“Cuidado
com os falsos profetas! Eles vêm a vocês vestidos de peles de ovelhas, mas por
dentro são lobos famintos! Vocês os reconhecerão pelo fruto. Pode alguém colher
uvas de espinheiros ou figos de plantas espinhosas? Semelhantemente, toda
árvore saudável produz bom fruto, mas a árvore doente produz fruto mau. A
árvore saudável não pode dar fruto mau, nem a árvore doente produzir fruto bom.
Toda árvore que não produz fruto bom é cortada e lançada ao fogo! Assim, vocês os
reconhecerão pelo fruto.”
“Nem
todo aquele que me diz: ‘Senhor, Senhor! ’ entrará no Reino do Céu, mas apenas
quem faz o que meu Pai celestial deseja. Naquele dia, muitos me dirão: ‘Senhor,
Senhor! Não profetizamos em seu nome? Em seu nome não expulsamos demônios? Não
realizamos muitos milagres em seu nome? ’ Então eu lhes direi na cara: ‘Nunca
os conheci! Afastem-se de mim, praticantes do que é contra a lei! ’.”
(Mattityahu [Mateus]
7.15 a 23 BJC [Bíblia Judaica Completa])
Entre os capítulos 5 e 7 das boas-novas sobre Yeshua
[Jesus], o Messias, contadas por Mattityahu [Mateus], lemos diversos ensinos de
Yeshua a seus talmidim [discípulos], ditos sobre um monte, chamados por muitos
de “O Sermão do Monte” ou “O Sermão da Montanha”. Nestes ensinos vemos nosso
Mestre interpretar a Torah [Ensino, Lei, Pentateuco] como era o costume de
diversos Rabis [Mestres] naquele tempo.
Os versículos que lemos acima se encontram no final desta
seção e servirão como base daquilo que desejo transmitir a você, onde
procuraremos responder a nós mesmos a pergunta: “Deus nos conhece?”.
É muito interessante notar que nos primeiros versículos
(15 a 20), Yeshua está tratando dos falsos profetas, pessoas que tentarão
aproveitar-se da fé dos seguidores do Messias para benefício próprio. Em uma
curta mensagem que me lembra da mensagem do profeta Yechezk’el [Ezequiel] aos
pastores de Yisra’el [Israel] (Yechezk’el 34), que se alimentam a si mesmos ao
invés de alimentar o rebanho, Yeshua diz que os reconheceremos pelo fruto, ou
seja, por aquilo que realmente produzem. Em segunda instância, nosso Mestre
continua o mesmo discurso nos mostrando que assim como podemos conhecer as
pessoas por aquilo que elas fazem, nosso Pai conhece aqueles que fazem o que
Ele deseja.
Talvez para aqueles que pouco conhecem da Bíblia, esta
pareça ser uma declaração de um deus autoritário e manipulador, porém ao analisarmos
todo o sermão chegamos a conclusão que fazer o que o Senhor deseja significa
promover o bem, a justiça e viver plenamente independentemente das
diversidades, buscando o que há de melhor em nosso interior.
Desta forma, gostaria mais uma vez, fazer com que você
responda a si mesmo: Será que Deus te conhece? Você é o tipo de pessoa com quem
Deus andaria? Após responder a estas perguntas, tente dizer a si mesmo o porquê
de sua afirmação ou negação.
Normalmente nossos motivos são baseados naquilo que
fazemos, porém observe no texto que muitos tentarão provar que são conhecidos
por meio de suas obras: profetizar, expulsar demônios e realizar milagres, mas
a resposta do Senhor será a mesma: “Nunca os conheci!”. Deste modo, podemos até
levar as pessoas que nos rodeiam a possuírem uma falsa impressão daquilo que
somos, através de ações, mas nosso Deus conhece quem realmente somos, ou seja,
o fruto que é gerado em nós.
“Mas
o fruto do Espírito é amor, alegria, paz, paciência, afabilidade, bondade, fidelidade,
humildade, autocontrole. Não existe nada na Torah contra essas coisas.”
(Gálatas 5.22 e 23
BJC)
Algo muito importante e conhecido neste texto é que Sha’ul
[Paulo] diz o fruto do Espírito, não os frutos do Espírito. Sendo assim só
existe um fruto evidenciado por nove características. Todas aparecem juntas. Há
quem diga que o fruto do Espírito é o amor, somente ele, e a alegria, paz,
paciência, afabilidade, bondade, fidelidade, humildade e autocontrole são características
deste amor. Sem defender uma ou outra opinião, o fato é que este fruto não é
gerado através de esforços próprios, mas cresce de forma natural a partir do
momento que decidimos viver pelo Espírito, deixando de lado tudo o que nos
afasta do alvo estabelecido por Deus.
Sendo assim, nosso Deus está interessado em quem
realmente somos, e não apenas no que fazemos. E aquilo que somos é avaliado
mediante o:
Amor: é
uma ligação, uma decisão de colocar o outro acima de si mesmo, deixando muitas
vezes seus interesses de lado, para promover o bem. Yeshua exemplifica o
mandamento “ame o seu próximo como a si mesmo” (Vayikra [Levítico] 19.18)
contando a parábola que conhecemos como a do “Bom Samaritano” onde um homem de
Shomron [Samaria] ao avistar um ferido desviou de seu caminho para cuidar do
mesmo, e pagou uma hospedaria para que este pudesse se recuperar (Lc 10.30-37).
Alegria:
onde está a tua alegria? A alegria como fruto do Espírito é aquela que vem do
Senhor. Ou seja, não depende das circunstancias que estou vivendo.
Evidentemente, posso até me abater momentaneamente por aquilo que acontece ao
meu redor, mas não fico nesta situação, pois sei que ao meu lado tenho um Deus
maior que tudo.
Paz:
Do
mesmo modo que a alegria, é o “shalom [paz, tranquilidade, segurança,
bem-estar, saúde, contentamento, sucesso, conforto, plenitude e integridade] de
Deus, que ultrapassa todo entendimento” (Filipenses 4.7 BJC). Mesmo tendo
motivos para estar preocupados, estaremos em paz.
Paciência:
Saber
contar até dez. Dar uma outra chance. Saber esperar.
Afabilidade:
contrário
de grosseria. É uma brandura no tato, uma delicadeza. Ser amável, procurar
agradar.
Bondade:
Praticar
o bem. “Portanto, qualquer um que saiba a coisa certa a se fazer e não faz,
comete pecado.” (Ya’akov [Tiago] 4.17 BJC). Desta forma, não praticar o bem é
pecado.
Fidelidade:
ser
fiel, mesmo que isto esteja fora de moda. Aquele que cumpre o que se obriga.
Lealdade.
Humildade:
É
uma demonstração de respeito ao outro. Ser modesto.
Autocontrole:
Aprender a se controlar. Não da para culparmos nosso gênio.
Este é fruto do Espírito, e são estas características que
o Senhor procura em nós. É interessante notar que ao descrever os dons do
Espírito em 1 Coríntios 12, Sha’ul cita nove dons. Vejo isto como um sinal do equilíbrio
que precisamos ter em nossas vidas entre os dons espirituais e o fruto do
Espírito, e um alerta ao que deve ser o nosso alvo: precisamos nos preocupar
mais com o fruto do Espírito em nós do que com os dons espirituais. É mais importante
aquilo que somos do que aquilo que fazemos. Nossas ações devem ser
fundamentadas no que realmente somos.
“Quando
o Filho do Homem vier em sua glória, acompanhado de todos os anjos, ele se
assentará no trono glorioso. Todas as nações serão reunidas diante dele, e ele
separará umas das outras como o pastor separa as ovelhas dos bodes. E colocará
as ‘ovelhas’ à sua direita, e os ‘bodes’, à esquerda.”
“Então
o Rei dirá aos que estiverem à direita: ‘Venham, benditos de meu Pai, recebam
sua herança, o Reino preparado para vocês desde a criação do mundo! Porque eu
tive fome, e vocês me deram comida; tive sede, e me deram algo para beber; fui
estrangeiro, e me trataram como alguém convidado; necessitei de roupas, e vocês
as providenciaram; estive doente, e cuidaram de mim; estive preso, e me
visitaram’. Então as pessoas que realizaram a vontade de Deus responderão: ‘Senhor,
quando o vimos com fome e o alimentamos, ou com sede e lhe demos algo para
beber? Quando o vimos como estrangeiro e o recebemos, ou necessitado de roupas
e lhe demos o que vestir? Quando o vimos doente ou preso e fomos visita-lo? ’.
O Rei lhes responderá: ‘Eu lhes digo que todas as vezes que vocês fizeram essas
coisas a algum destes meus irmãos menos destacados, o fizeram a mim’.”
“Então
ele também dirá aos que estiverem à esquerda: ‘Afastem-se de mim, malditos! Vão
para o fogo preparado para o Adversário e seus anjos! Porque tive fome, e vocês
não me deram comida; tive sede, e não me deram nada para beber; fui
estrangeiro, e vocês não me receberam; necessitei de roupas, e não me deram
nenhuma; estive doente e preso, e não me visitaram’. Então eles também responderão:
‘Senhor, quando o vimos com fome, sede, estrangeiro ou necessitado de roupas, doente
ou preso, e não ajudamos? ’. Ele responderá: ‘Digo-lhes a verdade: todas as
vezes que vocês se recusaram a fazê-lo a estas pessoas menos destacadas, também
se recusaram a fazê-lo por mim’. Eles irão para o castigo eterno, mas os que
fizeram o que Deus deseja irão para a vida eterna”.
(Mattityahu 25.31 a
46 BJC)
Repare que Yeshua relaciona o dar de comer, de beber, de
vestir, o visitar com realizar o que Deus deseja, e perceba que são atitudes
daqueles que possuem o fruto do Espírito. É interessante notar também que tais
obras foram realizadas de modo natural, não forçado ou religioso, pois foram
feitas às pessoas menos destacadas, àqueles que ninguém vai notar. Inclusive o
grupo daqueles que fizeram a vontade do Pai, não sabia que estava fazendo-a.
Deste modo enquanto muitos se esforçam para fazer uma
obra e serem aceitos por Deus, criando uma religião de ajuda ao próximo, e até
mesmo possuem uma coleção de boas ações como se fossem medalhas de escoteiros,
outros procuram ficar em evidência ajudando aqueles que atraem atenção. Mas
para Deus nada disso importa.
A vontade do Senhor é que sejamos seres humanos genuínos,
que movidos pelo fruto do Espírito promovamos o bem a todos que cruzarem nosso
caminho. A falta de ação indica que há algo errado em nosso interior, e é esta
mudança que precisamos buscar.
Qual é a sua preocupação maior: seu ministério ou as
vidas? Suas realizações ou a verdadeira obra de Deus? Quanto você está disposto
a deixar Deus fazer através de você? Estaria disposto a largar tudo?
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