testa perante os sacerdotes, na casa do SENHOR, junto ao altar do incenso. Então, o sumo sacerdote Azarias e todos os sacerdotes voltaram-se para ele, e eis que estava leproso na testa, e apressadamente o lançaram fora; até ele mesmo se deu pressa em sair, visto que o SENHOR o ferira. Assim, ficou leproso o rei Uzias até ao dia da sua morte; e morou, por ser leproso, numa casa separada, porque foi excluído da casa do SENHOR; e Jotão, seu filho, tinha a seu cargo a casa do rei, julgando o povo da terra.”
(2 Crônicas 26:16 ao 21)

            É muito interessante a história do rei Uzias. Seu pai, Amazias, foi um grande rei de Judá, que iniciou seu reinado na presença do Senhor, mas terminou sua vida na idolatria, que trouxe a ruína tanto ao próprio Amazias quanto ao reino de Judá.  
            Com certeza Uzias conhecia a história de seu pai, seus erros e acertos, e as conseqüências de cada uma de suas ações. Conhecendo esta história Uzias teve uma enorme chance de escolher seu caminho sabendo o destino de suas escolhas. E ele decidiu fazer o que era correto.
            Uzias primeiramente buscou ao Eterno e esta busca o fez prosperar (2 Cr 26:5). Na presença de Deus ele saiu para guerrear e venceu as batalhas, ele edificou seu reino e juntou riquezas. Tudo aquilo que ele fazia prosperava, pois o Senhor ocupava o primeiro lugar em sua vida.
            Há um provérbio chinês que diz: “O sábio aprende com os erros dos outros.”. Uzias estava sendo sábio, olhava os erros de seu pai e aprendia com eles. Ele não se desviou do Senhor seu Deus, pelo contrário, deixou ao Eterno no primeiro lugar de sua vida e tudo o mais em segundo plano.
            Infelizmente na vida de Uzias teve um “mas”. E é desta forma que começa o trecho bíblico que lemos ao inicio deste texto. Provavelmente numa tentativa de agradar ao Senhor por tudo aquilo que recebeu, Uzias resolveu fazer mais daquilo que realmente deveria. Ele decidiu que iria queimar incenso, algo que deveria ser feito somente pelos sacerdotes.
            Esta é uma tendência que cada um de nós temos: não nos contentamos com aquilo que fazemos. Consideramos muito pouco buscar ao Senhor e fazer a Sua vontade, e passamos a criar em nossas vidas “mas” semelhantes ao de Uzias. Passamos a criar elementos que nos desviam da real presença de Deus, substituindo-a por ações que não nos competem fazer. Impomos a nós mesmos penitencias e sacrifícios, que na maioria das vezes não tem nada do Senhor. Substituímos desta maneira a verdadeira religião (religar-se com Deus) por um sistema de religiosidade, criando um conjunto de rituais que simplesmente precisa ser feito, quase sempre sem entendermos o que esta sendo feito. E esta religiosidade traz sobre nós também o velho legalismo, onde consideramos que tudo aquilo de estamos fazendo irá de algum modo comprar a presença de Deus e as bênçãos do Senhor sobre nós.
            Uzias iniciou o seu reinado buscando primeiramente ao Senhor, e sua busca lhe trouxe vitórias. Mas terminou este reinado com ações que não lhe competiam fazer, e isto lhe trouxe lepra.
Se Uzias tivesse buscado no Senhor o que realmente era queimar incenso, ele teria entendido que era a função do sacerdote, e não dele. Seu primeiro erro foi planejar uma ação que não entendia, uma ação mecânica, fez algo simplesmente porque deveria ser feito, sem significado algum. Quantos têm caído neste mesmo erro? Freqüentam uma comunidade porque precisa. Jejuam porque alguém falou que ele deveria. Oram e cantam ao Senhor sem sequer saberem o que estão falando. Isto não tem significado algum para Deus. É o que o sacerdote falou para Uzias: “nem será isso para honra tua da parte do SENHOR Deus.”.
O segundo, e maior erro do rei Uzias, foi não retroceder diante da exortação do sacerdote. Muito pelo contrario, ele se indignou com aquilo que o sacerdote lhe falou. E foi esta ira que fez com que a lepra viesse sobre ele. A lepra naquele tempo era uma das piores doenças que alguém poderia ter. A pessoa permanecia viva, porém afastada de todos. Era uma sentença de morte antes do tempo, uma morte em vida. E este foi o fim de Uzias, afastado de todos, morto para todos, até um novo rei foi colocado em seu lugar.
Errar é algo que faz parte da vida de cada ser humano. Erramos diariamente e muitos destes erros são frutos de uma vontade de acertar. São ações que fazemos ou que nos obrigamos a fazer que acabam ocupando o lugar da verdadeira busca ao Senhor. Acabamos deixando Deus em segundo plano, nos preocupando com nossas tradições e rituais em primeiro lugar. Porém o Senhor em sua infinita misericórdia, um de seus treze atributos, abre nosso olhos nos exortando. Ele nos mostra que deve ser o foco de nossas atenções e tudo o mais deve ser conseqüência desta busca. Precisamos ser humildes ao ponto de receber esta exortação e mudar a nossa atitude. Desprezar a exortação do Senhor só trará sobre nós a morte, só irá definitivamente nos afastar de nosso Deus.
Uzias teve a chance de aprender com os erros de seu pai. Em seguida teve a chance de aprender com o seu próprio erro. Ele desperdiçou estas chances. E você, o que feito?

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Comunicação

“Ora, em toda a terra havia apenas uma linguagem e uma só maneira de falar. Sucedeu que, partindo eles do oriente, deram com uma planície na terra de Sinar; e habitaram ali. E disseram uns aos outros: vinde, façamos tijolos e queimemo-los bem. Os tijolos serviram-lhes de pedra, e o betume, de argamassa. Disseram: vinde, edifiquemos para nós uma cidade e uma torre cujo tope chegue até aos céus e tornemos célebre o nosso nome, para que não sejamos espalhados por toda a terra. Então, desceu o SENHOR para ver a cidade e a torre, que os filhos dos homens edificavam; e o SENHOR disse: eis que o povo é um, e todos têm a mesma linguagem. isto é apenas o começo; agora não haverá restrição para tudo que intentam fazer. Vinde, desçamos e confundamos ali a sua linguagem, para que um não entenda a linguagem de outro. Destarte, o SENHOR os dispersou dali pela superfície da terra; e cessaram de edificar a cidade. Chamou-se-lhe, por isso, o nome de Babel, porque ali confundiu o SENHOR a linguagem de toda a terra e dali o SENHOR os dispersou por toda a superfície dela.”
(Gênesis 11:1 ao 9)

            Muitos conhecem a história da torre de Babel. Ela é contada a praticamente todas as crianças e revela a todos a origem de todas as línguas. Gostaria de conversar a respeito deste texto hoje.
            O primeiro ponto a observarmos é que estamos vendo a história dos descendentes de Noé. Após a arca repousar sobre as montanhas de Ararate e as águas baixarem, Deus fez uma aliança com Noé e com esta veio um ordenança: “Sede fecundos e multiplicai-vos; povoai a terra e multiplicai-vos nela.” (Gênesis 9:7). A ordem era para povoar a terra e depois multiplicar. Para que a terra toda pudesse ser povoada, era necessário que os homens se espalhassem pela terra. Observem que não temos somente alguns indivíduos andando pela terra, mas multidões de descendentes de Sem, Cão e Jafé, os três filhos de Noé.
            Este povo decidiu se reunir e construir uma cidade e nela uma torre. É muito interessante observarmos o motivo da construção desta torre: não serem espalhados por toda a terra, ou seja, não obedecerem à ordem do Senhor. A humanidade mais uma vez decidiu não obedecer ao mandamento do Senhor, e, para que esta sua postura pudesse ser mantida, ela decidiu construir uma torre, sendo assim a torre tinha duas funções: a primeira função era a de ferramenta, pois através dela os povos seriam impedidos de se espalharem pela terra. A segunda função da torre era a de um marco ou memorial, uma eterna lembrança que o homem virou as costas para Deus para seguir o seu próprio caminho.
            Durante esta construção o Senhor desceu para ver a cidade e a torre. É evidente que esta expressão é apenas uma maneira do homem entender o mover de Deus, pois sabemos que Ele é Onipresente, mas o que realmente chama muito a minha atenção é a fala do Senhor ao ver a obra que a humanidade estava fazendo: “Eis que o povo é um, e todos têm a mesma linguagem. isto é apenas o começo; agora não haverá restrição para tudo que intentam fazer.”. E agora, para que o homem descontinuasse de sua postura de desobediência, o Senhor confundiu as línguas dos homens, e, em virtude disto, a obra foi deixada de lado e todos se dispersaram. Quando não há comunicação, há separação.
            Quero, através desta passagem, olhar primeiramente para a nossa vida familiar, e depois ir mais além, olhando para a nossa vida como participantes do corpo de Yeshua, o Messias.
O Senhor chamou a cada um de nós e entregou-nos um mandamento acima de todos: “Amarás, pois, o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de toda a tua força.” (Deuteronômio 6:5). Neste mandamento está incluso o desejo do Senhor de manter um relacionamento com o homem. Já conversamos em palavras anteriores sobre a importância deste relacionamento. Nesta intimidade temos salvação, temos bênçãos, temos vida abundante. Quando nos afastamos desta presença os problemas começam a aparecer.
O texto de Gênesis é claro ao dizer que a confusão das línguas foi a conseqüência do posicionamento errado do homem. Isto nos mostra que se deixarmos Deus do lado de fora de nossas vidas traremos sobre nós confusão de línguas. Isto significa que somente em Deus há uma comunicação perfeita em nossas casas.
Você já conheceu lares onde parece que cada integrante fala um idioma diferente? O marido e a esposa não se entendem, pais e filhos vivem em mundos diferentes, tudo isto é resultado da confusão das línguas. Uma família que vive desta forma esta destinada a sua destruição. O mesmo acontece nas igrejas. É o que Yeshua [Jesus] disse: “Todo reino dividido contra si mesmo será arruinado, e toda cidade ou casa dividida contra si mesma não subsistirá.” (Mattityahu [Mateus] 12:25 NTJ).
E toda esta confusão de línguas é resultado da ausência da presença de Deus na vida de cada integrante desta casa. A perfeita comunicação só ocorrerá quando todos se posicionarem em uma vida de intimidade com o Senhor. Por mais improvável que isto pareça, tenha certeza que não é impossível. E antes de você desistir e aceitar a situação como está, saiba que o Senhor irá começar a operar em sua família a partir de você. Toda a obra de Deus no seu lar irá começar quando você se posicionar firme nEle. Traga hoje a presença de Deus sobre a sua vida e sobre o seu lar, e esta presença irá impactar e transformar primeiramente você e em seguida a cada um dos seus. Mas deixe Deus trabalhar. Mostre a obra que o Senhor fez em sua vida e deixe que seu testemunho impacte aqueles que o cercam.
As conseqüências desta vida em unidade são tremendas. É o que o Senhor falou: “não haverá restrição para tudo que intentam fazer”. Nada segura um lar unido. Nada segura uma igreja unida. Yeshua disse a Shim’on Kefa [Simão Pedro]: “Você é Kefa [que significa ‘pedra’], e sobre esta pedra edificarei minha comunidade, e as portas do Sh’ol [inferno] não a poderão vencer.” (Mattityahu [Mateus] 16:18 NTJ).
Toda a vida de bênçãos e conquistas que o Senhor já determinou sobre você e sobre a sua família serão conquistadas através da unidade. Unidade em Deus, e unidade com os seus. Para que esta unidade possa ser alcançada clame pela presença do Senhor, traga Deus para dentro de sua casa. Ore, jejue, cultue ao Senhor em família. Qual foi a ultima vez que você orou em família? Compartilhe a respeito da Bíblia e dos feitos do Senhor com os de sua casa.
Todas as vitórias que o Senhor já determinou sobre a comunidade, sobre a igreja, serão conquistadas através da unidade dos membros da comunidade entre si no amor de Deus. E esta unidade não será conquistada de modo diferente. A intimidade com Deus é a chave desta conquista.
Somente Deus traz a perfeita comunicação.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Decepcionado

“Tu ordenaste os teus mandamentos, para que os cumpramos à risca. Tomara sejam firmes os meus passos, para que eu observe os teus preceitos. Então, não terei de que me envergonhar, quando considerar em todos os teus mandamentos. Render-te-ei graças com integridade de coração, quando tiver aprendido os teus retos juízos.”
(Salmo 119:4 a 7)

            Gosto muito do salmo 119. Ele é o capítulo mais longo da Bíblia com 176 versículos e fala sobre a Palavra do Senhor. Os três versículos que quero conversar com vocês hoje falam sobre o conflito que há no coração e na mente de homem ao entrar em contato com as Leis do Senhor, e este é o tema desta mensagem.
            Ao criar ao mundo e a humanidade o Senhor estabeleceu decretos e ordenanças, entregou leis e mandamentos ao homem que continuam valendo até os dias de hoje. É difícil, por exemplo, você imaginar que alguém possa ter uma vida plena com Deus se tudo esta baseado em mentiras, sendo que o ensinamento do Senhor é “não mentir”. 
Porém, ao termos contato com estes mandamentos, acabamos com o mesmo pensamento que o salmista nos primeiros versículos da passagem que abre esta mensagem. Olhamos para estas ordenanças do Senhor e nos esforçamos para cumprir religiosamente todos eles. Acabamos transferindo todo o nosso relacionamento com Deus na prática destes preceitos, e a nossa vida diante de Deus se transforma numa religiosidade diária.
Esta é uma tendência do ser humano. A maioria de nós é muito boa em cumprir ordens. Acaba sendo uma vida de certo modo até mesmo mais fácil, pois ao encararmos nossa vida com Deus como o cumprimento ao pé da letra de cada um dos mandamentos estamos transferindo toda a nossa responsabilidade ao Senhor, afinal fizemos exatamente o que Ele mandou. E gradualmente passamos a acreditar que nossa salvação e que tudo aquilo que desejamos alcançar em Deus serão conquistados através daquilo que fazemos, o que é uma grande mentira.
 Como o apóstolo Sha’ul [Paulo] escreve aos romanos: “Portanto, pelo fato de sermos considerados justos diante de Deus por causa de nossa confiança, continuamos a ter shalom [paz] com Deus por meio de nosso Senhor Yeshua, o Messias. Também por meio dele, e com base em nossa confiança, obtivemos acesso à sua graça, na qual permanecemos; dessa forma, alegremo-nos com a esperança de experimentar a glória de Deus.” (Romanos 5: 1 e 2 NTJ). O que estamos lendo nesta passagem é que tanto a nossa salvação, quanto todas as bênçãos que esperamos do Senhor serão alcançadas mediante a nossa confiança [fé] na obra do Messias.
Quando nos distanciamos desta visão acabamos, usando as palavras do salmista, envergonhados. A palavra que o salmista usa no hebraico é buwsh que pode ser traduzida como sentir vergonha, ser envergonhado, embaraçado, desapontado. A tradução deste versículo na Nova Versão Internacional (NVI) diz: “Então eu não ficaria decepcionado ao considerar todos os teus mandamentos”.
Um homem que vive debaixo da lei, ou seja, achando que será justificado por aquilo que ele está fazendo, chega a conclusão que é muito difícil cumprir toda a lei. Percebe que por mais que ele se esforce, suas transgressões à lei divina são em maior número que aquilo que conseguiu cumprir. Esta conclusão produz neste homem o sentimento de decepção. Uma decepção consigo mesmo diante de sua falta da capacidade de observar todos os mandamentos.
Se nossa vida com Deus for fundamentada em deveres, obrigações, na famosa religiosidade, ela será uma vida de decepções, pois a cada dia descobriremos que não conseguimos cumprir tudo aquilo que impomos a nós mesmos.
Sabendo que isto é uma tendência do ser humano, como é que podemos nos prevenir? O remédio contra esta decepção é a firmeza de nossos passos. E o que significa isto?
Se nossos passos estão firmes, não tem como eles se desviarem. O que o salmista procura como remédio contra sua decepção é uma forma de não se desviar da lei do Senhor, e, esta forma que ele encontra, é o entendimento dos mandamentos do Senhor.
Quando compreendemos a Lei do Senhor, tudo passa a ter um novo sentido, e o cumprimento destes preceitos passa a ter uma razão. A compreensão dos mandamentos do Senhor leva a um melhor entendimento da natureza divina, o que nos dá mais razões para louvar e ter uma vida de intimidade com Deus. Afinal só louvamos e temos intimidade com aquilo que conhecemos.
Em momento algum Deus criou mandamentos para que o seu cumprimento nos salvasse. Desde os tempos de Abraão a salvação vinha exclusivamente do Senhor, pois está escrito “Abraão creu no Senhor, e isso lhe foi imputado para justiça.” (Gênesis 15:9). Mas isto não significa que o Senhor aboliu toda a lei que Ele próprio entregou ao homem. Conforme o próprio Messias Yeshua disse: “Não pensem que vim abolir a Torah [Lei] ou os Profetas. Não vim abolir, mas completar. Sim, é verdade! Digo a vocês: até que os céus e a terra passem, nem mesmo um yud ou um traço da Torah passará – não até que todas as coisas que precisam acontecer tenham ocorrido.” (Mattityahu [Mateus] 5:17 e 18 NJT).
E o completamento da Lei feito por Yeshua é o entendimento do que está escrito. E como podemos alcançar este entendimento? Buscando a face do Senhor. Através de uma vida de intimidade com Deus, lendo e meditando na Palavra, orando, passando tempo na presença de Deus nossos olhos são abertos (Sl 119:18) e somos capazes de contemplar a maravilha que é a Lei do Senhor. Somos capazes de entender e com este entendimento cumprir tudo aquilo que o Senhor decretou.
A Lei não irá nos levar a Deus, mas a vida de intimidade com o Senhor trará sobre nós o cumprimento de tudo aquilo que está escrito.

sábado, 8 de janeiro de 2011

Deus te conhece?

“Nem todo aquele que me diz: ‘Senhor, Senhor! ’, entrará no Reino do Céu, mas apenas quem faz o que meu Pai celestial deseja. Naquele dia, muitos me dirão: ‘Senhor, Senhor! Não profetizamos em seu nome? Não realizamos muitos milagres em seu nome? Então eu lhes direi na cara: ‘Nunca os conheci! Afastem-se de mim, praticantes do que é contra a lei!’.”
(Mattityahu [Mateus] 7:21 a 23 NTJ)

            Esta é uma passagem dura que nos faz pensar muito. Será que no grande Dia do Senhor seremos chamados de conhecidos de Deus? Será que nosso Pai nos conhece? Afinal, o que é ser conhecido?
            Quando nós conhecemos alguém sabemos os gostos da pessoa, reconhecemos a voz da pessoa, discernimos expressões, olhares, atitudes. Quando conhecemos alguém ficamos numa posição privilegiada de conhecimento onde muitas vezes não precisamos de palavras para saber o que se passa com a pessoa.
            Mas como tal conhecimento pode ser produzido?
            O conhecimento só é produzido quando gastamos tempo ao lado de quem se deseja conhecer. Só é obtido se relacionando com aquela pessoa. Sem relacionamento não há conhecimento. E quanto mais nos relacionamos, mais nos conhecemos.
            É assim em nosso relacionamento diário com as pessoas que estão próximas a nós e é assim em nosso relacionamento com Deus. Se desejamos conhecer e sermos conhecidos pelo Senhor devemos nos relacionarmos com Deus.
            Podemos neste instante nos perguntar por que é tão grave não se relacionar com Deus?  Por que somente quem se relaciona com o Senhor, quem é conhecido por Deus que entrará no Reino Celestial?
            Porque quando não nos relacionamos com nosso Criador, estamos fugindo do principal propósito de nossa criação. Deus criou a cada um de nós para nos relacionarmos com Ele.  O principal propósito da criação é o relacionamento.
            Foi devido a isto que o Senhor criou ao homem com a capacidade de pensar, de escolher, de agir. Deus não desejava um robô, mas um amigo. E como um amigo é alguém que escolhe estar ao seu lado, Deus criou um mecanismo para que o homem pudesse ter esta capacidade. O homem decidiu não estar com Deus, ele quebrou este relacionamento ao comer do fruto da Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal. E embora o relacionamento foi quebrado pelo homem, o Senhor por si só criou um mecanismo para que caso o homem desejasse, pudesse retomar o seu relacionamento com seu Criador. E Deus não pediu nada em troca. O homem por sua vez resolveu presentear ao Senhor de algum modo, e inventou os sacrifícios. E Deus aceitou o presente.
            E neste cenário ocorre uma história que muitos de nós já conhecemos: a história de Caim e Abel.

“Aconteceu que no fim de uns tempos trouxe Caim do fruto da terra uma oferta ao SENHOR. Abel, por sua vez, trouxe das primícias do seu rebanho e da gordura deste. Agradou-se o SENHOR de Abel e de sua oferta; ao passo que de Caim e de sua oferta não se agradou. irou-se, pois, sobremaneira, Caim, e descaiu-lhe o semblante. Então, lhe disse o SENHOR: por que andas irado, e por que descaiu o teu semblante? Se procederes bem, não é certo que serás aceito? se, todavia, procederes mal, eis que o pecado jaz à porta; o seu desejo será contra ti, mas a ti cumpre dominá-lo.”
(Gênesis 4:3 a 7)

            Você sabe qual foi a diferença entre as duas ofertas? Você consegue discernir porque a oferta de Caim foi rejeitada enquanto que a oferta de seu irmão Abel foi aceita?
            Gênesis fala que Abel trouxe uma oferta ao Senhor das primícias de seu rebanho e da gordura deste. Abel estava entregando um presente a alguém com quem se relacionava. Quando presenteamos nossa namorada, ou namorado, escolhemos algo realmente bom, o melhor. Nós não damos qualquer coisa. Foi isto que fez Abel. Ele entregou as primícias, ou seja, o melhor de seu rebanho.
            A oferta de Caim não foi bem assim. Ele trouxe do fruto da terra uma oferta. Não sabemos se Caim levou a oferta, pois o ato de ofertar se tornou costumeiro a ele, não sabemos se alguém, até mesmo seus pais, o obrigaram a trazer uma oferta ao Senhor, não sabemos se ele entregou a oferta esperando receber algo em troca. O que sabemos é que a oferta de Caim foi inferior à oferta de Abel.
            Observe que em lugar algum vemos que o conteúdo da oferta foi superior ou inferior. Os dois trouxeram a Deus do fruto de vosso trabalho. Abel o pastor trouxe uma ovelha e Caim o lavrador trouxe frutos. O que fez a diferença foi a intenção: a oferta de Abel era fruto de seu relacionamento, a de Caim era o preço do relacionamento. Aqui surgem dois conceitos muito confundidos, embora bem diferentes: Religião e Religiosidade.
            A palavra religião vem de religar-se com Deus, de reatar um relacionamento com Ele. Daqui veio a oferta de Abel, da verdadeira religião. Ele estava relacionando-se com o Senhor e como fruto ou conseqüência deste relacionamento trouxe ao Senhor uma oferta. E ela foi aceita.
            A palavra religiosidade indica um conjunto de normas ou atitudes que tentam substituir a religião, ou seja, tenta produzir de algum modo nosso relacionamento com Deus. Daqui veio a oferta de Caim, da religiosidade. Ele tentou comprar seu relacionamento com Deus através de sua oferta. E ela não foi aceita.
            Muitos de nós temos errado neste ponto. Nada do que você faça pode comprar a sua salvação. Nenhuma ação que você possa ter irá comprar o seu perdão. Você não pode comprar o seu relacionamento com Deus.
            Tudo que eu faço para comprar minha salvação só me leva a condenação. A salvação, o perdão dos pecados e todas as demais coisas virão ao aceitar a Yeshua o Messias. Aceitar esta salvação implica aceitar o relacionamento que Deus quer ter conosco.
            E como você pode relacionar-se com Deus? Da mesma maneira que nos relacionamos com nossos companheiros. Se você já namorou antes sabe exatamente o que fazer, se ainda não namorou, aprender a se relacionar primeiramente com Deus irá te ajudar a se relacionar com as pessoas.
            Quem está namorando passa tempo juntos, e parece que nem todo tempo do mundo é suficiente. Passe tempo com o Senhor. Perca o vicio que temos de sair rapidamente da presença de Deus. Levante-se de madrugada e dedique o final de seu sono ao Senhor em oração. Busque ao Senhor, Ele ainda pode ser encontrado.
            Quem está namorando beija e abraça, deste modo beije e abrace a Deus. É bem difícil você se imaginar literalmente beijando e abraçando ao Senhor, mas estou dizendo isto em um sentido figurado. O que é o beijo e o braço senão uma demonstração de nosso afeto e carinho através de gestos. Faça estas demonstrações ao Senhor. Dance, gesticule, se ajoelhe, se prostre diante de Deus.
            Quem está namorando diz palavras de amor. Declare ao Senhor o seu amor, cante uma música a Ele. Mas cante a Ele. Entenda aquilo que está falando ou fique de boca fechada.
            Se relacionando com Deus você será conhecido por ele. O que você tem feito hoje?