domingo, 2 de janeiro de 2011

Deus é o Sentido

“Tomou Samuel um vaso de azeite, e lho derramou sobre a cabeça, e o beijou, e disse: não te ungiu, porventura, o SENHOR por príncipe sobre a sua herança, o povo de Israel? Quando te apartares, hoje, de mim, acharás dois homens junto ao sepulcro de Raquel, no território de Benjamim, em Zelza, os quais te dirão: acharam-se as jumentas que foste procurar, e eis que teu pai já não pensa no caso delas e se aflige por causa de vós, dizendo: que farei eu por meu filho? Quando dali passares adiante e chegares ao carvalho de Tabor, ali te encontrarão três homens, que vão subindo a Deus a Betel: um levando três cabritos; outro, três bolos de pão, e o outro, um odre de vinho. Eles te saudarão e te darão dois pães, que receberás da sua mão. Então, seguirás a Gibeá-Eloim, onde está a guarnição dos filisteus; e há de ser que, entrando na cidade, encontrarás um grupo de profetas que descem do alto, precedidos de saltérios, e tambores, e flautas, e harpas, e eles estarão profetizando. O espírito do SENHOR se apossará de ti, e profetizarás com eles e tu serás mudado em outro homem. Quando estes sinais te sucederem, faze o que a ocasião te pedir, porque Deus é contigo. Tu, porém, descerás adiante de mim a Gilgal, e eis que eu descerei a ti, para sacrificar holocausto e para apresentar ofertas pacíficas; sete dias esperarás, até que eu venha ter contigo e te declare o que hás de fazer.”
“Sucedeu, pois, que, virando-se ele para despedir-se de Samuel, Deus lhe mudou o coração; e todos esses sinais se deram naquele mesmo dia.”
(I Samuel 10:1 ao 9)

            Muito se fala a respeito do rei Saul. Dizem ser alguém totalmente contrário à vontade de Deus, que jamais foi escolhido por Deus. Mas trechos como este que acabamos de ler nos mostram o contrário. Saul foi realmente escolhido e ungido por Deus. O Senhor tinha grandes planos na vida de Saul, mas no decorrer de sua caminhada Saul cometeu erros que o afastaram de Deus. O mesmo tem ocorrido com muitos de nós.
            Sabemos que Deus tem grandes planos para nós e vemos estes planos se concretizarem quando permitimos que o Senhor opere através de nós. Mas diversas vezes acabamos deixando de lado toda esta obra e nos perdemos do caminho que realmente deveríamos estar.
            Um pouco antes desta passagem, em I Samuel 9, conhecemos o jovem Saul. As jumentas de seu pai haviam-se perdido e Saul foi atrás delas. Após muito procurá-las Saul havia desistido, resolveu voltar para casa sem as jumentas. Imagine o desespero de Saul: as jumentas em uma nação agrícola como era Israel, representava não somente um meio de transporte, mas um meio de trabalho. Perder estas jumentas é como perder o principal meio de sobrevivência da família.
            Saul estava com o mesmo sentimento que ficamos quando perdemos nosso emprego. “E agora? Como sustentarei minha família? São tantas contas para pagar, tantos compromissos assumidos! O que farei?”
            Mas havia naquela cidade um homem de Deus, um profeta chamado Samuel. O que é um profeta? É uma pessoa que fala no lugar de Deus, um representante de Deus. Saul foi até este homem numa tentativa desesperada de reaver as jumentas e esta sua atitude acabou mudando a sua vida (I Sm. 10:6). O mesmo ocorre com cada um de nós. Em meio ao desespero nos achegamos a Deus procurando uma solução para aquilo que aos nossos olhos é insolucionável. E Deus em sua infinita bondade e sabedoria tem a melhor solução para nós. Uma solução que não somente resolve o nosso problema, mas transforma as nós mesmos.
            Após o encontro com Deus e a transformação de sua vida, Saul foi até Gilgal oferecer sacrifícios. Gilgal não era um lugar qualquer. Saul não foi a qualquer canto. Ele foi a um local muito especial.
            Foi em Gilgal que Josué e os filhos de Israel atravessaram o rio Jordão quando Deus livrou o povo de Israel do Egito e os guiou a te a terra prometida. Nesta travessia o rio Jordão se abriu e o povo passou em meio a ele. Após isto Josué construiu um altar com doze pedras retiradas do Jordão, um memorial dos grandes feitos do Senhor (Js. 4). Gilgal é um local de trazer a memória os grandes feitos de Deus por nós.
            Foi em Gilgal que todo o povo que saiu do Egito se circuncidou renovando a aliança centenária que todo judeu tem com o Senhor. Após esta aliança foi em Gilgal que o povo celebrou a Páscoa pela primeira vez em sua terra e após esta celebração, foi em Gilgal que Josué se encontrou com o príncipe do exercito do Senhor (Js 5). Gilgal é um local de renovação de alianças, mudança de vida e encontro com Deus.
            Neste local especial, de memória, aliança, mudança e encontro, que Saul estava e esperou pacientemente a chegada de Samuel para juntos oferecem sacrifícios a Deus. Os sacrifícios podem ser lidos como atitudes onde deixamos de lado aquilo que nos agrada para procurar aquilo que agrada ao Senhor. É desligar a TV para lermos a Bíblia, é deixar de lado momentos de lazer para cultuarmos a Deus na igreja, é deixar algumas refeições para trás e consagrarmos um tempo em jejum ao Senhor. Na presença de Deus tudo isto faz sentido.
            Mas infelizmente com o passar do tempo Saul se esqueceu de alguns ingredientes muito importantes para este sacrifício.
“Esperou Saul sete dias, segundo o prazo determinado por Samuel; não vindo, porém, Samuel a Gilgal, o povo se foi espalhando dali. Então, disse Saul: trazei-me aqui o holocausto e ofertas pacíficas. E ofereceu o holocausto. Mal acabara ele de oferecer o holocausto, eis que chega Samuel; Saul lhe saiu ao encontro, para o saudar. Samuel perguntou: que fizeste? respondeu Saul: vendo que o povo se ia espalhando daqui, e que tu não vinhas nos dias aprazados, e que os filisteus já se tinham ajuntado em Micmás, eu disse comigo: agora, descerão os filisteus contra mim a Gilgal, e ainda não obtive a benevolência do SENHOR; e, forçado pelas circunstâncias, ofereci holocaustos. Então, disse Samuel a Saul: procedeste nesciamente em não guardar o mandamento que o SENHOR, teu deus, te ordenou; pois teria, agora, o SENHOR confirmado o teu reino sobre Israel para sempre.”
(I Samuel 13:8 ao 13)
            Mais uma vez Saul estava no lugar certo, estava em Gilgal, o lugar de memória, aliança, mudança e encontro. Ele desejava fazer o que era certo, oferecer sacrifícios ao Senhor, mas por diversos motivos, alguns os quais encontramos neste segundo texto, Saul não esperou Samuel.
            Talvez para Saul oferecer sacrifícios se tornou algo tão comum e tão rotineiro que ele já sabia exatamente tudo o que precisava fazer. E tinha também o povo, o que eles estariam falando após esta demora em iniciar os sacrifícios. Alguma coisa precisava ser feita. Provavelmente isto tudo se passou na cabeça de Saul antes que ele optasse em fazer o sacrifício.
            Muitas vezes depois do encontro com Deus nos acostumamos com o que devemos fazer a passamos a nos preocupar com as pessoas que estão nos olhando realizar a obra do Senhor, e passamos a realizar toda a obra de uma maneira mecânica. Isto não é aceito pelo Senhor.
            Deus não está interessado naquilo que você faz, mas no tempo que você passa com Ele. A vida que o Senhor tem para cada um de nós não é uma vida de servos, mas de amigos.
“Já não os chamo escravos, porque o escravo não sabe o que seu senhor faz; mas eu os chamei amigos, porque tudo o que ouvi de meu Pai eu lhes fiz conhecer.”
(Yochanan [João] 15:15 NTJ)
            O escravo faz porque deve, é o religioso (Is 1). O amigo faz porque se relaciona.
            Tudo aquilo que fazemos para Deus não deve ser realizado procurando alcançar algo diante de Deus. Nada do que fazemos será pago de algum modo por Deus. Tudo nos é concedido pela graça e misericórdia do Senhor. Antes, aquilo que fazemos para Deus deve ser feito como fruto de nosso relacionamento com nosso Senhor.
            Se você está passando por dificuldades e não sabe como sair delas, Deus está te chamando para um real encontro com Ele. Ele vai transformar a sua vida. O poder de Deus manifesto sobre você te capacita a passar por esta dificuldade e vencer.
            Se você está em Gilgal, fazendo a obra de Deus, indo à igreja, mas esta longe de Deus, Ele te chama a ser intimo, a ser amigo, a se relacionar.
            Deus está te chamando para perto. Somente Deus traz sentido a tudo aquilo que fazemos. 

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