domingo, 3 de fevereiro de 2013

Unidade



“Então ele [Shlomoh] se pôs diante do altar de ADONAI na presença de toda a congregação de Yisra’el, estendeu as mãos [...]. Quando Shlomoh [Salomão] acabou de orar, desceu fogo do céu e consumiu a oferta queimada e os sacrifícios, e a glória de ADONAI encheu a casa, de forma que os kohanim [sacerdotes] não podiam entrar na casa de ADONAI; porque a glória de ADONAI encheu a casa de ADONAI. Todo o povo de Yisra’el viu quando o fogo desceu e a glória de ADONAI estava sobre a casa; eles se prostraram com o rosto em terra, no solo; e, prostrando-se, deram graças a ADONAI, “porque ele é bom, porque sua misericórdia dura para sempre”.”.
(Divrei-Hayamim Bet [2 Crônicas] 6.12 e 7.1-3 BJC [Bíblia Judaica Completa])

            Os versículos acima narram alguns fatos a respeito da consagração do primeiro templo de Israel. Sabemos que o rei David desejou esta construção, mas o Senhor não o permitiu realizar a obra, antes a confiou a Shlomoh, o herdeiro do trono. Um fato que nos chama muito atenção nesta consagração é que a presença do Senhor se manifestou naquele dia de uma forma tão especial que nem mesmo os sacerdotes, separados para servir a Deus, não puderam realizar seu chamado. A presença do Senhor foi tão intensa sobre o Templo recém-construído que todo o povo viu o fogo descer dos céus sobre a oferta e a glória do Senhor sobre a casa.
            O que gostaria de analisar nesta situação foi a razão da presença de Deus ter sido atraída sobre o Templo naquele dia. Alguns podem sugerir que a razão de tremenda manifestação foi o Templo. Mas estas pessoas estão totalmente equivocadas por não se atentarem a voz do Senhor dizendo: “O céu é meu trono [...] e a terra, o estrado dos meus pés. Que tipo de casa vocês construiriam para mim? Que tipo de lugar fariam para meu descanso?” (Yesha’yahu [Isaías] 66.1 BJC). Este texto deixa bem claro que nosso Deus não precisa de um templo, deste modo somente a sua construção não seria o suficiente para a manifestação de tamanha glória.
            Podemos alegar também que a razão da presença do Senhor foi devido aos sacrifícios dedicados ao Senhor naquele dia. Mas ao declararmos isto estaríamos nos esquecendo do que diz David: “A terra é de ADONAI, com tudo o que há nela, o mundo e os que ali vivem; pois ele estabeleceu suas fundações sobre o mar e firmou-a sobre os rios.” (Tehillim [Salmos] 24.1 e 2 BJC). Se tudo já pertence ao Senhor, qualquer tipo de sacrifício que oferecemos é apenas uma devolução daquilo que já é dele. Isto não indica que não precisamos ofertar ao Senhor, antes dá um sentido verdadeiro a nossa oferta. Preciso entregar ao Senhor com um coração grato por tudo aquilo que Ele já tem me entregue. Não dá para comprar a Deus com minha oferta.
            O que existiu naquele dia que agradou ao coração do Pai foi a união de todo o povo na presença de Deus. Eles buscaram ao Senhor como apenas um povo. Não existiam tribos, nem clãs ou famílias. Não havia disputas ou discórdias. Tudo o que exista era o povo de Israel, a união de todos aqueles que têm uma aliança com Deus, unidos no nome do Senhor.
            O que Deus tem procurado é encontrar seu povo unido, buscando sua presença. A falta desta busca em unidade é que tem ocasionado à ausência da manifestação da presença de Deus. Nos últimos tempos a individualidade tem tomado conta de nossos cultos. Quando nos reunimos na presença do Senhor temos pensado em nossos problemas e dificuldades. O chamado a união na presença do Senhor de todo o povo de Deus é mais atual do que nunca.
            Para que haja uma verdadeira união entre o povo de Deus precisamos de alguns elementos.
            O primeiro elemento é o amor. Sem amor não existe unidade. Sem amor não existe a presença de Deus. Só seremos capazes de termos comunhão com o Pai quando passarmos a amar a nossos irmãos. “Amigos amados, amemos uns aos outros, porque o amor procede de Deus. Todo aquele que ama tem Deus por Pai e conhece a Deus. Quem não ama não conhece a Deus, porque Deus é amor. Se alguém afirmar: “Eu amo a Deus”, mas odiar seu irmão, é mentiroso, pois quem não ama seu irmão, a quem vê, não pode amar a Deus, a quem não vê. Sim, este é o mandamento que temos da parte dele: quem ama a Deus ame também a seu irmão.” (1 Yochanan [1 João] 4.7,8,20,21 BJC).
            A Bíblia nos ensina em Gn 1.26 que fomos feitos à imagem e semelhança de Deus. Isto significa que quando o Senhor nos criou, Ele fez pessoas iguais a Ele que fossem seus representantes sobre a Terra. Nosso irmão é um representante de Deus, e este conhecimento precisa gerar em mim um comportamento de amor a todos aqueles a quem o Senhor colocou ao meu redor.
            O segundo elemento que precisa existir dentro de nós é o compromisso. Segundo a orientação de Sha’ul [Paulo] “[...] se o alimento for uma armadilha para meu irmão, nunca mais comerei carne; de outro modo, farei meu irmão pecar.” (1 Coríntios 8.13 BJC). E ainda “Ninguém deve procurar os interesses próprios, mas os de seus companheiros.” (1 Coríntios 10.24 BJC). O compromisso é o amor colocado em prática. Para vivermos em unidade precisamos nos preocupar com nossos irmãos, pensar em sua consciência. Devemos buscar o bem daqueles que o Senhor colocou junto a nós.
            Isto é feito através do aconselhamento. Porque não dividir com eles aquilo que Deus tem nos ensinado? Porque não testemunhar o que o Pai tem realizado em nós? Porque não usar os dons que o Senhor nos entregou para o bem de nosso próximo?
           
“Que a atitude de vocês para com os outros seja governada pela união ao Messias Yeshua: Apesar de ele viver na forma de Deus, não considerou a igualdade com Deus algo a ser mantido pela força. Ao contrário, esvaziou a si mesmo, ao assumir a forma de um escravo, tornando-se como os seres humanos são. E, quando ele surgiu como um ser humano, humilhou-se ainda mais, tornando-se obediente até a morte – morte na estaca como um criminoso!”
(Filipenses 2.5 – 8 BJC)

            Precisamos ter o mesmo sentimento, a mesma atitude que teve Yeshua [Jesus]. Precisamos até mesmo desviar de nossos caminhos pelos nossos irmãos, servirmos a eles, tomarmos a postura de auxiliares em seus ministérios. Devemos orar pela vida deles, sermos seus intercessores. Quantas vezes você já fez isto por algum irmão?
            O terceiro elemento necessário para a unidade é a disposição. Vivemos no “mundo do sem tempo”. Não temos tempo para orar, não temos tempo para ler a Bíblia. Não temos tempo para estar com nossos filhos e esposa. Temos menos tempo ainda para estarmos com nossos irmãos. Mas não é isto que a Bíblia nos ensina. Shlomoh declarou que “há tempo para tudo, o momento certo para toda intenção debaixo do céu” (Kohelet [Eclesiastes] 3.1 BJC). Desde que coloquemos em cada coisa a prioridade bíblica, teremos tempo para tudo.
            Você já pensou se Deus estivesse sem tempo para você? A prioridade de Deus é nossa vida! Porque a nossa não pode ser o Senhor? E quando Deus for nossa prioridade, encararemos a necessidade de nosso irmão como nossas necessidades. Teremos tempo e disposição de ajudar, mesmo que seja apenas com nossa presença em seu dia.
            Precisamos aprender a viver em unidade. Sem ela não conseguiremos atrair a atenção de Deus sobre nós.

“Portanto, vocês não são mais estrangeiros nem forasteiros. Ao contrário, são concidadãos do povo de Deus e membros da família divina. Vocês têm edificado sobre o fundamento dos emissários e dos profetas, do qual a pedra principal é Yeshua, o próprio Messias. Em união com ele, toda a construção é sustentada e este crescendo pra se transformar em um templo santo em união com o Senhor. Sim, em união com ele, vocês têm sido edificados em conjunto para se tornarem um local de habitação espiritual para Deus!”
(Efésios 2.19 – 22)

            Sozinhos somos apenas pedras (1 Pe 2.5). Mas juntos formamos o templo do Senhor. Este é o segredo da manifestação da presença de Deus no Templo de Shlomoh. Quando nos unimos, em nome do Senhor, passamos juntos a ser morada de Deus.

Nenhum comentário: