domingo, 10 de março de 2013

Deus e nossas dificuldades



“Eis o que ADONAI-Tzva’ot, o Deus de Yisra’el, diz a todos os que estão no exílio, a quem fiz levar ao cativeiro, de Yerushalayim a Bavel: ‘Construam casas para vocês e vivam nelas. Plantem jardins e comam o que eles produzirem. Escolham mulheres para se casar e tenham filhos e filhas. Escolham esposas para seus filhos e deem suas filhas em casamento, de modo que elas possam ter filhos e filhas – aumentem em número e não diminuam. Procurem o bem-estar da cidade para a qual fiz que os levassem em exílio e orem a ADONAI a favor dela; pois o bem-estar de vocês está ligado ao bem-estar dela’. Pois é isto o que ADONAI-Tzva’ot, o Deus de Yisra’el, diz: ‘Não deixem que os profetas que vivem entre vocês e seus adivinhos os enganem e não deem atenção aos sonhos que vocês os encorajam a sonhar. Pois eles profetizam falsamente em meu nome; eu não os enviei’, diz ADONAI.”
“Eis, portanto, o que ADONAI diz: ‘Depois do fim dos setenta anos em Bavel, eu me lembrarei de vocês e cumprirei minha boa promessa que fiz, trazendo-os de volta a este lugar. Pois sei quais planos tenho em minha mente para vocês’, diz ADONAI, ‘planos de bem-estar e não de coisas ruins; de modo que possam ter esperança e futuro. Quando vocês clamarem a mim e orarem a mim, eu os ouvirei. Quando me procurarem, me encontrarão, contando que me procurem de todo o coração; e deixarei que me encontrem’, diz ADONAI. ‘Então reverterei seu exílio. Eu os ajuntarei de todas as nações e lugares para onde os levei’, diz ADONAI, ‘e os trarei de volta ao lugar de onde os exilei’.”
(Yirmeyahu [Jeremias] 29.4 – 14 BJC [Bíblia Judaica Completa])

            Passamos por muitas situações diferentes durante nossas vidas. Enfrentamos diversas dificuldades, muitas das quais, não fazemos a menor ideia de onde veem e quais são seus propósitos. O mais curioso é que quando enfrentamos este momento adverso é muito fácil esquecermo-nos das promessas que o Senhor fez por nós. E, mesmo quando nos lembramos delas, elas acabam parecendo impossíveis de serem cumpridas até mesmo por Deus.
            O povo de Yisra’el viva um tempo como este. Em 1406 a.C., aproximadamente 500 anos antes de esta carta ser escrita, o povo recém-libertado do cativeiro egípcio esta entrando na terra prometida pelo Senhor a Avraham [Abraão]. Com certeza foi um momento de muita alegria e conquistas, afinal foram mais ou menos 400 anos de escravidão no Egito. Agora, em 931 a.C., Yirmeyahu [Jeremias] escrevia uma carta para um povo judeu mais uma vez cativo, desta vez sob as garras da Babilônia.
            Não desejo me concentrar nas causas deste novo cativeiro, mas nos pensamentos e sentimentos existentes no coração dos cativos, bem como no que ocorria ao seu derredor neste momento de dor e tristeza. O povo de Yisra’el havia se esquecido de seu Deus, a história dos Reis deixa bem claro este fato. E esquecendo-se do Senhor ficaram impossibilitados de reconhecer a voz daquele que criou os céus e a terra. Devido a isto lemos na carta de Yirmeyahu que muitos falsos profetas se levantaram para proferir mentiras creditando-as a Deus. Havia uma explicação muito clara dos porquês deste cativeiro, mas afastados do Eterno tudo parecia cada vez mais confuso.
            Ninguém pode afirmar que servindo ao Senhor não teremos dificuldades. Isto é uma tremenda mentira, pois o próprio Yeshua [Jesus] afirmou: “Neste mundo, vocês terão aflições.” (Yochanan [João] 16.33 BJC). Porém uma coisa é certa, permanecendo com o único e verdadeiro Deus jamais seremos enganados. Muitas pessoas que estão ao nosso lado sempre têm um conselho, uma palavra para nós. Destas, diversas falam de acordo com seu próprio conhecimento, ou pela crendice popular. Talvez realmente tenham uma ótima intenção em proferir estas palavras para nós, e não desejam nos prejudicar. Muitas inclusive falam aquilo que nós mesmos as encorajamos a falar (Jr 29.8), e ouvimos exatamente o que desejávamos. Porém nenhum homem ou mulher, nem mesmo nós, pode saber o que é melhor para nós e o que devemos fazer de acordo com o momento que vivemos. Quem possui estas respostas é somente o Senhor dos Exércitos, pois é Ele quem possui planos para nós (Jr 29.11). Ele é quem proferiu cada uma das promessas que nos apegamos e somente Ele é fiel para cumprir cada uma delas (Dt 7.9).
            Eu vejo o povo cativo na Babilônia, figuradamente, chegando com suas malas e deixando-as prontas, pois as profecias que ouviam era que em breve estariam saindo do cativeiro. Mas o Senhor, através de Yirmeyahu começa a carta orientando o povo a desfazer as suas malas. Para que possamos passar por qualquer momento em nossas vidas é necessário primeiramente ouvirmos a vós de nosso Deus, e confiarmos que Ele realmente sabe o que é melhor para nós, e somente o desejo de Deus “é bom, satisfatório e fadado ao êxito” (Romanos 12.2 BJC).
            É interessante a mensagem do Senhor, ao povo. Enquanto este clamava por libertação do cativeiro, a resposta de Deus é: “Eu vou libertar, mas não agora”. Como é difícil escutar do Senhor: “Espere”. Somos imediatistas. Vivemos na era do Fast Food. Queremos tudo “para ontem”. Mas servimos a um Deus que não se deixará influenciar por nossos caprichos. Ele é Deus, e está acima de todos, e nós precisamos aprender a esperar o tempo de Deus. O próprio Kohelet [Pregador] diz em Kohelet [Eclesiastes] 3: “Há tempo para tudo, o momento certo para toda intenção debaixo do céu” (Kohelet [Eclesiastes] 3.1 BJC). O povo clamou, Deus respondeu. Depois de 70 anos eles seriam libertos do cativeiro babilônico. Confiar em Deus implica em saber esperar o tempo determinado por Ele. Da mesma forma que ninguém compra um veículo para uma criança de 7 anos de idade, o Senhor sabe que uma promessa cumprida fora do tempo pode se tornar uma maldição, não uma benção.
            E além do tempo certo, nosso Deus tem a maneira certa de agir. Nós não podemos dar comandos ao Senhor. Muitos infelizmente até tentam isto, e acabam agindo como uma criança mimada que dá ordem a seus pais. Mas, diferente de pais humanos que muitas vezes sede às ordens de seus filhos, nosso Pai celestial não obedece nossas ordens. Deus sabe a melhor forma de agir, e o fim que desejamos é alcançado com eficiência no modo de agir do Senhor.
            Podemos observar que, não importa qual seja a situação que estamos vivendo, somente no Senhor teremos condições de continuar. Ele não é apenas o Deus quem nos abençoa, mas também o Senhor que nos dá forçar para enfrentar as situações adversas e sairmos delas como vencedores, sabendo que nada “será capaz de nos separar do amor de Deus que procede mediante o Messias Yeshua, nosso Senhor” (Romanos 8.39 BJC). Diante de tamanho Deus só temos um posicionamento: entregarmo-nos a Ele.
            Se entregar a Deus é confiar que Ele já tem feito tudo por nós. É confiar que a salvação que possuímos não é mérito nosso, mas uma dadiva de nosso Deus (Ef 2.8). É confiar que tudo aquilo que possuímos é fruto da graça e do amor do Senhor manifestado sobre nós, pois mesmo distantes do Senhor, Ele continua nos amando (Rm 5.8). E este mesmo Deus não nos deixa ficar constrangidos por pedir mais alguma coisa, Yeshua nos ensina: “Peçam continuamente, e lhes será dado; continuem procurando, e vocês acharão; continuem batendo, e a porta lhes será aberta.” (Mattityahu [Mateus] 7.7 BJC). Tudo aquilo que precisamos, podemos pedir ao nosso Pai em oração. Deus escuta nossas orações. “O braço de ADONAI não é curto demais para salvar, nem seus ouvidos tão surdos para ouvir. Todavia, são as suas transgressões que os separam de Deus; seus pecados escondem-lhe o rosto de vocês, para que ele não ouça.” (Yesha’yahu [Isaías] 59. 1 e 2 BJC).
            Este texto de Yesha’yahu [Isaías] é bem claro ao dizer que, embora Deus ame inclusive aqueles que permanecem na prática do pecado, Ele não escuta as orações daqueles que não estão arrependidos de seus pecados. Um coração arrependido é necessário para que nossas orações sejam ouvidas. Deus não espera que sejamos perfeitos em tudo, ele sabe que somos pecadores e como tal muitas vezes erraremos. O que o Senhor espera de nós é que o pecado não seja um fato continuo em nossa vida, e sim um acidente de percurso, e, quando este acontecer, Deus espera que nos aproximemos dele com um coração quebrantado e arrependido pedindo perdão. O arrependimento que precisamos ter não é somente um remorso pelo que fizemos, mas uma decisão e um esforço de não permanecermos nesta prática.
            Um último elemento que vejo na carta de Yirmeyahu, além da confiança no tempo e no modo do Senhor agir, além do incentivo a apresentarmos a Ele nossos pedidos, é o incentivo ao relacionamento de intimidade com nosso Deus. Precisamos buscar a face de Deus e não apenas Suas mãos. Precisamos nos relacionar com nosso Pai e não apenas busca-lo quando nos interessa. Aprendemos no texto da abertura desta mensagem que o Senhor nos deixará encontra-lo, como um pai que brinca de esconde-esconde com seu filho, como Tommy Tenney ilustra em seu livro “Os Caçadores de Deus”. Mas está busca somente irá chegar ao verdadeiro Deus quando for “de todo o coração” (Yirmeyahu 29.13 BJC).
            O coração na Bíblia representa mais do que sentimentos humanos. Representa aquilo de mais intimo que possuímos, pois nosso coração está muito bem guardado em nossa caixa torácica. Somente encontraremos o Senhor quando O buscarmos com nossa totalidade, com integridade, com nossos desejos mais íntimos.
            Temos a oportunidade de ter ao nosso lado o Deus que controla nossa vida e tudo o que existe. Não devemos procurar esta companhia somente para recebermos livramentos e bênçãos. Devemos procurar nosso Deus para nos relacionarmos com Ele, para podermos conhecer o que Ele desejar revelar, e quando realmente encontrarmos o relacionamento que Ele deseja ter conosco, qualquer situação que passamos será simples, diante da força que receberemos de nosso Pai.

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